Autor(a): Carol Sabar 
Editora: Jangada 
Nº de páginas: 368
Narração: 1° Pessoa

Sinopse:

Parada num engarrafamento no Rio de Janeiro, Bia está pensando em sua vida azarada. O motorista do carro ao lado, tenta se comunicar com ela, mas Bia não o reconhece. Então, ele sai do carro, mas não tem tempo de se explicar, pois começa um violento tiroteio e eles se jogam lado a lado no asfalto. Certa de que está prestes a morrer, Bia entra em desespero e se prepara para dizer suas últimas palavras, na esperança de que seu suposto desconhecido possa levar um recado a Guga, seu amor da adolescência, sem perceber que é ele próprio que está ali, ouvindo a inesperada declaração de amor! Os dois escapam juntos do tiroteio e, a partir daí, começam a se envolver, dia após dia. Guga, sem coragem de assumir sua verdadeira identidade, e Bia, feliz consigo mesma por finalmente estar se apaixonando por alguém que não é o Guga. Nunca uma maré de azar foi tão engraçada!

"Azar o Seu!", foi uma maravilhosa surpresa para mim. Nunca havia entrado em contato com os livros da Carol Sabar, e foi muito bom saber que temos esse potencial brasileiros para livros chicklit. Acredito que por "n" motivos criamos um certo distanciamento da literatura brasileira em geral, e fora a Paula Pimenta e outras autoras que estão na grande mídia, é difícil ver estórias assim em destaque nas livrarias, o que ocasiona no total desconhecimento dos leitores por essas obras.
Efim, se você gosta de Sophie Kinsella, com certeza vai adorar esse livro. A estória em si é muito divertida, com a personagem principal, Bia, fazendo ótimas tiradas e e rindo da própria desgraça. O que diverte e causa reconhecimento com o leitor, principalmente por ser uma leitura de certa forma mais madura, encarando uma vida cheia de tropeços e não com uma visão pura de como a vida adulta é, e sim a encarando com as marcas que ela pode causar. Como o fato da personagem está em situação de desemprego, com dívidas e mais dívidas e ainda ter que aguentar uma entrevista de emprego com um assediador.
A relação dela com o Guga, é de certa forma muito juvenil, surgindo naqueles amores que nos deixam nervosas e ansiosas para a próxima mensagem. Foi uma grande sacada da autora o fato dele não se revelar como Guga e cria um ambiente de expectativa para o momento da revelação ao leitor. 
Uma das coisas que não sentimos diretamente quando lemos um livro estrangeiro, é a identificação com o local e as piadas, e mesmo os jogos infantis. Para mim foi muito acolhedor quando a personagem citou um jogo de criança que era aquele de escolher três futuros maridos, a cidade na qual você vai morar, se será rica, milionária, pobre, a quantidade de filhos, etc. Esse era o tipo de brincadeira que fazia com as minhas amigas quando tinha onze anos, então ver aquilo escrito na página do livro me fez ter um quentinho no peito. Fora as referências ao Faustão e toda a nosso sistema de televisão que são maravilhosas. 
Jura? Eu me emocionei e, com a voz fraquinha, até me empolguei: Então encontre ele! Encontre o Guga! Entre nos pensamentos dele, na alma dele. Fala para ele que morri pensando naquele beijo e que, no fundo do meu coração, por mais que ele tenha feito questão de me esquecer...ele nunca me ligou, nunca parei de me perguntar por que ele nunca quis saber de mim...Sempre tive um sonho secreto em que ele voltava para o Brasil e me mostrava a explosão sexual do prazer."
O que mais me atraiu no livro na realidade, é a verdade que ele trás. Estou cansada de ler livros em que as personagens principais são no estilo modelo da Victoria's Secrets e não tem um furinho na bunda. A Bia, o seu pai, Joana, Raíssa, são todos reais, inclusive a mãe plastificada de Guga e Raíssa, eles são os típicos personagens que a gente pode encontrar e até conhecer. Bia, sendo aquela amiga engraçada e azarada; o seu pai, o senhorzinho legal que todo mundo adora; Joana, aquela mulher forte e decidida super simpática; Raíssa, a colega de classe rica, que apesar de sempre ter tido tudo, é muito legal e a mãe plastificada que só liga para o novo preenchimento labial que saiu e uma nova cirurgia plástica que dê uma empinada na bunda. Nós estamos muito acostumados a ler sobre a garota perfeita e o cara mais perfeito ainda, e a realidade é importante, principalmente porque não vamos enxergar essa perfeição nos olhares que cruzarem com o nosso na rua, as pessoas são falhas. Estamos muito vidrados no caminho da perfeição, onde a barriga é durinha e não tem nenhuma dobra, a virilha é muito bonita e não tem uma marca, e que acordamos a 7 da manhã, com uma lingerie sensacional e os cabelos que acabaram de sair de uma propaganda. Isso é pura idiotice! 
Mas voltando, a estória em si, apesar de ser engraçada, vai falar como deixamos ir muitas coisas por pura insegurança, seja amores, oportunidade etc. Exatamente porque duvidamos tanto de nós, que travamos e pensamos que não somos bons o suficiente, e isso é lindamento expresso em toda a confusão sentimental que passa pela vida de Bia. 
Agora vamos falar de Guga, eu adoro que ele seja músico, porque enfim, amo músicos e eles sempre têm um charme a mais e o fato de que na adolescência, ele fosse cheio de espinhas. Certo que ele agora está lindo e maravilhoso, e todos os adjetivos que podem usar para caracterizar um cara gato. O bom, é que além de lindo e super irresistível, ele tem um ótimo senso de humor, não se tornando aquele cara cheio de músculos (o que ele não é) que só pensa com a cabeça de baixo. O bom é que ele também erra, personagens masculinos perfeitos demais me irritam, porque o que mundo tá vendendo é bem diferente disso. Porém, os erros são perdoáveis e todos amarram a narrativa lindamente.
"A gente nasce, cresce, se ilude, se reproduz, se ilude de novo, quebra a cara. Depois a gente morre. Muitos de nós, inclusive, morrem sem se reproduzir. Sem se iludir ou quebrar a cara? Jamais."
"Azar o Seu!" é um livro que recomendo para todo mundo que quer se voltar para a leitura nacional e quer fugir dos clássicos, além de esquecer todo o drama das milhares de outras estórias e se permitir passar um tempo gostoso, na companhia de Guga e Bia. Garanto que vai te render boas risadas. Leiam mais livros nacionais, gente! E vamos apoiar esses autores que fazem um trabalho maravilhoso e infelizmente não são tão divulgados quanto merecem. A Carol Sabar, tem mais algumas obras e espero está de volta em breve com mais uma resenha desta autora para vocês. 

"— Sorry, moço! — Levantei o braço quando o motorista buzinou irritado. — Eu sou da roça!"


         




 




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