Autor(a): Sophie Kinsella
Editora: Record
N° de páginas: 384
Narração: 1° pessoa 

Sinopse: 

Em "O segredo de Emma Corrigan", Sophie Kinsella segue a receita que fez da série Os delírios de consumo de Becky Bloom sucesso de público  foram mais de 35 mil exemplares vendidos só no Brasil — e crítica. Com humor e muito charme, ela nos apresenta a Emma, uma inglesa perto dos 30 anos, mas longe de uma definição de vida. Na memória ela guarda situações ultraconfidenciais: como perdeu a virgindade enquanto os pais assistiam Ben-Hur na sala de TV, o que pensa sobre o namorado, as peças que prega nos colegas de escritório, seu peso real. 

Sinceramente, acho que estou me encontrando em um novo gênero, assim como sou simplesmente apaixonada por romances históricos, estou literalmente caindo de amores por chick-lits. O livro todo é maravilhoso, com ótimos diálogos e personagens que nos conquistam nas primeiras páginas. Sophie Kinsella pega em um ponto bem específico quando se propõe a falar sobre segredos, daqueles que todo mundo tem, mesmo que você jure ser a pessoa mais sincera do mundo. Todas as pessoas, escondem algo, mesmo que seja quando você quebrou o copo do liquidificador e tentou juntar os pedaços e fingiu que nada tinha acontecido (desculpa, mãe).
Essa foi a minha primeira experiência de fato com a escrita de Sophie, só tinha assistido o filme de "Os delírios de consumo de Becky Bloom" e sabemos que nunca vai ser a mesma coisa que um livro. O que mais chama atenção e envolve o leitor é porque a escrita é simples (e isso é um elogio), se tornando muito dinâmica e verdadeira. Acho que "verdadeiro" é a palavra que descreve esse livro, com todo o fracasso que a vida adulta pode gerar, com todas as nossas inseguranças e em como nos prendemos em situações constantemente porque simplesmente não sabemos que caminho ir, e assim, nos deixamos influenciar por ambientes tóxicos, onde um grande números de pessoas apenas deseja a sua derrota.
Emma é uma garota comum, e isso nada de mal tem, pelo contrário, acho fantástico. Ela fala pelos cotovelos e está constantemente pensando em coisas malucas, tem um namorado legal, mas ele é meio sem graça, e está insegura sobre muitas coisas, principalmente por ter sido deixada de lado pelos pais e sempre está de alguma forma sendo diminuída pela prima e o seu marido, que rir das suas diversas carreiras e faz piada com a sua vida.
"— Claro que disseram! — Posso ouvir a histeria na minha voz. — Eles não diriam exatamente: "Certo, pessoal, é isso aí, vocês todos vão para o beleléu!" — O avião dá outro salto aterrorizantes e eu me pego agarrando a mão do sujeito, em pânico. — A gente não vai sobreviver. É isso. Estou com 25 anos, pelo amor de Deus. Não estou pronta. Não realizei nada. Não tive filhos. Nunca salvei uma vida...— Meu olhar cai aleatoriamente na matéria sobre "30 coisas antes de fazer 30 anos".— Eu ainda não escalei uma montanha, não fiz tatuagens, eu nem sei se tenho um ponto G..."
Todas as inseguranças que ela carrega foram muito bem compreendidas por mim, principalmente na parte que ela fica nervosa para ter um encontro e sai em disparada para depilar as pernas. É desse tipo de normalidade que sinto falta nos livros de hoje. Outro ponto muito importante para mim é que Jack é um cara sensacional, o mesmo cara que ela contou todos os seus segredos no avião, e que por acaso é podre de rico e seu chefe, tem um toque de diversão e uma vontade de ver o real das pessoas que instiga muito. Ele, com seu puro charme e tom que desbanca qualquer modelo, é totalmente diferente do que vários livros pregam por aí, com o CEO da empresa sendo uma máquina de músculos, com tom arrogante que até dói e uma coleção de carros. Se bem que ele tem uma coleção de carros, mas não acontece aquele fetiche todo, onde a personagem principal fica: "Oh meu Deus, como ele é rico e poderoso". Ele só é um cara muito legal, que instiga toda a verdade em Emma.
Acredito que desde a sinopse dê pra perceber que os dois uma hora ou outra vão acabar se envolvendo, e é uma relação muito bonita, porque enquanto muitos tratavam Emma com desprezo e falsidade (inclusive sua prima), ele gostou dela exatamente daquele jeito, sabendo todos os seus segredos, e de como ela é, toda maluca e engraçada.
 "— Segunda, 7 da manhã. — Ele lê em voz alta. — Corrida rápida ao quarteirão. Hora do almoço: aula de yoga. Tarde: fita de pilates. Sessenta abdominais. — Ele toma um gole de uísque. — Muito impressionante. Você faz tudo isso? — Bem — Digo depois de uma pausa. — Não consigo exatamente fazer todos...quero dizer, eu fui muito ambiciosa...você sabe...é...pois é!"
Porém, o livro não se trata só disso. A obra em si fala muito sobre como somos falhos, isso em relação a amigos, parentes, namorados, etc. E às vezes escondemos tantas coisas apenas para agrandar ao outro, e isso muitas vezes acaba dando aquela "torta de climão" no natal, onde todo mundo é um pouco falso. Apesar de Emma ser uma garota comum, daquelas que mentem até o próprio peso, ela não deixa de ser uma mulher forte, que sabe que deve ser valorizada, mesmo com todas as suas inseguranças, pois mesmo em diversas situações, nós temos a terrível mania de sempre pôr o peso da culpa nos nossos ombros. Acredito que temos muito com o que aprender com Emma Corrigan, com Jack Harper, e todas as amigas malucas (uma inclusive que não é amiga de ninguém) de Emma, e que não devemos ter vergonha de quem somos, pois isso é o que nos faz reais e únicos.
Por fim, fiquei muito feliz em saber que em breve terá uma adaptação para o cinema, produzido e protagonizado por Alexandra Daddario (que mulher maravilhosa) e que poderemos desfrutar dessa maravilha na telona.
O segredo de Emma Corrigan entrou para a lista dos meus livros favoritos e me deu a certeza que todos escondemos alguma coisa de alguém.


          

Nota: O blog fez 5 ANOS! Já faz uns dias desde a data (dia 7/12), e acabou que eu e a Letícia nos esquecemos totalmente. Só queria dizer que apesar de tantos problemas, o blog tem sido uma das coisas por quais eu mais me orgulho e é incrível ver em como mudamos de tantas formas, e melhoramos, ainda bem. No fim, recomendo que não leiam os textos do primeiro ano do blog, eles são bem vergonhosos!
                                                          




My body, my fucking rules.



Quando disseram que você não era capaz porque era apenas uma menina. Quando disseram que você não podia brincar com carros e bola, pois era frágil e se machucaria. Quando reclamaram que você não estava usando brincos e toda menina usa. Quando brigaram com você por ter falado uma palavra “feia” e não disseram nada quando seu irmão disse a mesma coisa (e ainda pior!). Quando compraram sua primeira sandália alta e você, mesmo sem gostar, usava, porque te disseram que meninas fazem isso, obedecem. Quando te deram de presente acessórios de cozinha de brinquedo, como panelinhas, pratos e vinha até com uma pia, mas a sua relação com a cozinha era mais sobre você poder comer tudo o que tivesse vontade.
Quando seu pai disse que você só namoraria aos 18 anos, mas encorajava seu irmão a beijar as “menininhas” da escola. Quando sua mãe falou para você usar mais vestidos, porque precisava parecer mais “mocinha”. Quando você tinha a primeira festa de 15 anos para ir e quiseram alisar seu cabelo – doía, mas você ouviu que “para ser bonita, precisa sofrer” e se contentou com aqueles puxões e deixou que queimassem seus cachos. Quando você começou a desenvolver seu corpo e tinha vergonha de mostra-lo porque alguém disse que você já tinha o corpo de uma mulher formada. Quando disseram que você precisava fazer academia, para ter a cintura de Barbie – mesmo que ninguém tenha perguntado se você queria a tal cintura.
Quando você surtou porque seu irmão podia ir para a festa, mesmo sendo mais novo que você, e você não pôde porque alegaram que não é coisa de menina. E quando disseram, depois desse surto, que você não arranjaria namorado nenhum com aquelas crises.
Quando você teve o seu primeiro beijo e o menino espalhou para a escola inteira que você deixou que ele tocasse em você, mesmo que fosse mentira, e todos julgaram-na de puta – mas ele foi vangloriado. Quando você começou a namorar e o cara era ciumento, possessivo, não queria nem que você tivesse o contato de amigos homens no telefone e você não percebeu, mas ele falava mal das suas amigas para que você não acreditasse nelas quando elas dissessem que esse relacionamento era péssimo para você.
Quando seu pai traiu sua mãe e todos na família disseram que ela devia ter "segurado" ele melhor. Quando você e seu namorado tiveram a primeira vez de vocês e ele achou que você tinha amado, mas na verdade, ele tinha te tratado como um mero objeto. Quando você descobriu que ele não te amava, só queria sexo e sumir na manhã seguinte.
Quando você foi chamada de puta mais uma vez, mas pelo seu pai, que descobriu que você transou antes do casamento, debaixo do teto dele, mesmo que o seu bendito irmão levasse uma menina nova toda semana para casa.
Foram todas as vezes em que você se moldou, se sacrificou e foi apedrejada por ser mulher. Foram as vezes em que tentaram jogar em você padrões e tradições que criaram para nos controlar, nos deixar de fora desta coisa toda de comandar o mundo. Acontece que você pôde perceber, depois, que você nunca precisou ter a cintura de Barbie, que você tinha mais caráter do que o seu irmão, que sua mãe merecia ser tratada como toda mulher merece, que você queria ter prazer ao fazer sexo, que queria estar em um relacionamento e se sentir livre e respeitada (o mínimo, é claro), e que seu corpo, assim como a sua mente – o que, depois, também vimos que são uma coisa só – merecem ser contemplados, valorizados, preservados como preciosidades.
Você jogou fora todas as saias que tinha no armário, parou de usar brincos e engordou alguns quilos. Abriu mão dos números. Conheceu pessoas legais, que só te chamavam de “amor” e coisas assim. Arranjou vários namorados e namoradas, mesmo que ainda surtasse vez ou outra. Machucou os joelhos várias vezes quando descobriu que amava jogar futebol, mas caía sempre, pois nunca deixou de ser desastrada e aquilo já não era mais um problema. Abraçou mais as causas de suas amigas e de outras mulheres, entendendo que todas elas, em algum momento da vida, sofreram e sofreriam de pressões sociais pelo simples fato de serem mulheres; e muitas vezes, não podem nadar contra a maré, como você fez. Nunca mais deixou que encostassem uma prancha no seu cabelo, os cachos pareciam ser uma metáfora sobre a sua vontade (e o cumprimento dela) de ser livre.
Você ainda tinha várias questões consigo mesma, inseguranças e paranoias que seriam difíceis de cicatrizar e renderiam longas sessões com o seu terapeuta. Mas foi quando você se soltou das algemas que te prendiam em um ideal de mulher perfeita, depois de muita luta e muita dor, que você se tornou a mulher mais feliz e a única dona do seu mundo.

              


National Geographic Traveler 2012
(via Pinterest)

Hoje tomei banho de chuva.
Foi engraçado porque já fazia muito tempo que eu não deixava de abrir o guarda-chuva. Tomei por livre e espontânea vontade, em um impulso, completamente diferente de quando eu era criança e era regra me molhar se começasse a chover – sabe como é, né, cidade do Nordeste...
A questão é que eu estava ali, deixando a água cair em mim, pensando como era louco o fato de que parecia chover muito mais do que de fato caía água na minha pele. Mas ali, olhando para o céu, eu também pensava como era ainda mais louco que eu estivesse achando incrível demais que seja possível cair água do céu, ainda que eu saiba das explicações científicas e tudo mais. Eu, que rio da cara de criacionistas (com todo respeito) com meus polegares opositores, estava ali, admirando a água que cai do céu, gelada, abundante.
Os fenômenos naturais sempre me alcançaram de formas diferentes. Nunca foi apenas chuva, nem apenas estrelas cadentes e arco-íris. Parecem ser mais que isso.
Quando me reencontro com gotas de chuva, meu queixo batendo de frio, eu penso que reencontro meus sonhos que deixei para trás, na última vez que tomei banho de chuva. É incrível me perceber diferente hoje, com o cabelo mais indeciso, a pele passando por várias mudanças, uma tatuagem, a cabeça com várias novas ideias e algumas reconfiguradas, posso dialogar facilmente sobre autoestima e relação com o corpo, defendo causas que antigamente me pareciam distantes... Talvez só as unhas mantiveram-se pintadas de preto. Provavelmente, isso será a última coisa que mudarei em mim.
Eu me sinto ótima em saber que não preciso de muito para me colocar no eixo. Sem falar na felicidade que tenho em vestir a roupa quentinha depois, pegar no cabelo molhado e ter a certeza de que, se eu me perder, virão outros dias de chuva. Mesmo que demorem e que fique muito quente antes de finalmente esfriar, a água vai cair. Vou sentir tudo de novo.

                                

Autor(a): Carol Sabar 
Editora: Jangada 
Nº de páginas: 368
Narração: 1° Pessoa

Sinopse:

Parada num engarrafamento no Rio de Janeiro, Bia está pensando em sua vida azarada. O motorista do carro ao lado, tenta se comunicar com ela, mas Bia não o reconhece. Então, ele sai do carro, mas não tem tempo de se explicar, pois começa um violento tiroteio e eles se jogam lado a lado no asfalto. Certa de que está prestes a morrer, Bia entra em desespero e se prepara para dizer suas últimas palavras, na esperança de que seu suposto desconhecido possa levar um recado a Guga, seu amor da adolescência, sem perceber que é ele próprio que está ali, ouvindo a inesperada declaração de amor! Os dois escapam juntos do tiroteio e, a partir daí, começam a se envolver, dia após dia. Guga, sem coragem de assumir sua verdadeira identidade, e Bia, feliz consigo mesma por finalmente estar se apaixonando por alguém que não é o Guga. Nunca uma maré de azar foi tão engraçada!

"Azar o Seu!", foi uma maravilhosa surpresa para mim. Nunca havia entrado em contato com os livros da Carol Sabar, e foi muito bom saber que temos esse potencial brasileiros para livros chicklit. Acredito que por "n" motivos criamos um certo distanciamento da literatura brasileira em geral, e fora a Paula Pimenta e outras autoras que estão na grande mídia, é difícil ver estórias assim em destaque nas livrarias, o que ocasiona no total desconhecimento dos leitores por essas obras.
Efim, se você gosta de Sophie Kinsella, com certeza vai adorar esse livro. A estória em si é muito divertida, com a personagem principal, Bia, fazendo ótimas tiradas e e rindo da própria desgraça. O que diverte e causa reconhecimento com o leitor, principalmente por ser uma leitura de certa forma mais madura, encarando uma vida cheia de tropeços e não com uma visão pura de como a vida adulta é, e sim a encarando com as marcas que ela pode causar. Como o fato da personagem está em situação de desemprego, com dívidas e mais dívidas e ainda ter que aguentar uma entrevista de emprego com um assediador.
A relação dela com o Guga, é de certa forma muito juvenil, surgindo naqueles amores que nos deixam nervosas e ansiosas para a próxima mensagem. Foi uma grande sacada da autora o fato dele não se revelar como Guga e cria um ambiente de expectativa para o momento da revelação ao leitor. 
Uma das coisas que não sentimos diretamente quando lemos um livro estrangeiro, é a identificação com o local e as piadas, e mesmo os jogos infantis. Para mim foi muito acolhedor quando a personagem citou um jogo de criança que era aquele de escolher três futuros maridos, a cidade na qual você vai morar, se será rica, milionária, pobre, a quantidade de filhos, etc. Esse era o tipo de brincadeira que fazia com as minhas amigas quando tinha onze anos, então ver aquilo escrito na página do livro me fez ter um quentinho no peito. Fora as referências ao Faustão e toda a nosso sistema de televisão que são maravilhosas. 
Jura? Eu me emocionei e, com a voz fraquinha, até me empolguei: Então encontre ele! Encontre o Guga! Entre nos pensamentos dele, na alma dele. Fala para ele que morri pensando naquele beijo e que, no fundo do meu coração, por mais que ele tenha feito questão de me esquecer...ele nunca me ligou, nunca parei de me perguntar por que ele nunca quis saber de mim...Sempre tive um sonho secreto em que ele voltava para o Brasil e me mostrava a explosão sexual do prazer."
O que mais me atraiu no livro na realidade, é a verdade que ele trás. Estou cansada de ler livros em que as personagens principais são no estilo modelo da Victoria's Secrets e não tem um furinho na bunda. A Bia, o seu pai, Joana, Raíssa, são todos reais, inclusive a mãe plastificada de Guga e Raíssa, eles são os típicos personagens que a gente pode encontrar e até conhecer. Bia, sendo aquela amiga engraçada e azarada; o seu pai, o senhorzinho legal que todo mundo adora; Joana, aquela mulher forte e decidida super simpática; Raíssa, a colega de classe rica, que apesar de sempre ter tido tudo, é muito legal e a mãe plastificada que só liga para o novo preenchimento labial que saiu e uma nova cirurgia plástica que dê uma empinada na bunda. Nós estamos muito acostumados a ler sobre a garota perfeita e o cara mais perfeito ainda, e a realidade é importante, principalmente porque não vamos enxergar essa perfeição nos olhares que cruzarem com o nosso na rua, as pessoas são falhas. Estamos muito vidrados no caminho da perfeição, onde a barriga é durinha e não tem nenhuma dobra, a virilha é muito bonita e não tem uma marca, e que acordamos a 7 da manhã, com uma lingerie sensacional e os cabelos que acabaram de sair de uma propaganda. Isso é pura idiotice! 
Mas voltando, a estória em si, apesar de ser engraçada, vai falar como deixamos ir muitas coisas por pura insegurança, seja amores, oportunidade etc. Exatamente porque duvidamos tanto de nós, que travamos e pensamos que não somos bons o suficiente, e isso é lindamento expresso em toda a confusão sentimental que passa pela vida de Bia. 
Agora vamos falar de Guga, eu adoro que ele seja músico, porque enfim, amo músicos e eles sempre têm um charme a mais e o fato de que na adolescência, ele fosse cheio de espinhas. Certo que ele agora está lindo e maravilhoso, e todos os adjetivos que podem usar para caracterizar um cara gato. O bom, é que além de lindo e super irresistível, ele tem um ótimo senso de humor, não se tornando aquele cara cheio de músculos (o que ele não é) que só pensa com a cabeça de baixo. O bom é que ele também erra, personagens masculinos perfeitos demais me irritam, porque o que mundo tá vendendo é bem diferente disso. Porém, os erros são perdoáveis e todos amarram a narrativa lindamente.
"A gente nasce, cresce, se ilude, se reproduz, se ilude de novo, quebra a cara. Depois a gente morre. Muitos de nós, inclusive, morrem sem se reproduzir. Sem se iludir ou quebrar a cara? Jamais."
"Azar o Seu!" é um livro que recomendo para todo mundo que quer se voltar para a leitura nacional e quer fugir dos clássicos, além de esquecer todo o drama das milhares de outras estórias e se permitir passar um tempo gostoso, na companhia de Guga e Bia. Garanto que vai te render boas risadas. Leiam mais livros nacionais, gente! E vamos apoiar esses autores que fazem um trabalho maravilhoso e infelizmente não são tão divulgados quanto merecem. A Carol Sabar, tem mais algumas obras e espero está de volta em breve com mais uma resenha desta autora para vocês. 

"— Sorry, moço! — Levantei o braço quando o motorista buzinou irritado. — Eu sou da roça!"


         




 




Niguém solta a mão de ninguém. arte da Tereza Nardelli

Às vezes, parece que não aconteceu; eu volto para aqueles dias em que estávamos entre os dois turnos e o clima ainda permite uma esperança viver. Isto nunca foi tão real: ela é a última que morre. Sua morte trouxe más notícias; ele ganhou. E eu acredito que a esta altura, você saiba sobre quem estamos falando. Sim, ele, a vitória de quem não foi feliz para as pessoas sensatas. Desde o resultado, eu não consegui desejar boas coisas para os próximos anos. Não consigo torcer para que ele, pelo menos, não faça coisas tão ruins. Eu só sinto medo e é por isso que eu demorei tanto tempo para conseguir escrever.
Sinto medo por mim, pelos meus amigos, pelo meu namorado, pelas minhas irmãs, parte da minha família... Muitas pessoas ao meu redor sofrem por conta do preconceito e do ódio que ele prega. Eu ensaiei vários discursos sobre o que eu sou (envolvendo a formação de professora e o ser mulher) e sobre o que eu acredito, coisas que justificassem o fato de eu ser contra tudo o que ele diz, mas agora eu sei que nada disso é necessário. Basta que eu seja humana e defenda os direitos de todos, eu já não posso concordar com metade do que ele representa, assim como eu não podia me dar ao luxo de lavar as mãos e tratar esta eleição como "tanto faz".
Foi decisivo saber quem votou nele. Mostrou a verdadeira face de alguns que eu não fazia ideia de quem eram. Tornou irreversível alguns conflitos e, sinceramente, não me arrependo. Pelo menos não por enquanto, que ainda estou ferida por tanta bobagem que ouvi, vi e li. Talvez, daqui alguns anos, eu até queira voltar a falar. E será por dois motivos - apenas por eles: para dizer que eu estava errada, que ele não foi tão horrível quanto sinto agora que será; ou para dizer que eu estive do outro lado e, assim, certa pela minha decisão. Na verdade, uma correção: nas duas situações, eu sinto orgulho do lado que escolhi. Sinto orgulho dos movimentos, da resistência, da corrente que foi criada e eu espero de todo coração que não se quebre por qualquer circunstância. É agora que precisamos apertar mais a mão, fortalecer mais os pulsos. Nós precisamos apoiar os que estão mais desamparados, mas precisamos nos deixar chorar também. São tempos muito difíceis para todos nós que sentimos por isso. Os que não sentem ainda, não sabem, mas sentirão também. Pode não parecer no princípio, mas o ódio machuca tanto o destinatário quanto o remetente.
Estou tentando pensar um pouco como Dumbledore, que em uma de suas primeiras falas já nos encoraja a chamar o nosso medo pelo nome que lhe foi dado. Talvez seja a hora de encarar e pensar em outras formas de resistir a estes tempos. Nós somos #EleNão. Lutaremos para que Bolsonaro não tire nossa voz.

               As ilustrações simplificadas e sensíveis, em preto e branco, de Anna Macht #ilustração #gif #annamacht #feminism




Amar é verbo e verbo é uma ação. Isso é português básico, mas acredito que haja uma variável grande em relação a essa palavra e muitas outras. Elas estão deixando de ser verbo e partindo para o substantivo, aquele que é só nome e nada faz. Eu já quis demais, me apaixonei por muito tempo, e isso tudo ficou guardadinho dentro do meu peito, tornando todas as palavras e sentimentos que requeriam ação, se tornarem simples nomes. 
E eu fiquei parada e temo dizer que talvez ainda esteja assim. Desejando ele, querendo ele e me apaixonando novamente, porém, calando todos esses sentimentos, como se lançasse um feitiço e eles tivessem que permanecer parados, presos dentro de mim e nunca de fato alcançando o seu objetivo. Provavelmente é medo. Medo de tornar isso tudo real e perceber que não é nada igual aos meus sonhos e imaginação, e que talvez meu coração fique em pedacinhos. Nessas horas é engraçado, pois me pergunto: De alguma forma ele já não está em pedaços? E eu digo que provavelmente é melhor assim, com um coração quebrado, ações em pausa e uma dignidade intacta. 
Não é como se eu quisesse um amor de cinema, onde tudo é perfeito e até o sol fica na temperatura correta para um dia com um encontro ideal. Sinceramente, eu simplesmente quero não querer, não quero deixar essas palavras guardadinhas, quero que elas parem de existir por um tempo no meu vocabulário. Não quero mais está apaixonada por ele, porque sei que continuarei parada e não vou fazer nada para que tudo o que eu imagino se torne realidade, e no fim, estou cansada, levando um peso em meu coração que parece pesar toneladas. Talvez isso venha do fato de mesmo ele não querendo me machucar, tenha feito isso demais e por eu ser puro exagero, ter triplicado todo esse sentimento. As mensagens não respondidas, o descaso com alguém que é pura molecagem, e gosta de gostar das pessoas. No fim, fico triste e despedaçada por ter caído nessa novamente, em uma história sem sal de dois adolescentes que simplesmente não fazem nada, que o "ele" e o "eu" não conjugam verbo algum. O meu "eu" não foi por falta de querer, quis tanto que no final se tornou nada. E ele, acredito que nunca nem pensou em conjugar esse verbo comigo.

                                                     


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(via Pinterest)

"Você não pode protegê-lo de se magoar, querida, não importa o que faça. Ser vulnerável, deixar pessoas se aproximarem, se magoar... Tudo isso é parte de estar apaixonado." 

Agora e para sempre, Lara Jean

Autora: Jenny Han
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 304
Título original: Always and Forever, Lara Jean

Sinopse: Em Para todos os garotos que já amei, as cartas mais secretas de Lara Jeans - aquelas em que se declara às suas paixonites platônicas para conseguir superá-las - foram enviadas aos destinatários sem explicação, e em P.S.: Ainda amo você, Lara Jean descobriu os altos e baixos de estar em um relacionamento que não é de faz de conta.
Na surpreendente e emocionante conclusão da série, o último ano de Lara Jean no colégio não podia estar melhor: ela está apaixonadíssima pelo namorado, Peter; seu pai vai se casar em breve com a vizinha, a sra. Rothschild; e sua irmã mais velha, Margot, vai passar o verão em casa. Mas, por mais que esteja se divertindo muito - organizando o casamento do pai e fazendo planos para passeios de turma e para o baile de formatura -, Lara Jean não pode ignorar as grandes decisões que precisar tomar, e a principal delas envolve a universidade na qual vai estudar. A menina viu Margot passar pelos mesmos questionamentos, e agora é ela quem precisar decidir se vai deixar sua família - e, quem sabe, o amor de sua vida - para trás.
Quando o coração e a razão apontam para direções diferentes, qual deles se deve ouvir?

São 3h09 da manhã e eu acabei de terminar de ler a última página do fim da trilogia que me provocou risos e lágrimas em uma história pela qual eu não daria tanto pela capa - então, Netflix, obrigada pelo filme. Esta resenha está um pouco distante das outras porque a faculdade não me permite ler tanto livros sem ser voltados para ela quanto eu gostaria, mas vez ou outra eu me permito tirar um tempo para mim. E decidi por essa semana, que estou sem aulas e me bateu saudade de um dos meus casais favoritos da ficção - e um pouquinho a mais de Peter Kavinsky.
Neste livro, nos deparamos com uma Lara Jean diante de grandes decisões. É chegado aquele momento entre o ensino médio e a faculdade, em que estamos apreensivos com as admissões e com o que queremos para a vida, ao mesmo passo em que estamos nostálgicos, com aquela sensação de "é agora que a vida começa" (apesar de que acredito realmente que ela já começou bem antes disso), em que todos os seus amigos estão tomando o rumo de suas vidas e você só queria ficar mais alguns instantes com eles.

"Já ouvi gente falando que você conhece seus melhores amigos na faculdade, e que são esses que ficam ao seu lado a vida toda, mas tenho certeza de que eu e Chris permaneceremos próximas a vida toda também. Sou uma pessoa que guarda coisas. Vou estar com ela para sempre."

Estamos juntos de LJ quando ela tem uma grande quebra de expectativa, fazendo uma enorme curva no caminho para o futuro que ela já havia planejado junto de Peter. Mas, mais tarde, percebemos como esse obstáculo foi importante para o amadurecimento não somente dela, mas do relacionamento deles. Uma outra questão neste livro é a expectativa para a primeira vez da protagonista, que está se equilibrando na linha tênue entre fazer para encerrar um ciclo e fazer porque ama Peter. E, Jenny Han, você toma meu coração quando resolve essas questões como se estivesse vivendo na cabeça de uma adolescente e, simultâneo a isso, na cabeça de uma adulta. 
Encontramos uma Lara Jean mais madura, com uma cabeça menos confusa do que no segundo livro - ainda que não seja totalmente decidida. Bom, pelo menos do meio para o final, eu mesma senti orgulho de vê-la tomando suas decisões e sabendo escolher exatamente o que seria melhor para ela e para Peter, sem que precisassem abdicar de seus sonhos, nem um do outro.
Kitty também está mais madura, mas continua sendo aquela menina implicante que ora odiamos, ora amamos. Confesso que a amei muito neste livro. E Margot... Bem, Margot também segue sendo um pouco chata (prevalecem os momentos em que não gosto tanto dela), mas ela se mostra mais vulnerável, assumindo sentimentos que eu não imaginei que a personagem pudesse algum dia. Peter está... Ainda mais Peter. Lindo, charmoso, amável, como Lara Jean nos desenha o seu namorado. É impossível não nos apegarmos ainda mais a ele, que também demonstra um pouco de suas fraquezas e se encontra ainda mais apaixonado por Lara Jean.
Se no primeiro livro eu me identifiquei com Lara Jean, no terceiro eu quis abraçá-la como uma forma de cumplicidade. Ela está ansiosa e com muitas questões, as quais eu mesma vivenciei e algumas estou aprendendo a lidar até hoje, no segundo semestre da faculdade. 

"É assim que acontece? Você se apaixona e nada mais parece assustador, e a vida é apenas uma grande possibilidade?"

Acho importante ressaltar também como os três livros desenham bem a trajetória de um relacionamento, ainda que o deles tenha começado como uma mentira. A primeira fase, da paixão; a segunda, de conhecer melhor e mais profundamente o outro (que pode gerar conflitos); e a terceira, de amadurecer, juntos e individualmente. Não quer dizer que a terceira é a última, mas ela é crucial e tão importante quanto as outras. 
Posso me arrepender do equívoco a seguir, mas eu me apresso em dizer que este é o meu favorito dos três - apesar de que amo o clima do primeiro, com as cartas e o início da paixão. Eu gosto como Peter está presente e o enxergamos melhor. Conseguimos entender o porquê de Lara Jean ser apaixonada por ele. Conseguimos também ver o lado dele, as dificuldades que ele está enfrentando, os limites que ele pretende ultrapassar - se forem precisos - para fazer tudo por ela, mesmo que ele tenha o próprio jeito de declarar isso, sem colocar todas as cartas na mesa de uma vez só. E eu não estou dizendo que todos nós precisamos fazer o possível e o impossível por quem amamos, vai de cada um a melhor forma de agir; mas é boa a sensação de ver a mudança do Peter do primeiro livro para o último. Confiamos, assim como Lara Jean, muito mais nele agora. E só sabemos torcer para que tudo dê certo entre eles. 
Afinal, o terceiro livro é sobre acreditar no amor. Por mais que tentemos, é difícil planejar uma vida inteira. E mais difícil ainda é ser resiliente quando a nossa zona de conforto é totalmente retirada de nós (imagine só quando somos nós que decidimos sair dela). E é sobre acreditar no amor porque, no fim, é ele o significado de tudo. É por amor que fazemos, é por amor que mudamos. Seja por outra pessoa, por nós mesmos, o que for. 

"Contrato retificado de Lara Jean e Peter (...) Peter vai amar Lara Jean com todo o coração, para sempre."

A trilogia me envolveu e eu terminei com aquele gostinho de quero mais. Não porque ficou faltando alguma coisa, mas porque eu me diverti lendo e queria ter essa sensação por mais tempo. Se você tem um tempinho e gosta de romances leves, eu sigo indicando a história de Lara Jean. Terminei o terceiro chorando - em partes porque eu choro com praticamente tudo - e não nego que vez ou outra ainda me pego assistindo mais uma vez ao filme para ter a imagem dos atores mais vívida e imaginá-los nas cenas dos livros que não foram adaptadas. Retorno a dizer que eu nunca teria lido os três se fosse olhar apenas para a capa. Então, obrigada, Lara Jean, por ter me conquistado por suas palavras e confusões que eu entendo e me identifico. Agora e para sempre.


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É óbvio que eu nunca conseguiria saber que existe uma continuação de "Para todos os garotos que já amei" sem procurá-la também. É outro exemplo de capa que nunca me conquistaria, mas sabendo do histórico de escrita de Jenny Han, com a leitura leve e que me prendeu por completo, com P.S.: Ainda amo você não foi diferente. Eu precisei de 1 dia apenas para tudo e o engraçado é que, para mim, o primeiro ainda foi melhor...

P.S.: Ainda amo você

Autora: Jenny Han
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 304
Título original: I still love you

Sinopse: Lara Jean sempre teve uma vida amorosa muito movimentada, pelo menos na cabeça dela. para cada garoto por quem se apaixonou e desapaixonou platonicamente, ela escreveu uma bela carta de despedida. Cartas muito dela, muito pessoais, que de repente e sem explicação foram parar nas mãos dos destinatários.
Em Para todos os garotos que já amei, Lara Jean não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Peter Kavinsky, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais. Agora, em P.S.: Ainda amo você, Lara Jean tem que aprender como é estar em um relacionamento que, pela primeira vez, não é de faz de conta. E quando ela parece estar conseguindo, um garoto do passado cai de paraquedas bem no meio de tudo, e os sentimentos de Lara por ele também retornam. 
Uma história delicada e comovente que vai mostrar que se apaixonar é a parte fácil: emocionante mesmo é o que vem depois. (via Livraria da Travessa)

Eu não sei como o li tão rápido. Nestas novas páginas, Lara Jean é um poço de desconfiança e insegurança total. A presença de Genevieve na vida de Peter, que agora é oficialmente e com toda a força seu namorado, a distancia de um amadurecimento considerável cada vez mais.

"Você me libertou, Peter. Me deu minha primeira história de amor."

Começamos com LJ finalmente tomando coragem de dizer a Peter o que verdadeiramente sente. Aparentemente sem medos e amarras ao seu mundinho particular de romances que não saem do papel. E Peter mostra que é recíproco, que ele realmente quer embarcar naquilo.

""Eu não sabia que você tinha um lado tão romântico." Meu tom é de brincadeira, mas estou falando sério. "Vai se acostumando", diz ele, se gabando. "Sei tratar bem uma garota.""

Mas como em toda sequência, alguma coisa tinha que acontecer para distanciar o meu mais novo casal favorito, outra vez. Não bastava a briga do primeiro livro, um dos destinatários daquelas cinco cartas precisava reaparecer. E ele precisava ser perfeito aos olhos de Lara Jean, sem ex-namoradas possessivas e todos os outros problemas que vinham no pacote Kavinsky
John Ambrose McClaren é o garoto que aparece com a carta de Lara Jean e eles começam a se corresponder. Peter, por sua vez, está envolvido ajudando a ex com problemas pessoais e isso coloca Lara Jean em uma bolha de ciúmes e desconfiança que mexe ainda mais com seu relacionamento e deixa as coisas... Incertas. John é um garoto realmente ótimo e substitui a figura de Josh, ausente neste livro, de um modo até natural. 

"Percebo agora que são as pequenas coisas, os pequenos esforços, que mantêm um relacionamento. E sei também que, de certa forma, tenho o poder de magoá-lo e também de fazê-lo se sentir melhor."

A sequência é sobre a construção - ou melhor, quase destruição - de um relacionamento que necessitava de uma base na confiança. É sobre ponderar uma paixonite antiga com um amor estruturado com veracidade. É sobre decisões maduras e suas consequências. Agora eu sei que li rápido porque eu precisava saber se eles ficariam bem, mas confesso que foi o momento de toda a história de Lara Jean que eu me senti mais distante dela, com todas as crises de ciúmes e as briguinhas desnecessárias. Foi o Muro de Berlim entre um Lara Jean e Peter Kavinsky, início de namoro e um Lara Jean e Peter Kavinsky, namoro sério. Não me identifiquei tanto com esta transição, mas foi importantíssima para ambos - principalmente LJ - para o que vinha depois. 

"Vamos fazer isso direito, Lara Jean. Vamos com tudo. Chega de contrato. Chega de rede de segurança. Pode partir meu coração. Faça o que quiser com ele."

Este livro é, literalmente, um convite para o terceiro, no sentido de "passagem" entre o que eles eram antes e o que se tornaram depois. Eu não fiquei tão alucinada com o enredo, com o rumo que as coisas tomavam. Lara Jean parece fora de si várias vezes e talvez ela estivesse mesmo. Mas, de qualquer forma, não foi de todo ruim. 
Um passo importante para a família é a decisão de Lara Jean e Kitty por encontrarem alguém para o pai, dr. Covey, ainda que Margot não fosse totalmente adepta da ideia. Isso me demonstrou um tanto de desprendimento daquela Lara Jean discípula de Margot. 
Eu sou bem suspeita para falar sobre Peter - mesmo que durante o livro várias vezes eu senti o meu coração se partindo -, mas ele está particularmente diferente (e melhor) com o passar do tempo. E mesmo que a minha experiência com o segundo não tenha sido das melhores, eu ainda não estou pronta para me despedir por completo dele e de Lara Jean.

"Se as duas pessoas estão destinadas a ficar juntas, elas vão encontrar o caminho uma até a outra."




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O filme chegou por estes dias à Netflix - não sei exatamente quanto - e caiu no meio popular como diversos outros filmes que vêm sendo lançados pela plataforma. Mas este, em específico, me colocou na palma da mãozinha quando fiquei sabendo que é a adaptação de um livro que compõe uma trilogia. E eu precisava saber um pouco mais sobre. 

Para todos os garotos que já amei

Autora: Jenny Han
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 320
Título original: To all the boys I've loved before

Sinopse: Lara Jean guarda suas cartas de amor em uma caixa azul-petróleo que ganhou da mãe. Não são cartas que ela recebeu de alguém, mas que ela mesma escreveu. Uma para cada garoto que amou - cinco ao todo. São cartas sinceras, sem joguinhos nem fingimentos, repletas de coisas que Lara Jean não diria a ninguém, confissões de seus sentimentos mais profundos.
Até que um dia essas cartas secretas são misteriosamente enviadas aos destinatários, e de uma hora para outra, a vida amorosa de Lara Jean sai do papel e se transforma em algo que ela não pode mais controlar. (via Livraria da Travessa)

O meu objetivo hoje não é falar sobre o filme. Acredito que muitas outras fontes, até melhores, podem ser encontradas sobre. 
Desde que a faculdade começou, eu não tido tanto tempo para ler coisas mais "leves". É artigo científico para cá, livro com léxico mais complexo para lá. Eu decidi que queria alguma válvula de escape. E no meio disso tudo, eu também estava na leitura de "Estive em Dublin e lembrei de você", emprestado pela Isabelle. Mas nada, há muito tempo, não me prendia como esta trilogia. 

Lara Jean Song Covey é uma adolescente comum à primeira vista. Apaixonada por livros, prefere ficar em casa com as irmãs e o pai a ir para uma festa como diversas garotas da sua idade. É a irmã do meio e por terem perdido a mãe muito cedo, as irmãs Song têm um quê de maturidade diferente. Margot, a mais velha, assumiu responsabilidades muito cedo e acabou sendo muito importante para a criação das irmãs. Só que agora ela vai viajar para a Escócia, fazer faculdade, e Lara Jean não sabe ao certo como será daí em diante. Margot sempre foi uma pessoa que deu a ela mais força, mais confiança em si mesma. As suas inseguranças durante o primeiro livro começaram daí. 

"Não são cartas de amor no sentido mais estrito da palavra. Minhas cartas são de quando não quero mais estar apaixonada. São cartas de despedida. Porque, depois que escrevo, aquele amor ardente para de me consumir. Posso tomar o café da manhã sem me preocupar se ele também gosta de banana com cereal; posso cantar músicas românticas sem estar cantando para ele."

Algo em Lara Jean talvez não seja normal para qualquer garota; para cada um dos garotos que já gostou na vida - cinco ao todo -, ela escreveu uma carta como espécie de despedida. Uma forma de deixar para trás aqueles sentimentos que, se trazidos para a vida real, a deixavam com medo. As cartas eram colocadas em envelopes, endereçadas, mas nunca enviadas. Guardadas dentro de uma caixa, esta escondida. Mas para a história acontecer, é claro que estas cartas deveriam parar nas mãos dos destinatários. 

"Se o amor é como uma possessão, talvez minhas cartas sejam meu exorcismo. As cartas me libertam. Ou pelo menos deveriam."

O que vem depois são as consequências destes romances que em grande parte se passaram no mundo das imaginações dela e uma das cartas até resulta em um namoro falso que é, então, o desenrolar da história. 
Lara Jean é muito apegada à família. É de crucial importância ter a aprovação de Margot, a amizade de Kitty (sua irmã mais nova) e o apoio do pai. De certa forma, a relação Margot-Lara Jean me deixou incomodada algumas vezes. Uma coisa é ter um carinho forte pela família, outra é deixar que a controlem ao ponto de a vontade deles valer mais do que a sua própria. E Margot, para mim, sempre teve um forte poder sobre Lara Jean, assim como sempre foi muito consciente disso. É algo que eu não consigo entender tão bem. 

"Irmãs deveriam brigar e fazer as pazes porque são irmãs, e irmãs sempre encontram o caminho de volta uma para a outra."

Dentre os destinatários das cartas, Josh Sanderson é ex-namorado de Margot e antigo melhor amigo de Lara Jean. A sua paixonite por ele durou até o exato ponto em que ela descobriu que Josh havia virado seu cunhado. Mas na confusão da carta, alguns sentimentos foram reacendidos. 
Mas a minha maior paixão deste livro é Peter Kavinsky, o namorado falso de Lara Jean. Tudo começa com o intuito de Peter fazer ciúmes à ex-namorada, Genevieve, e Lara Jean fazer em Josh. Porém, até mesmo isso sai do controle. Peter tem um crescimento ao longo da trilogia inteira que é o suficiente para nos apaixonarmos. E Lara Jean não foi exceção. 

"Por que é tão difícil dizer não para ele? Essa é a sensação de estar apaixonado por alguém?"

É bem possível que eu tenha gostado tanto assim porque me identifiquei com Lara Jean. Não é o tipo de livro que me chamaria pela capa, mas eu não me arrependi de ter dado uma chance. A coisa toda das cartas, da dificuldade com relacionamentos, da sua perspectiva sobre o amor; parece demais comigo. O livro é sobre como uma garota que, a princípio, morria de medo de viver um amor real, se entrega a ele como uma forma de descobrir a si mesma. É a hora do real. De falar sobre e viver coisas reais. Ela até me inspirou a fazer o mesmo, escrevendo as cartas. E é claro que eu fiz o que precisava fazer para nunca cair nas mãos de ninguém, estão seguras. Devorei o livro em dois dias - isso porque precisava ir para a faculdade, fazer trabalho e tudo mais. Realmente fiquei envolvida como sentia saudade de ficar. 
O livro é exatamente para você, que gosta de livro de romance adolescente e quer uma leitura leve e envolvente. Aconselho o filme também, se gosta do gênero. É fofíssimo e foi ainda melhor ter a imagem dos atores ao ler o livro - os personagens não são exatamente descritos fisicamente e eu amei imaginá-los como foram representados no filme. 

"O amor é assustador; ele se transforma; ele murcha. Faz parte do risco. Não quero mais ter medo."





I L S E J O S E

Mordeu a língua quando percebeu que metade daquele discurso empoderado cairia por terra porque não vivia o que dizia. Mandava que outros amassem, mas não se sentia amada por si mesma. Dizia para que militassem, segurassem suas bandeiras e lutassem suas próprias lutas – mas sempre que ouvia alguém com opiniões divergentes das suas e essa pessoa de alguma forma levantasse um ar de superioridade, geralmente uma hierarquia fundamentada no patriarcado, se calava, se encolhia, preferia guardar suas contra argumentações para seus textos e pensamentos.
Precisou criar coragem para se encontrar. Porque também é confuso se encontrar dentro da militância. É difícil segurar o que você defende e estar ciente do que não concorda. Depois disso, também é difícil possuir o discurso próprio dentro disso e se sentir seguro o bastante porque às vezes mesmo dentro do movimento, você se sente contestado, diminuído diante da militância de outros.
Ah! E ainda tem quem diminua sua luta em detrimento de outras. Porque não basta você se sentir menor, os outros contribuirão para isso. Morde a língua quem tem vergonha do que pensa e enquanto você estiver lutando por si, pelo seu espaço, não sinta medo. E sim, isso é para você, Letícia, que ouve seu pai falando do que ele pensa, discorda de tudo e tem medo de rebater. Isso é para você, Bruna, que ouve piadas gordofóbicas e cai na bobagem de pensar que precisa mesmo emagrecer pelos outros. É para você, Elis, que é perseguida por olhares masculinos na rua, com medo, e olha que você está de calça jeans e camiseta! Imagine! É para você, Marina, que tem jornada de trabalho tripla porque trabalha fora, é mãe e ainda tem uma rotina em casa porque seu marido não faz nada em prol do funcionamento doméstico. É para você, Júlia, que pretende adotar ao invés de engravidar para ser mãe e ouve que você está fugindo o que foi predestinado a você, como se alguém soubesse sobre o destino de qualquer pessoa. É para nós, mulheres, que somos vítimas de feminicídio todos os dias, da violência na rua e dentro de casa, do machismo por vezes entre nós mesmas. É por nós que precisamos agir. Precisamos de sororidade.
Precisamos parar de morder a língua pelos outros e gritar mais pelas mulheres que somos. Podemos e somos fortes demais. A mulher já conquistou muito, mas ainda é pouco em comparado a tudo que tiram e privam de nós. O feminismo não deveria ser coisa de mulheres que querem fazer parte de algum movimento, que são mais “rebeldes” (com causa!) e de meios mais informados. O feminismo, hoje, já é uma questão de sobrevivência.

Há umas semanas, Ariana Grande nos deu a graça do clipe de "God is a woman", repleto de referências de arte e do pop, e hoje, que eu fui atrás de mais significados, me acendeu a vontade para o texto. Eu me expresso muito, muito melhor escrevendo do que falando. E acredito que consigo até organizar melhor as coisas em que venho pensando quando coloco em palavras escritas. E pelo que tenho lido, assistido e ouvindo ultimamente, podem esperar mais textos do mesmo assunto e vamos praticar mais da sororidade, amigas. ♡



Lançada no Brasil pela Netflix, a nova comédia dramática da NBC é a indicação de hoje: Good Girls, que comprova o quanto a Netflix tem trabalhado dia e noite para nos manter trancados dentro de casa sem fazer absolutamente nada - além de assistir o máximo de filmes e séries possível. 

Comecei Good Girls sem saber nada acerca da história e foi surpreendente ir descobrindo a série sem saber de nada sobre as premissas em trailers e sinopses. Descobri depois que a promessa para ela talvez me interessasse apenas pelo trio feminino que o protagoniza, mas não indo muito longe ("três mães que decidem que o crime é a única forma de salvarem suas famílias.")
São 10 episódios sobre como 3 mães com famílias distintas passam por dificuldades financeiras (que ameaçam a guarda, a casa e até mesmo a vida de seus filhos) e decidem assaltar um mercadinho da região. O problema em questão é que o assalto acaba saindo mais longe do que elas esperavam e um turbilhão de consequências não calculadas (e que nem mesmo nós, espectadores, imaginaríamos) acaba dando sequência ao que se torna a vida no crime das três mulheres. 

Da esquerda para a direita: Ruby (Retta), Annie (Mae Whitman) e Beth (Christina Hendricks)

Um aspecto importante é a força feminina que é sempre levantada ao longo dos episódios. Apesar de estarem juntas nisso, as suas famílias possuem particularidades que também são abordadas e discutidas entre os personagens, como caso de traição do marido da Beth e a questão de gênero da filha da Annie. 
Não é uma história para quem quer realismos e eu confesso que, de início, eu considerava uma típica "série de fazer as unhas", porque você não precisa se apegar tanto aos detalhes. No decorrer dos acontecimentos, a profundidade dos "grandes problemas" ainda era um tanto quanto superficial, pela facilidade com que eram resolvidos. Talvez porque o foco da série é o humor, que pede essa superficialidade e provoca os alívios cômicos em diversos momentos tensos. 
Eu me apeguei às mães e às lutas diárias enfrentadas por elas, me vi torcendo pelas três ainda que não tivessem um histórico muito bom e dentro da lei. Alguns diálogos que compõem o drama da série são totalmente dispensáveis para mim, talvez porque o ator escolhido para essas cenas seja o que fez o Salsicha, do Scooby Doo, e eu não consiga relacioná-lo com o drama - e aí o problema é meu, né? 

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Recomendo para quem quiser uma série rapidinha e gostosa de assistir, sem que dê tanta importância para as ações com sequelas impensadas e leve a série mais pelo viés da comédia do que pelo do vida ou morte que foi interpretado por muitos. Vi que foi renovada para a 2ª temporada e eu confesso não saber ao certo o que esperar para a sequência, mas torço pela manutenção dos alívios cômicos bem colocados e pela resolução de casos e prestações de contas pendentes da 1ª temporada.




            

                       Algumas flores são necessárias para reconstruir um coração despedaçado

Eu não consegui apagar todas as mensagens. Na realidade elas continuam todas lá, arquivadas no aplicativo como quando se guarda algo no fundo da gaveta e não quer mais ver. Só que tudo isso é tortura pura, daqueles que fazem nosso peito doer e os olhos arderem. Por que eu não posso simplesmente apagar tudo? Por que sempre guardamos algo no fundo da gaveta quando simplesmente podemos jogar no lixo? Talvez seja uma forma de auto tortura que estamos programados a fazer. 
Sempre nos dizem que é só mais uma fase, só mais uma crise. E quando não for? E se agora o fim for real? Realmente precisamos nos machucar tanto para perceber que aquilo não dá certo mais? Ouvi de tantos que isso ia passar, que essa dor que você causou no meu peito e essa eterna solidão ia ir embora quando eu menos esperasse, mas como eu vou apagar todos os nossos caminhos se nem consigo apagar as nossas mensagens no WhatsApp. Mensagens essas que demostram o tamanho da solidão que eu me propus. Você era puramente indiferente a todas as minhas mensagens e respondia dois dias depois como se todo aquele tempo online não fosse nada.
O meu problema era achar que estava tudo bem. "Ele é assim", pensava eu. Tentando justificar todo aquele descaso com mentiras inventadas pela minha própria cabeça, às vezes me acusando de errar. Mas não é errado se interessar. Não é errado responder rápido, nem nada disso. Todo esse descaso que pregam na internet, com módulos para "fazer ele se apaixonar" é uma grande piada. Onde anda o fato de se está apaixonada e não ter medo disso? Isso não é um jogo, onde temos que pensar estrategicamente como será o próximo passo. Talvez por toda essa intensidade e sonhos mirabolantes que o "eu" que continua se machucando sou eu. É difícil está de madrugada, onde tudo parece silencioso demais, e pensar em como ele deve dormir tranquilo, enquanto a cama parece muito desconfortável para mim, quando os pensamentos são tão confusos que é necessário uma ducha fria para desembaralha-los. Então eu fico andando no quarto pequeno e pensando no que estou fazendo comigo. Existe uma hora que finalmente consigo dormir, e finalmente quando acordo determinada a te esquecer, a agir finalmente como unicamente e simplesmente sua amiga, pego o meu celular e tem uma mensagem engraçadinha sua e tudo em mim se desfaz.
Continuo dizendo para mim todos os dias para não ser tola, para me amar antes de tudo isso. Talvez só não tivesse compreendido como tudo isso seria difícil. O problema maior é que continuo me botando de escanteio, como aquela bola que o zagueiro tem que empurrar para a linha de fundo para que ela nunca chegue no gol. Parece que de uma forma ou outra estou errada. E sei que isso tudo é conversa de uma cabeça que precisa enxergar novas alternativas além de se achar insuficiente. Não tem problema no meu jeito atrapalhado ou zangado, ou a minha aparência, pois sou bonita por ser eu, e estou cansada de me pôr para baixo por causa de terceiros. Sinceramente, quero sim que alguém me ame, mas que todo esse sentimento seja verdadeiro, que tenha empatia pelo o que sinto e trate isso como uma relação e não um jogo.


Nota: Fazia tempo que eu não fazia um texto e acho que quase me esqueci da sensação libertadora que é escrever. Esse texto diz muito sobre o que acho dos relacionamentos atuais, principalmente com essa onda de redes sociais e como as pessoas parecem sempre está querendo se mostrar indiferente sobre algo ou alguém. Não tenham medo do seus sentimentos e não se doem para aqueles que aparentemente não lhe dão valor. Recomendo também um texto maravilhoso que li hoje, que é: Mesmo doendo, chega uma hora que é preciso passar um trico na porta, que também fala sobre como devemos nos amar. 


                                                                              

                          

     Autor(a): Jennifer E. Smith
 Editora: Galera 
Número de Páginas: 224
 Narração: 3º Pessoa 
                                                             

Sinopse: 

Com uma certa atmosfera de Um dia, mas voltado para o público jovem adulto, A probabilidade estatística do amor à primeira vista é uma história romântica, capaz de conquistar fãs de todas as idades. Quem imaginaria que quatro minutos poderiam poderiam mudar a vidar de alguém? Mas é exatamente o que acontece com Hadley. Presa no aeroporto em Nova York, esperando outro outro voo depois de perder o seu, ela conhece Oliver. Um britânico fofo, que se senta ao seu lado na viagem para Londres. Enquanto conversam sobre tudo, eles provam que o tempo é, sim, muito, muito relativo. Passada em apenas 24 horas, a história de Oliver e Hadley mostra que o amor, diferentemente das bagagens, jamais se extravia. 


Já fazia um tempo que tinha uma certa curiosidade sobre esse livro, e agora no meu tempo livre onde queria ler algo leve e não ficar chorando por aí decidi ler-lo. Posso dizer que foi puro engano a parte onde eu disse que não ia chorar. 
"A probabilidade estática do amor à primeira vista" se passa em apenas 24 horas e é muito mais forte do que muitos livros que se passam em anos e se propõem a algo grandioso. O livro é simples e intenso, e acompanha bem os sentimentos dos personagens, desde a sensação de se apaixonar à tristeza de várias formas. O livro se tornou muito pessoal para mim quando começou a transcorrer sobre a relação de Hadley e seu pai, e cada palavra que ela ali transcorria eu conseguia sentir, desde o distanciamento cada vez mais presente do seu pai e como às vezes parecia que a relação de pai e filha não existia mais por causa da mágoa. Acho que todo mundo que teve ou tem problema na família, sabe como é muito doloroso, muito pior do que levar um pé na bunda da sua paixonite da escola, por que é um tipo totalmente diferente de amor e um que parece que nunca vai passar. 

"- Já sabe o que quer? - Se eu já sei o que quero? Hadley pensa sobre a pergunta. Ela quer ir para casa. Quer que seu lar volte a ser o que era. Quer ir para qualquer lugar, menos para o casamento do pai dela. Quer estar em qualquer lugar que não seja esse aeroporto. Quer saber o nome dele. Depois de certo tempo, olha para ele. - Não sei o que quero. - responde. - Ainda estou decidindo."


A relação dela com o Oliver é muito bem construída, apesar de se passar em apenas um dia. Mas é possível ver como os dois conseguem se abrir um com outro de uma forma natural, porém, a tensão entre eles é visível desde o momento que se conheceram. Os diálogos são engraçadinhos e dizem muito sobre as personagens. 
O livro em si fala muito sobre se apaixonar, seja na relação dela com Oliver, do pai dela com Charlotte - a nova madrasta -, a de sua mãe com um novo amor, e como a nossa trajetória nos transforma. Falar sobre sentimentos é muito difícil e mais difícil ainda é conseguir transmitir-los e consegui sentir tudo isso em uma estória aparentemente despretensiosa. Mas não dizem que as coisas mais simples são as mais importantes? 
Não quero dar maiores spoilers e espero que se permitam ler este livro e fiquem tão felizes quanto eu depois de ler algo tão bem escrito e singelo. Afinal, as coisas podem mudar muito em apenas 24 horas, inclusive nós. 

"Ela fica sem saber o que saber com tanta alegria no olhar dele, com seu sorriso profundo. Ela congela, fica dilacerada. Parece que estão torcendo seu coração como se fosse uma toalha molhada. Sua vontade é ir embora para casa."

                

                                                                           






  1. A internet extinguiu nossa coragem.

Os relacionamentos à distância se tornarem mais fáceis por meio dela, mas tornou todos os tipos de relacionamentos mais distantes. As pessoas pedem o olho no olho mas esquecem de olhar, pedem "mais amor, por favor" mas há cada vez mais ódio impresso nos discursos de rostos anônimos - que, sabemos, não são tão anônimos assim. Estas faces representam o que nós somos em essência. Somos criados para espalhar o ódio, a intolerância com o que não concordamos ou admitimos. É muito mais fácil odiar por apenas um motivo e sustentar o sentimento do que amar e suportar as pedras jogadas pelos outros. Amar é um ato de coragem.
É preciso coragem principalmente porque, hoje, os relacionamentos não são tão levados a sério. Não se engane, tá todo mundo meio envenenado pelas redes sociais. A fachada é bonita, mas por dentro é um caos. E nas minhas mais recentes concepções, isso se equivale a nada. Não me adianta ter um texto perfeitamente estruturado sobre como a gordofobia ainda se disfarça de "brincadeira", por mais cruel que ela ainda seja, se eu continuar odiando o meu corpo e baixando a cabeça para a instituição do padrão. Não me apetece decorar dados e estatísticas escancaradas sobre como o machismo mata pessoas, em sua forte maioria mulheres, todos os dias, se eu ainda sinto medo de me posicionar como feminista enquanto eu ainda não me desconstruí acerca de muitos conservadorismos - e eu tenho tentado, já vi grandes avanços. Eu preciso de coragem para amar a mim mesma em um mundo que me criou para me odiar e procurar a perfeição, que é de conhecimento inato de todo mundo, ainda que no inconsciente, que não existe. 
Eu preciso de coragem para assumir que o meu amor, que é por mim mesma, pode sair de mim e alcançar outras pessoas. Pode sair e fazer a minha irmã, de 11 anos, entender que ela não precisa ter a barriga seca e o cabelo liso para ser bonita. Pode sair e fazer com que meu namorado não coloque relevância em conselhos não solicitados sobre a sua aparência e personalidade. Deve sair para ensinar a todo mundo o que eu venho martelando a algum tempo: a autoestima vem de dentro. Pode sair para me fazer entender que a minha bolha é bastante confortável para mim, mas eu preciso sair dela se eu quiser mudar o mundo de alguma forma. 
O mundo anda muito preocupado com as vivências dos outros. E é ainda mais preocupante, ao meu ver, que andemos condicionados neste reality show das redes sociais. É preciso coragem para se expor na internet e receber todo tipo de ódio gratuito por ser quem você é - são poucos os que se aventuram e aguentam a porrada. 
Eu não sou tão corajosa. 
Guardo o que eu tenho de bom fora desta rede infinita de falsa felicidade. Mas eu não preciso de coragem para ensinar para a minha irmã que se o garoto a maltrata na escola, não significa que ele gosta dele. Significa que ela deve se afastar dele, no mínimo. Não preciso de coragem para fortalecer a autoestima do meu namorado da forma que eu puder, mostrando o quanto ele é forte, incrível e suficiente. Não preciso de coragem para fazer coisas que farão me sentir bem sem que eu precise mudar minha estética ou até mesmo a minha personalidade. Eu só preciso me distanciar de tudo que é tóxico, envenenado, odioso. Eu preciso me distanciar dessas pessoas que cultivam o corpo padrão e mantém a estrutura de uma sociedade preconceituosa em todos os parâmetros. 
No fim das contas, talvez eu precise de um pouco de coragem para fazer tudo isso. Mas eu preciso muito mais de respeito por mim mesma para entender que não são os outros que ditarão a minha história. Eu decido como contá-la. 

Eu estou passando por uma "fase", se é que posso chamar assim, em que a vontade de sair de todas as redes sociais tem me consumido dia após dia. Excluir contas de Facebook, Instagram, Twitter e tudo mais, porque eu me sinto frequentemente entoxicada por todas elas. Mas ao mesmo tempo, me sinto hipócrita demais usando a internet para desabafar assim. É por isso, talvez, que eu não consiga me desvencilhar. Sigamos na luta.




Autor: Heloísa Bernadelli 
Número de Páginas: 211
Narração: 3º Pessoa 

Sinopse: 


Irina tem vinte e quatro anos e um acúmulo de decisões que não lembra de ter feito, planos que vem deixando para depois e uma rotina da qual não abre não. Trabalha em uma empresa de fotocópias, mas seu verdadeiro sonho é a carreira de botânica - que besteira! Justo Nina, que nunca faz nada de diferente e evita o novo sempre que possível, desde a preparação de seu café da manhã até as grandes escolhas. Agora vai se casar com André, e sua melhor amiga a convence de que é um bom momento para ir visitá-la na Irlanda. Viajar para outro país, tão longe de casa, pode despertar seu medo do desconhecido, mas talvez seja o que ela precisa para se lembrar, entre outras coisas, de quem costumava ser.



Antes de falar sobre "Estive em Dublin e Lembrei de Você", preciso explicar o que é o "Clube P.S.:". O "Clube P.S.:" é um clube de assinatura literária completamente nacional. Que leva para seus assinantes um time de autoras da internet, com histórias novas, mimos exclusivos e uma experiência personalizada de leitura. Se quiser saber mais sobre o clube é só acessar o site: P.S.:
Sendo assim, infelizmente vocês não vão poder encontrar esse livro nas livrarias físicas e online. Mas acho super valido trazer essa obra aqui para o blog pela importância do que o "Clube P.S.:" está fazendo, ao dar a oportunidade à essas autoras da internet de terem o seu livro físico, principalmente porque eu leio todo dia estórias da internet e até me arrisco a escrever algumas, então entendo o quanto isso é mágico.
"Estive em Dublin e Lembrei de Você" é a terceira estória da Helô que eu leio, sendo as duas primeiras em plataformas virtuais e acredito que esta seja a sua estória mais madura. Assuntos importantes como relacionamentos abusivos e amor próprio são tratados belissimamente neste romance.
Irina, uma jovem brasileira de 24 anos, que se pôs em uma situação cômoda com medo de seguir seus sonhos e descobrir que mesmo no que gostava não era boa. Ela tem uma relação de sete anos conturbada com André, que agora botou um anel em seu dedo. Mas as coisas mudam quando ela viaja para Dublin, conhece novos amigos através de sua melhor amiga Camille e descobre que ela poderia está sendo muito mais feliz. 

"As pessoas sempre vinham por algum motivo e sempre iam por algum outro. Mas se enquanto estavam, era só o que importava no fim das contas." Pág 127

Entre cervejas e madrugadas andando sobre as ruas frias de Dublin, Irina é frequentemente bombardeada com mensagens e ameças de André, o que claramente demostra esse lado do relacionamento abusivo que a personagem passa, e vemos isso em suas reações, em como ela se sente cada vez mais acuada e se diminui frequentemente por se achar culpada das acusações do noivo. Ao longo do livro também conhecemos outras histórias abusivas e de preconceito que nos ligam aos personagens de uma forma natural, pois infelizmente é fácil de se identificar, porque acredito que todo mundo já viveu ou presenciou esse tipo de violência. Infelizmente, vivemos em uma época que cada vez mais esses abusos e violências acontecem, então você que por acaso está lendo esse post e se vê sendo agredida por ameaças, que se sente frequentemente culpada(o) e triste pelas palavras do seu parceiro(a), saiba que isso não é amor. Quando se ama, espera-se que o relacionamento não seja só de uma metade do casal, e que ambas as partes se sintam valorizados e acima de tudo, se respeitem. 

"Um dia André não a encontrou lá, onde costumava mantê-la, escondida sob uma pilha desleixada de indiferença. Passeou por aí à procura de uma nova Irina, e foi quando a descobriu insubstituível. Não de um jeito romântico. Oh, quem dera fosse de um jeito romântico. Não era por amá-la demais que não podia deixá-la. Era justamente porque ela era a única que continuava a oferecer muito, mesmo quando recebia tão pouco de volta. Não podia deixá-la, porque só Irina estava disposta a ser amada pela metade." Página 77 

Voltando ao livro, também não posso esquecer de uns de meus personagens preferidos, Fionn, que é o interesse amoroso de Irina, e ele é obviamente a antítese de tudo o que o André representa. Pois ele sim é um homem de verdade, com uma capa fofa que me fez ficar totalmente apaixonada em poucas páginas. É lindo ver o quanto ele quer que Irina brilhe, e que conquiste o seu sonho, sempre falando que não quer se impor de forma alguma para ela. E isso para mim é um relacionamento de verdade, independente se é amoroso, familiar ou entre amigos. 
Além disso, preciso falar sobre a ambientação do livro. Os ambientes são descritos detalhadamente e de uma forma que acaba sendo "didática" para o leitor e nos botam dentro de Dublin e nos dão aquele ar estrangeiro que eu particularmente desconheço. 



Desse modo, não poderia deixar de dá 5 luas para esse livro fantástico e desejar tudo de bom para a Helô e que ela continue escrevendo tão maravilhosamente, mesmo que eu sempre morra de chorar.
                                                                                                                                                                   
            

Agora para quem quer ler alguma das obras da Helô (super recomendo), segue o link maroto: Betting Her (primeira estória da autora, que ela escreveu há alguns anos e você pode ler como fanfic interativa), Friendzone (Original, no Wattpad) e Segredos Inabitáveis (Original, no Wattpad).