"Eu até posso entender a farsa. Às vezes, temos que nos esconder do que os outros veem para ser aquilo que sabemos que somos." (Capítulo 24)

Já estou a caminho do portal espelhado para, então, retornar a Edla, prestes a encontrar a Isabelle para fazermos o relatório final das nossas aventuras e finalmente entregá-lo à anciã. Estou exausta. Mas o balançar estável da carruagem guiada por um dos cavaleiros do Rei Arthur me permite escrever o meu, por ora, último relato.

A farsa de Guinevere

Autora: Kiersten White
Editora: Plataforma 21
Ano de publicação: 2019
Número de páginas: 384
Narração: 3ª pessoa
Título original: The Guinevere Deception

Sinopse: GUINEVERE CHEGOU A CAMELOT para casar-se com um desconhecido: o carismático Rei Arthur. Foi Merlin, o velho feiticeiro, que enviou a princesa para desposar e proteger o monarca dos perigos que assombram as fronteiras da cidade e daqueles que esperam pela queda da idílica Camelot.
No entanto, há um detalhe essencial nesta trama. O nome e a identidade verdadeira de Guinevere são um segredo. Houve uma troca, e ela é apenas uma jovem que desistiu de tudo para proteger o reino.
Para manter o rei a salvo, Guinevere precisará transitar entre uma ultrapassada e uma nova corte. Entre aqueles avessos às mudanças e aqueles que anseiam por uma maneira melhor de se viver. Ela também sabe que, no coração das florestas e na profundeza dos lagos, a magia aguarda pelo momento de reclamar aquelas terras lendárias.
Combates mortais, cavaleiros misteriosos e romances proibidos não são nada comparados ao maior perigo de todos: a garota de longos cabelos negros que cavalga pela escuridão da floresta em diração a Arthur. Afinal, quando toda a sua existência é uma mentira, como sequer confiar em si mesma?

Camelot me surpreendeu desde o primeiro instante. É claro, atende a todas as demandas de uma civilização medieval, com todas aquelas hierarquias entre cavaleiros, povo e Rei. Mas não deixa de ser honrada a devoção daquele povo ao virtuoso Rei Arthur, tão jovem, e que precisa ser tão forte para carregar toda a nação em suas costas.
No entanto, o que mais me surpreendeu nesta aventura foi que mesmo o querido Rei contendo todas as virtudes possíveis, a minha missão estava voltada para Guinevere e a força feminina. E pensem só como foi uma surpresa querida, que me fez amar de verdade tudo o que vivi. 
Não obstante envolta de segredos e dúvidas acerca do seu passado, tantas mentiras que iam de Merlin até ela, Guinevere é uma das mais fortes bruxas com que já me deparei - a anciã ficaria animada em conhecê-la. E não é a magia que a torna assim tão forte, mas sim o seu lado humano. A sua busca por ser justa. A forma como ela abraça o seu destino e o cargo de rainha, mesmo sem ter nascido para ser. Um destino que fora escolhido para ela, mas que é perfeito para a própria escolha que tomou (e mais de uma vez): largar tudo pelo Rei. Fazer de tudo para proteger Arthur e sua, agora estimada, Camelot.

"Lute como uma rainha, não como uma bruxa. E não se esqueça: aconteça o que acontecer, a escolha foi sua." (Capítulo 23)

Ainda que escondida, pude ver de perto a sensibilidade de Guinevere, que a faz ser tão mágica - ainda mais do que a própria magia. Sem falar na aliança de mulheres que a protegeu e salvou tantas vezes durante esta aventura. Aquelas que estavam subjugadas aos quereres dos homens, na verdade, eram a força que os mantinham. E quando estiveram diante da principal batalha, foram elas que salvaram a si mesmas. Não foi fácil, mas provaram-se ainda mais fortes.

"- A meu ver - disse a mulher, sentando-se e soltando um resmungo de cansaço -, odiar e querer destruir tudo aquilo que não se pode possuir é coisa de homens." (Capítulo 18)

A magia aqui, contudo, é algo para se temer e controlar. É preciso ser o maior dos sábios para saber usá-la - não porque necessita de grandes poderes, mas porque exige imensa responsabilidade. 

Mais difícil do que chegar a Camelot, está sendo sair de lá. Queria continuar ao lado de Guinevere e Arthur, descobrir mais sobre o passado de nossa heroína e saber se o Rei consegue alcançar os limites do merecimento de toda a honra e respeito que recebe.

"Arthur é como o Sol. Quando está concentrado em você, tudo é claro e quente. Tudo é possível. Mas o problema de conhecer o calor do Sol é o quanto se sente sua ausência quando ele brilha em outro lugar. E um rei sempre precisa ir brilhar em outro lugar." (Capítulo 21)

Há muito mais por vir. É tudo tão incerto - visto que Merlin é um louco que mal consegue formar uma frase completa que se faça entender -, ao mesmo tempo que é tão empolgante. Crio expectativas para voltar a Camelot, agora que já consigo avistar a entrada para o nosso portal. Espero que todos se sintam convidados a conhecer esta terra e permitam-se serem surpreendidos, como eu fui. 





 


50% de A farsa de Guinevere

Deixar Caraval para trás e encarar uma aventura em tempos tão sombrios e confusos quanto o período medieval, diretamente em Camelot, no auge da Era Arthuriana, está sendo definitivamente surpreendente. Mas, de forma inesperada, estou amando a minha perigosa e misteriosa aventura.
Os boatos são verdadeiros: o Rei Arthur é um homem virtuoso, forte, corajoso e bom. Essencialmente bom, mesmo que seu passado e suas origens sejam marcados pela dor. Vim parar em uma Camelot cuja magia fora banida, assim como o grande e confuso Merlin, mas não necessariamente o seu Rei está protegido dela. Por causa disso, estou acompanhando Guinevere, uma jovem bruxa enviada por Merlin, a primeira rainha de Camelot. Mesmo honrada, Guinevere esconde segredos e possui um único objetivo: proteger seu rei. No entanto, estou sentindo que não se concentrará apenas nisso. Pode surgir um amor entre os dois.

"O medo que sentia era como a água - ensurdecedora, desenfreada, que recobria tudo -, mas a força dele era como as rochas: firmes e imóveis." (Capítulo 2)

Estou imersa no clima medieval que há tempos não visitava - há muito mais na magia moderna para explorar -, mas nada me tira do foco e da ansiedade de descobrir de onde virá e do que se trata exatamente o perigo que Guinevere - e, com muito mais clareza, Merlin - enxergam no horizonte.  Com a magia dos nós e o suporte das mulheres ao seu redor, consigo ver Guinevere conseguindo cumprir o seu papel e tornando-se a rainha que Camelot e o Rei Arthur querem e precisam. 

Acreditar nela, contudo, não me faz confiar totalmente em Merlin. Por mais que Arthur, em segredo de seus súditos, saiba a verdade sobre Guinevere, tem algo que o grande bruxo não revelou que pode pôr em apuros a nossa jovem rainha. Estou aqui para relatar todos os perigos que a magia descuidada pode oferecer a Camelot e, quando for preciso, ajudar Guinevere. Mesmo confusa, acredito que posso confiar cegamente nela - vejo que ela abdicaria de tudo pela sua vocação e isso é louvável.

"Queria entregar seu nome para Arthur. Queria entregar tudo para ele. E isso a apavorava." (Capítulo 13)


               

Autor(a): Kathryn Purdie 

Editora: Katherine Tegen Books (EUA)

Nº de páginas: 480

Narração: 1ª Pessoa (Divido em três personagens)

Sinopse: 

As Criadoras de Ossos têm um dever sagrado. Só elas podem impedir que os mortos cacem os vivos. Mas seu poder de transportar os espíritos dos mortos para o céu noturno da deusa Elara ou para o submundo de Tyrus vem do sacríficio. Os deuses exigem uma promessa de dedicação, e essa promessa é feita às custas do único amor das Criadora de Ossos. 

Ailesse está preparada desde o nascimento para se tornar a matrone das Criadoras de Ossos, uma família misteriosa de mulheres que usam forças extraídas de ossos de animais para transportar almas mortas. Mas primeiro ela deve completar seu rito de passagem e matar o garoto que ela também está destinada a amar. 

O pai de Bastien foi morto por uma Criadora de Ossos e ele vem buscando vingança desde então. No entanto, quando ele finalmente captura uma, sua vingança terá que espera. O ritual de Ailesse começou e agora seus destinos estão entrelaçados - na vida e na morte . 

Sabine nunca teve estômago para o trabalho das Criadoras de Ossos. Mas quando sua melhor amiga Ailesse é capturada, Sabine fará o que for preciso para salvá-la, meso que isso signifique desafiar suas tradições - e sua matrone - para romper o vínculo entre Ailesse e Bastien. Antes que todos eles morram. (Sinopse traduzida)

"— Eu admitiria que não é nenhuma surpresa. Alguém pode realmente saber o suficiente...sobre qualquer coisa?" Capítulo 21

Estou sentada numa pedra meio pontuda, balançando os pés e esperando Letícia atravessar o véu do portal espelhado. Sim, já estou em casa. Minha jornada aparentemente acabou.

Fazem poucas horas que deixei Gales do Sul e junto dela, a história de Sabine, Ailesse e Bastien. Foi extremamente intenso, como eu jamais imaginava que seria. Chegar em Gales do Sul, mais especificamente em Châteux Creux, significou a minha entrada em um mundo completamente desconhecido. No universo das Criadoras de Ossos (ou Ferriers), as responsáveis por transportar as almas dos mortos para o paraíso de Erala ou o submundo de Tyrus.

Nessa jornada medieval, acompanhei Ailesse caçar o seu último animal e tomar seu osso como sua última graça e se preparar para fazer o sacrifício de seu amouré. Logicamente que não seria fácil né? E muito menos simples. Bastien e Ailesse se veem entrelaçados, depois de seu encontro na ponte, e os amentes que se viam tentados a matar um ao outro, começam de pouquinho em pouquinho a sentir algo há mais. Admito que enquanto observa de longe, meu coração ficou cheio de amor e muita apreensão pelos dois. Afinal, a anciã sempre me ensinou que gente bonita junta tem mais é que se agarrar mesmo.

— Há uma frase em Galês Antigo que meu pai costumava falar sempre que precisava sair por um tempinho. Ele segurava minha mão bem assim assim e sussurrava: "Tu ne me manque pas. Je ne te manque pas." Significa "Você não está ausente em mim. Eu não estou ausente em você." Capítulo 34

Tive a possibilidade de observar os três muito de perto e praticamente senti o que eles passavam, inclusive os sentimentos que afloravam em seus corações. Acompanhar Sabine foi muito interessante, pois a menina do começo da jornada se tornou uma mulher e encontrou uma força enorme no bater de asas de uma coruja branca.

É claro que nessa teia medieval, de uma França antiga, cheia de passagens subterrâneas (que despertaram uma claustrofobia antes desconhecida), algo a mais iria acontecer. A responsável por essa surpresa foi Odiva, a matrona e mãe de Ailesse. O que eu posso dizer é: prestem atenção nessa mulher. 

Por fim, quando minha jornada já estava chegando em seu final e eu me preparava para voltar para casa, fui arrebatada por tantos acontecimentos que até me deixaram tonta e trêmula quando descobri que teria que partir e que ainda demoraria para descobrir o final da história de Ailesse, Sabine e Bastien. O que posso dizer é que fui levada por muitos sentimentos e que nunca mais quero está na presença de almas acorrentadas!

Agora estou aqui, quetinha e esperando Letícia retornar de sua própria missão. 

Relato de Isabelle, a bruxa, de volta em casa. 

(Uma breve pausa para um desabafo da humana Isabelle: GENTE, como é que um livro desse, maravilhoso do jeito que é não É TRADUZIDO NO BRASIL? Você, dona editora (qualquer uma), trabalhe para satisfazer AS MINHAS VONTADES. E eu não acredito que eu li esse livro todinho, fiquei ansiosa e dizendo uns palavrões para descobrir que o próximo só vai lançar PRÓXIMO ANO. É isso aí). 

                          





50% de Bone Crier's Moon, Kathryn Purdie

Há um tempo atrás, quando eu e Letícia éramos apenas jovens aprendizes, escutamos escondidas uma música humana. Ela começava com "rom pom pom, rom pom pom" e dizia depois "homem caído". Descobrimos depois que aquela música era de uma tal de Rihanna. Agora, mais crescida, vejo essa música como trilha sonora da minha jornada atual.

Estou em South Gale, em um universo medieval e de Criadoras de Ossos. Essas Criadoras de Ossos, pelo o que descobri até então, são responsáveis por transportar as almas para o paraíso de Erala ou o submundo de Tyrus. Mas para poderem se transformarem em Ferrier, elas têm que fazer alguns sacrifícios. O primeiro é caçar três animais e com seus ossos, terem suas graças, ou seja, o seu poder. O segundo é ceifar o seu amouré. Isso mesmo que vocês estão ouvindo! Elas tem que matar as suas almas gêmeas. 

"[...] É o sussurro em sua cabeça, os pensamentos por trás de seus pensamentos. Isso diz que sua amiga pode fazer cócegas em seu coração, mas ela não perfura sua alma." Capítulo 12

E nessa relação super tranquila eu conhece Ailesse, Sabine e Bastien. As duas primeiras são Criadoras de Ossos e este último procura por vingança pelo pai que foi ceifado por uma Ferrier. É muito óbvio que tudo isso vai dar errado, não é? Eu já tô ficando louca!

Enfim, Ailesse e Bastien são almas gêmeas. Os dois estão querendo se matar! E eu tenho absoluta certeza que já já vão tá querendo se beijar. Super saudável. 

Fora isso, muitas outras coisas estão acontecendo e tenho pressentimentos que a mãe de Ailesse, Odiva, esconde alguma coisa. Só realmente não sei do que se trata. 

Mas agora vou ter que deixar vocês, porque tá tudo uma loucura de verdade e juro que estou vendo almas (eu não tava preparada para isso) 

Relato de Isabelle, a bruxa, um tanto pouco louca

⁣                                                                                  

"Durante o Caraval há sempre uma pitada de realidade misturada a tudo." (Capítulo 41)

Caraval

Autora: Stephanie Garber
Editora: Novo Conceito
Ano de publicação: 2017
Número de páginas: 400
Narração: 3ª pessoa
Sinopse: Tudo o que você já ouviu sobre Caraval, não se aproxima da realidade. É mais do que um jogo ou uma performance. É o mais perto que você chegará da magia neste mundo... Scarlett nunca saiu da pequena ilha onde ela e sua imrã, Donatella, vivem com seu cruel e poderoso pai, o Governador Dragna. Desde criança, Scarlett sonha em conhecer o Mestre Lenda do Caraval, e por isso chegou a escrever cartas a ele, mas nunca obtivera resposta. Agora, já crescida e temerosa do pai, ela está de casamento marcado com um misterioso conde, e certamente não terá mais chance de encontrar Lenda e sua trupe, mas isso não a impede de escrever uma carta de despedida a ele. Dessa vez, o convite para participar do Caraval finalmente chega à Scarlett. No entanto, aceitá-los está fora de cogitação, Scarlett não pretende desobedecer ao pai. Sendo assim, Donatella, com a ajuda de um misterioso marinheiro, sequestra e leva Scarlett para o espetáculo. Mas, assim que chegam, Donatella desaparece, e Scarlett precisa encontrá-la o mais rápido possível. O Caraval é um jogo elaborado, que precisa de toda a astúcia dos participantes. Será que Scarlett saberá jogar? Ela tem apenas cinco dias para encontrar sua irmã e vencer esta jornada."

A essa altura, já nem sei por onde começar a relatar tudo o que vivi na Ilha de los Sueños, disfarçada de atriz do Caraval. Antes de partir de vez deste mundo para a minha próxima aventura, preciso fazer um último relato sobre o que passei - ou ao menos tentar.
Quando conheci as irmãs Dragna, eu definitivamente não sabia o que estava por vir. Por mais que imaginasse, que os meus anos de experiência e que os conselhos da anciã me dessem qualquer tipo de base para me preparar, eu realmente não estava pronta.
Chegar em Caraval foi um misto de sensações - tudo o que somente a magia pode nos proporcionar. Todas as cores, o ar mágico que pairava sobre cada uma das pessoas... Pude notar todas as emoções de Scarlett ficarem ainda mais afloradas - quando sentia medo, era um medo que a levava ao limite; quando sentia paixão, parecia ser tão avassaladora que o seu próprio corpo não seria capaz de suportar. Confesso que, tendo magia ou não, acho que esse é o efeito que Julian, o marinheiro misterioso, teria sobre mim também. 
"Às vezes ele a fitava como se quisesse ser a sua ruína, mas agora era como se quisesse que ela o arruinasse." (Capítulo 17)

Todas as provações pelas quais vi Scarlett passar para encontrar sua irmã - que era o objetivo principal do jogo - me fizeram ver como grande parte dos nossos afetos exigem um salto de fé. Você dificilmente terá grandes certezas em mãos. O jogo de Lenda nos faz encarar nossos segredos mais profundos. E mesmo que a todo instante os outros nos digam que se trata de um jogo, é difícil não enxergar a realidade em seus quase imperceptíveis momentos.

No início da nossa jornada, no lugar de Scarlett, eu não confiaria em ninguém. Mas com o passar dos testes - e essa é uma dica para você que pretende encarar este jogo -, pude perceber que ela poderia, sim, confiar em algumas pessoas, mesmo que pouco. O mais importante, na verdade, era que ela confiasse cegamente em si mesma. 

"Lembrou-se de pensar que se apaixonar por ele seria como se apaixonar pela escuridão, mas agora imaginava que ele era mais como uma noite estrelada: as constelações estavam sempre ali, constantes, guias magníficos no negrume onipresente." (Capítulo 28)


Diante das pistas e do instinto aguçado de Scarlett, me vi à frente de uma das melhores aventuras, uma das que será mais difícil deixar para trás para encarar uma nova. Criei afeição por ela, pela sua sinestesia - a sua forma de ver cor nas emoções - e sua lealdada à Tella. Quis abraçá-la quando se sentiu totalmente perdida, mas não podia desfazer meu disfarce de atriz do Caraval. Então a observei o máximo que pude. E, observando-a, acompanhando seus passos e suas resoluções diante do jogo, constatei que, às vezes, a magia pode estar entre nós sem nos darmos conta. Parte fundamental da existência dela é acreditarmos que ela, de fato, existe.

Se me perguntassem, eu não saberia dizer onde o faz de conta e a realidade se separam em Caraval. Mas, se me perguntassem, eu não me importaria de voltar ao jogo para tentar descobrir.

Ah, e antes de partir, se eu puder te dar outra dica, quando se deparar com um sol com uma estrela no interior e uma lágrima dentro da estrela, esteja preparado e não se esqueça: é apenas um jogo.

"O Caraval havia restaurado sua fé na magia." (Capítulo 38)


 


 

 


50% de Caraval

Essa é a missão mais incerta e angustiante que vivi até agora. Desde que deixei a Biblioteca, passei por um portal que me levou direto para a Ilha de Trisda, governada pelo cruel e agressivo Marcello Dragna. Logo conheci as filhas do governador Dragna, Scarlett e, a mais nova, Donatella. Não nos demoramos muito em Trisda, logo partimos rumo a Ilha de los Sueños, prestes a entrar em Caraval.
Nesta aventura, estou correndo contra o tempo e tentando lidar com a magia mais incerta que já vi junto de Scarlett, enquanto buscamos pelo paradeiro de Donatella para ganhar o jogo.
Não sei até que ponto isso é um jogo. Sinto a adrenalina e as incertezas de cada movimento, mas agora, o que seria de faz de conta, se mistura com a realidade. Está fora do meu alcance explicar o que vem por aí nesta jornada. Espero que a anciã esteja comigo.
"O passado está decidido apenas em sua maior parte, e o futuro é ainda mais difícil de mudar do que você imagina." (Capítulo 15)

Apesar do medo, da constante lembrança que ainda vamos passar por grandes apuros, tudo nesta ilha é lindo. Mesmo onde não há a magia propriamente dita, posso sentir seus rastros. É tudo fantástico, colorido, com aspectos sinestésicos. Mesmo que me dissessem que é um lugar não-mágico, eu poderia sentir a fantasia em cada lugar, o que também me faz sentir medo a cada pôr do sol - que é quando o dia começa - e alívio a cada raiar do dia - que é quando podemos descansar. 

Também conheci Julian, um marinheiro misterioso que já participou do Caraval, mas não sabemos tantas coisas sobre ele. Acho que Scarlett gosta dele; no entanto, está prometida para se casar com um conde que nunca viu na vida, apenas trocaram algumas cartas. Talvez essa seja a parte mais real de nossa jornada. O resto... Não há como saber. Apenas que nada é por acaso. E, mesmo não podendo ainda dizer com certeza, acredito que cada movimento de Scarlett foi previamente calculado. Resta-me saber o porquê. 

"- Às vezes, é mais fácil deixar que outra pessoa a machuque. // No entanto, Scarlett estava farta de deixar que outras pessoas a machucassem." (Capítulo 19)


 

Olá! Estou no meio de um jogo perigoso na Ilha de los Sueños, vestindo trajes maravilhosos e sem poder confiar em ninguém - mas recebi um chamado que não podia recusar. Hoje, vou falar um pouco sobre os clichês que mais chamam a minha atenção nas histórias fantásticas. Não necessariamente aquele clichês que te faz revirar os olhos, mas aqueles que fazem com que nos identifiquemos mais rápido com aquela jornada.

Clichês fantásticos


1. Profecias: Substantivo feminino que significa "predição divina por meio dos profetas; presságio anunciado por pessoa que supostamente interpreta o futuro. Eu tenho certeza de que você já leu ou assistiu a alguma coisa em que o protagonista estava a mercê de alguma profecia. Ainda mais comum que isso é quando se trata de uma situação de vida ou morte, em que a nossa heroína (ou o nosso herói) precisa cumprir o seu destino profetizado ou morrerá. 
2. Resíduos medievais: É quase automático imaginarmos castelos, cavalheiros e monarquias quando imaginamos uma história fantástica. A literatura tem o papel fundamental de apresentar os cenários e as situações de determinada época - em se tratando de Idade Média, os contos apresentam-se dessa maneira, trazendo um exercício de imaginação de seus autores para representar os contextos histórico-sociais do período. Esses registros perduram até os dias de hoje e, por isso, vemos as histórias fantásticas atuais aplicando aspectos, elementos medievais em suas principais características.    

3. Herói/heroína: É óbvio que esse é o elemento mais comum. Mesmo nas histórias não-fantásticas, encontramos a personagem que salvará tudo no final. Nos maiores clichês, o herói é aquele dotado de virtudes, sábio e o maior capaz de tomar as melhores decisões. Em histórias mais modernas, pode ser que essa figura surja mais "humanizada", apresentando defeitos e enfrentando barreiras mais éticas do que físicas. No entanto, como todos bem sabem, ele salvará tudo no final...
4. Escola/mentor: Muitas vezes, o herói surge considerando-se uma "pessoa normal". Diante do seu chamado, nessas situações, ele precisará de um tutor, alguém que possa ensiná-lo a controlar seus poderes, dando os recursos necessários para conhecer-se e enfrentar seus desafios. Também é bem comum que, antes desse ponto, nos deparemos com uma recusa - o herói tenta fugir dessa orientação por não querer encarar o próprio destino.


5. Ressurreição: A melhor coisa das histórias fantásticas é não saber quais são os limites para a imaginação. Podemos sempre ir mais além, nada é impossível ou sem saída. É por isso que vemos, tantas e tantas vezes, o mais poderoso dos vilões sendo derrotado por uma magia iniciante ou a mais perigosa aventura deixar seus bem-aventurados saírem ilesos (ou mesmo que apenas vivos). Também é por isso  que a ressurreição é um grande clichê. Um momento crucial em que o inimigo ressurge ainda mais forte e o nosso herói precisa passar por uma provação, uma superação, que pode significar a sua morte - figurativa ou literal. E, como uma fênix, ressurgir transformado.

Tem algum outro clichê que esqueci de mencionar e que é muito presente? Agora terei de partir. O jogo está cada vez mais emocionante e preciso cumprir a minha missão dada pela anciã. Até mais! 




Autor(a): Holly Black
Editora: Galera Record 
Nº de páginas: 322
Narração: 1ª Pessoa 

Sinopse:

Jude tinha 7 anos quando seus pais foram assassinados e foi forçada a viver no Reino das Fadas. Dez anos depois, tudo o que ela quer é ser como eles - lindos e imortais - e realmente pertencer ao Reino das Fadas, apesar de sua mortalidade. Mas muitos do povo das Fadas desprezam os humanos. Especialmente o Príncipe Cardan, o filho mais jovem, mais bonito e mais cruel do Grande Rei. Para ganhar um lugar na Alta Corte, ela deve desafiá-lo...e enfrentar as consequências. Envolvida em intrigas e traições do palácio, Jude descobre sua própria capacidade para truques e derramamento de sangue. Mas, com a ameaça de uma guerra civil e o Reino das Fadas por um fio, Jude precisará arriscar sua vida em uma perigosa aliança para salvar suas irmãs, e o próprio Reino. Com personagens único, reviravoltas inesperadas, e uma traição de tirar o fôlego, este livro vai deixar o leitor pedindo bis - querendo mergulhar de cabeça na continuação deste universo. 

"Mas nós sempre almejamos coisas idiotas. Isso não quer dizer que devemos obtê-las" Capítulo 19

Estou saindo do Reino das Fadas, os pés descalços, os cabelos desgrenhado. Ainda estou em choque com tudo o que presenciei, com todo o sangue que sujou minhas vestes. O Reino das Fadas é um lugar traiçoeiro, com suas próprias regras e marcado por violência e vinhos cor de ouro. Tudo é absolutamente mágico e até as flores, aparentemente tão inofensivas, podem ser venenosas. 
Nessa corte tão perigosa, a rosa com espinhos é Jude Duarte, a menina sequestrada do mundo mortal com suas irmãs quando havia apenas 7 anos. Ela parece inofensiva, mortal demais aos olhos feéricos, mas vejo nela o maior perigo de todos. Existe ódio e fome de poder. Era como se ao longo dos dias, eu visse sobre seus olhos o desmonte da antiga Jude e o que ela estava se tornando com cada pequena ação. O que ela estava se permitindo ser. E é engraçado que ela mesmo diz isso. 
Em meio a um jogo por entre as sombras e festas glamourosas, uma trama era formada e entrelaçada e no pião da rainha estava Jude, calculando seus passos minuciosamente. E eu não estava preparada para tudo o que presenciei, para os corpos atravessados por espadas e pela crueldade que não se fazia presente em um único corpo. 


"— Você sabe o que significa a palavra mortal? Significa nascido para morrer. Significa merecedor da morte. É o que você é, o que define você: mortal [...]" Capítulo 9
Entrelaçados nessa trama estão a realeza do Reino das Fadas, e lógico, Cardan, o conhecido príncipe cruel. O interessante foi analisar, enquanto me escondia nos bailes, que ele estava longe de ser o pior de todos. Na realidade, criei muita afeição a ele. Mas ele tem muito a ser mostrar ainda e estou ansiosa para isso, por mais surpresa que eu possa ficar. 
Em vários momentos me vi passando os dias e noites ainda em choque, sem saber em quem confiar (e não confiando em ninguém) e presa a uma mente que estava mudando muito rápido. Não existe preto no branco aqui, muito menos o que é necessariamente errado e certo. Alguns sacrifícios serão necessários para a realização dos objetivos e para isso, muitas pessoas sairão feridas e marcadas para sempre. 
Enfim, enquanto ando a procura do meu destino, sentindo as raízes das árvores sob meus pés, eu sei que em breve voltarei para cá, e que esse lugar mudará drasticamente e uma nova história começará. Por mais medo, choque e desconforto que eu tenha sentido, o Reino das Fadas encanta tanto quanto incomoda e ele é irresistível, como o doce que sabemos que faz mal mas mesmo assim comemos. 

           






50% de O Príncipe Cruel

Tá, vou ter que falar bem rápido porque muita coisas estão acontecendo por aqui. Para quem não sabe, faz pouco tempo que minha missão em Adarlan terminou e eu atravessei o portal espelhado para o Reino das Fadas. Sinceramente, estou assustada. 

Quando cheguei aqui não sabia tanta coisa, além de que provavelmente as fads não seriam muito legais. Mas eu não esperava tanto. Tive que me encantar e me personificar em feérica para conseguir passar mais despercebida (ainda não sei se foi uma boa escolha), mas em todo momento ando assustada, com medo de comer algo envenenado ou ter que me revelar para me proteger.

"Então você simplesmente decidiu isso? Achei que não funcionava assim. Sempre pensei que o amor acontecesse quando você menos esperasse, como uma dor de cabeça" Capítulo 5

Por aqui conheci Jude, Taryn e Vivi, garotas trazidas do mundo humano quando ainda eram muito meninas e já presenciei muitas crueldades realizadas com as duas humanas (afinal, Vivi também é feérica). Mas Jude, munida de raiva e um ódio crescente vem se preparando para um jogo extremamente cruel. A única certeza é que não será bonito de se ver. 

— Porque você é com uma história que ainda não aconteceu. Porque quero ver o que vai fazer. Quero ser parte do desenrolar da história." Capítulo 11

Cardan, o tal príncipe cruel, tem algum "que" de mistério e admito que estou muito curiosa para encarrar sua real fase. 

Por fim, aqui é um ambiente totalmente mágico, tudo parece ter vida. mas admito que não estava preparada para sapos gigantes servindo como transporte. Agora vou me calar e realmente espero está bem para o fim dessa jornada louca.

Relato de Isabelle, a bruxa, disfarçada de feérica. 


Feéricos e suas peculiaridades 

Olá, se você ainda não me conhece, sou Isabelle, a bruxa (sempre importante frisar) e hoje fui enviada pela anciã para falar sobre os feéricos. Na definição encontrada nas pesquisas no Edla Search, encontramos a seguinte coisa: fe.é.ri.co: 1. Relativo ou pertencente ao mundo do imaginário, do que não tem ligação com a realidade concreta e factual; fabuloso, fantástico, mágico. 2. Que diz respeito as fadas. Além disso, a palavra feérico vem do termo "feérique", que, por sua vez, vem do substantivo "fee", que significa "fada". Ou seja, é tudo fada

Mitologia 

Mas diferente da percepção apresentada a vocês, humanos, os feéricos não necessariamente são aqueles seres minúsculos com asas transparentes, passadas nos contos de fadas. A mitologia do povo feérico, deriva da mitologia celta, nela, eles acreditavam nesse povo que vivia no "Outro mundo". Mas o que seria esse "outro mundo"? Na visão dos antigos povos celtas a vida era concebida como existindo três níveis distintos, integrados em cada ser. Os três níveis eram: físico, metal e espiritual. E as pessoas só alcançariam a visão do espírito, se encontrassem o equilíbrio entre esses 3 níveis e lá, nesse outro mundo, viveriam os feéricos. 

Mas também existe a versão que o "Outro Mundo" seria as pequenas colinas ou terra onde vive os feéricos ou "povo de sídhe" (que seria o povo das colinas), e isso teria acontecido pois eles seriam o povo da deusa Danu, que abandonaram a Irlanda para viver no Outro Mundo depois de derrotados pelos milésios (o atual povo irlandês). E nisso, como sinal de rendição, os Tuatha Danuann (povo da deusa Danu), concordaram em viver no subsolo, em síde, as pequenas colinas. Caso você queira saber mais sobre o povo sidhe, clica aqui que existem mais informações, e aqui para descobrir sobre a mitologia celta e como teria sido a formação do povo feérico. 

Na Literatura 

E como elas começaram a serem representadas na literatura? Além de claro, estarem presentes nos folclores, as fadas encontraram seu espaço na literatura de entretenimento nós séculos XII-XIII. Isso aconteceu com o despontar da literatura narrativa de Corte nas segunda metade do século XII, utilizando os temas como "a fada que se deixa surpreender pelo cavaleiro por quem se apaixona, etc", se tornando constante nos lais e romances de cavalaria franceses do final do século XII em diante. (MORÁS, Antônio P.V.). 

Literatura feérica na antiguidade


E para vocês entenderem que as fadas estão com gente há muito tempo, separei 3 figurinhas que fizeram muito sucesso nos séculos passados e ainda fazem até hoje.

A Rainha das Fadas: Personagem de um poema épico do inglês Edmund Spencer e se passa no mundo mítico do Rei Arthur. (Datado de 1715). Poema original aqui.

Morgana Le Fay: Faz parte das lendas Arthurianas, sendo a sacerdotista na Ilha de Avalon, na Bretanha e meia-irmã de Arthur. As lendas Arthurianas tiveram inicio desde o idade média e faz sucesso até hoje. 

Titânia: Rainha das fadas na obra Sonho de uma noite de verão (1605) de William Shakespeare 

Literatura feérica na atualidade 

E no século atual, mais e mais livros se utilizam da mitologia feérica, trazendo histórias com mundos incríveis e personagens maravilhosos. Inclusive já visitei algumas dessas terras e foram experiências únicas. 


Referências: Dicionário MichaelisWiktionaryA tradição feérica e o povo das fadasDas representações míticas à cultura clerical: as Fadas da Literatura MedievalWikiFandomFada MorganaRei Arthur10 das principais fadas da literaturaFolha d.São Paulo (COTIDIANO).



 

A Linguagem era sua liberdade. (Capítulo 22)

A Biblioteca Invisível

Autora: Genevieve Cogman
Editora: Morro Branco
Ano de publicação: 2014
Número de páginas: 368
Narração: 3ª pessoa

Sinopse: Irene é uma espiã profissional da misteriosa Biblioteca, uma organização que existe fora do tempo e espaço e que coleciona livros e manuscritos de diferentes realidades. Junto com seu enigmático assistente Kai, ela é enviada para uma Londres alternativa com a missão de recuperar um perigoso livros. Mas quando chegam, ele já foi roubado.
As principais facções do submundo londrino estão prontas para lutar até a morte para achá-lo, e a missão de Irene é dificultada pelo fato de que o mundo está infestado pelo Caos - as leis da natureza foram distorcidas para permitir a existência de criaturas sobrenaturais e mágicas imprevisíveis. 
Enquanto seu novo assistente guarda seus próprios segredos, Irene logo se vê envolvida em uma aventura repleta de ladrões, assassinos e sociedades secretas, onde a própria realidade está em perigo e falhar não é uma opção.


Acabo de passar pelo portal e deixar a Biblioteca para trás, depois de todas as aventuras que vivi no alternativo de uma Londres invadida pelo Caos, frequentada por magia feérica, vampiros, lobisomens e diversas outras criaturas. Desde o primeiro capítulo, perdi o fôlego várias vezes com tanta rapidez e quantidade de ação que essa jornada me proporcionou. 
A anciã realmente não havia me informado sobre todas as surpresas que eu encontraria. Irene, a Bibliotecária que acompanhamos, é uma mulher esperta, espirituosa, forte, muito centrada - mas é falha. E esse é uma das suas melhores qualidades. Irene é, diferente da maioria dos que estavam à sua volta, essencialmente humana. Tão humana que as suas emoções - sobretudo a confiança e as suas crenças - foram postas à prova nesta nossa aventura.
Embora muitas coisas tenham acontecido, a nossa busca pelo manuscrito original dos Irmãos Grimm, de 1812, durou em torno de 5 ou 6 dias. Por vezes, tive a sensação de que já haviam passado vários dias - mas ainda estávamos nas mesmas 24h e já havia enfrentado lobisomens, feéricos e viajado em zepelins. 
A aventura também se superou quando tivemos que ativar o nosso modo detetive, com a ajuda do Sr. Vale (alguém muito próximo de Sherlock Holmes deste alternativo), para encontrar o livro - mesmo que só fôssemos descobrir no final o motivo para a Biblioteca desejá-lo. Mas Irene é leal. E faria o que fosse preciso para conseguir o livro, mesmo que tenhamos nos deparado com outros Bibliotecários tentando interceptar a sua missão e diversas outras criaturas tentando roubar o desejado livro.
Mas não lhe darei minha missão, não lhe darei meu aprendiz; e, se eu fosse o tipo de pessoa que tem ratos como animais de estimação, não daria a você nem mesmo o meu rato. Entendido? (Capítulo 3)

A Linguagem - o poder dos Bibliotecários - é muito surpreendente. Eu, como uma bruxa que já passei por vários mundos e tive contato com diversos tipos de magia, foi a primeira vez que presenciei uma manifestação tão específica e tão complexa quanto esse poder. Mas, de certa forma, estar perto de Irene fazia com que eu e os outros nos sentíssemos seguros. 

Neste universo, a Biblioteca é a maior das autoridades - ou pelo menos se enxerga assim. E os anciãos dessa associação secreta guardam muitos segredos que fazem os seus agentes agirem, em grande parte, apenas em nome da fé e da sua lealdade em relação à Biblioteca. Algumas vezes, observando Irene, questionei se ela não tinha dúvidas sobre a lealdade da Biblioteca em relação a ela - visto que tive a sensação de que a Irene poderia dar a vida pelo livro.

[...] todos nós ligados à Biblioteca somos pessoas que escolheram essa forma de vida porque amamos livros. Nenhum de nós queria salvar mundos. (Capítulo 14)

Em nossa jornada, havia tanta incerteza, um medo que tentávamos esconder sob o propósito de cumprir o plano para a Biblioteca, que mal podíamos conseguir um tempo para respirar fundo. Foi enérgico, do início ao fim. Fiquei encantada com o fantástico deste livro, até com a Londres caótica deste alternativo.  Além disso, fiquei ansiosa para embarcar em outras buscas com Irene e Kai, por outros alternativos ainda mais maravilhosos, mas precisei deixá-los para trás. Pretendo voltar a encontrá-los um dia, mas minha próxima jornada será rumo a Caraval.

- Então qual é o objetivo da Biblioteca? - perguntou Vale. / - Salvar livros - respondeu Irene com firmeza. (Capítulo 14)



Desde que me separei de Isabelle quando atravessamos o Vale de Usib, estou explorando um dos mais inusitados lugares fantásticos em que já estive. Quando fui enviada para esta jornada, a anciã me informou que eu encontraria todo tipo de magia e criatura, além de tecnologias não catalogadas, e teria de fazer o máximo possível para me disfarçar.

Estou acompanhando a passos cuidadosos a missão de Irene, uma Bibliotecária em busca do manuscrito original dos Irmãos Grimm, volume 1 de 1812, no momento localizado em Londres, paralelo B-395. É um livro importantíssimo para a Biblioteca - um lugar com passagem para vários mundos, alternativos com muitas peculiaridades entre si. A missão a levou para um alternativo infestado pelo Caos, onde a Bibliotecária não só pode, como deve desconfiar de tudo e de todos - não há ninguém essencialmente "do bem". 

"Um alto nível de Caos significava que eles podiam esperar encontrar seres feéricos, criaturas do Caos e da magia, capazes de tomar forma e provocar desordem em um mundo tão corrompido. E isso nunca era uma coisa boa. [...] O Caos fazia os mundos agirem de forma irracional." (Capítulo 2)

Neste local, em quarentena devido ao Caos, pode-se esperar todo tipo de manifestação mágica. Até agora, nos deparamos com vampiros, feéricos, outros Bibliotecários problemáticos e houveram uma ou outra menções a lobisomens e feiticeiros, além de dragões e as grandes incertezas sobre os seus reais poderes.

Os Bibliotecários detém um poder que nenhuma outra criatura sequer tem conhecimento - a Linguagem. Até agora, mal pude entender como ela funciona, mas é um poder que exige muita precisão e bastante cuidado com as palavras. 

Desde o primeiro capítulo estamos vivendo grandes aventuras e estou farejando um romance nascendo entre Irene e seu aprendiz, Kai. No entanto, embora encontre muitos detalhes sobre os locais, as aventuras e até mesmo as aparências dos envolvidos, não sei se posso dizer que já conheço Irene tanto assim. Já presenciei grandes reviravoltas e ainda tenho metade do caminho pela frente. Que a anciã Rogéria esteja conosco! 


 

Hoje pela manhã recebi um pergaminho da anciã Rogéria, me pedindo para trazer um apanhado de alguns animais fantásticos, os quais eu, que aprecio muito a fauna encantada, estou catalogando há anos. Consultei o meu acervo e selecionei alguns dos que julgo serem os mais importantes para você, que está conhecendo o nosso universo agora.

Guia básico de animais fantásticos

1. Dragões: Os mais conhecidos seres fantásticos, estão presentes na mitologia dos mais diversos povos e civilizações. São animais enormes, geralmente com aspecto reptiliano (semelhantes a imensos lagarsos ou serpentes). Na maioria das vezes, apresentam asas, plimas, poderes mágicos e podem cuspir fogo. Em alguns mitos, são apresentados literalmente como grandes serpentes, como eram os primeiros dragões da mitologia. Dependendo da cultura e mitologia do local (podem ser encontrados no folclore chinês ou no europeu, por exemplo), os dragões assumem diferentes significados para a sua mitologia: podem ser apresentados como fontes de força e grande sabedoria (como a aciã Rogéria) ou como criaturas ferozes.  
2. Fênix:
 
É um pássaro da mitologia grega que entra em autocombustão e, depois de algum tempo de sua morte, renasce de suas próprias cinzas. Também é caracterizada pela sua força que permite a ave carregar cargas muito mais pesadas que ela mesma enquanto voa; pode se transformar em uma ave de fogo e ainda há algumas lendas em que existe o registro de poderes curativos por meio da lágrima da fênix. Suas penas podem ser brilhantes, douradas, vermelho-arroxeadas e é do tamanho (ou ainda maior, como pude conferir com meus próprios olhos em uma de minhas aventuras) que uma águia. Paradoxalmente, a longa vida da fênix e o seu renascimento representam a imortalidade e o renascimento espiritual.

3. Hipogrifo:
 
Segundo as nossas pesquisas, essa criatura lendária é filha do cruzamento de um grifo (outra criatura fabulosa, muito feroz) e uma égua. Os hipogrifos são muito raros, pois grifos desprezam cavalos como cães desprezam gatos. Por causa dessa aversão, alguns textos medievais trazem o ditado "to mate griffins with horses" ("acasalar grifos com cavalos"), que significava algo impossível de acontecer. Assim, este animal fantástico é considerado um símbolo da impossibilidade e do amor. Embora o grifo seja uma criatura difícil de domar, o hipogrifo se apresenta mais dócil, podendo ser um animal de estimação de um(a) cavaleiro(a) ou de um(a) feiticeiro(a). É um ser extremamente veloz e é onívoro, ou seja, come tanto plantas quanto carnes.

4. Lobos fantásticos:
 
Nesta categoria, precisei trazer alguns exemplos, pois é bastante abrangente a presença do "lobo" nas mais diversas mitologias. O mais conhecidos são os lobisomens (ou licantropo), ser lendário, originado na mitologia grega. Trata-se de um homem que pode se transformar em lobo ou em uma criatura com aspectos parecidos; ele assume essa forma nas noites de lua cheia e volta à sua forma normal ao amanhecer. O que poucos sabem é que, na mitologia nórdica, o lobo é uma figura muito comum. O mais conhecido é o lobo Fenrir (em nórdico antigo: "morador do poço"), que é um lobo gigantesco, filho de Loki, pressagiado para matar o deus Odin, o rei de Asgard, durante o Ragnarok. Confesso que não tive muito contato com lobos em minhas aventuras; costumo fugir deles, visto que são criaturas misteriosas e um tanto sombrias.
5. Pégaso: 
Ou Pegasus. Foi originado na mitologia grega, um cavalo alado e símbolo da imortalidade. Sua figura aparece no mito de Perseu e Medusa. Pégaso nasceu do sangue de Medusa depois de ser decapitada por Perseu, semideus filho de Zeus. Ele aparece em outros mitos gregos, como quando Belerofonte, um semideus filho de Poseidon, matou a poderosa Quimera montando em Pégaso após domá-lo com a ajuda de Atena. Também montado em Pégaso, Belerofonte tentou chegar ao Monte Olimpo, mas Zeus fez o cavalo alado derrubar o seu cavaleiro. Depois do acontecimento, a lenda diz que Zeus transformou Pégaso em uma constelação a fim de recompensá-lo, onde deveria ficar à serviço dos deuses. Não se sabe como, mas há registros de Pégaso (ou mesmo outros cavalos alados de origem desconhecida) em outras narrativas. São seres dóceis, mas que apresentam uma postura de bravura. 

6. Unicórnios:
 
Talvez sejam tão conhecidos quanto os dragões, mas muito mais famosos na contemporaneidade. É um animal que tem a forma de um cavalo, geralmente é branco, com um único chifre em espiral. O símbolo do unicórnio é muito associado à pureza e à força, não deixando de ser uma criatura dócil. É muito frequente em narrativas medievais e renascentistas, não possuindo um significado único. A origem dele é incerta e se perde em nossos estudos. Presente em mitos de imperadores chinenes e em lendas do Ocidente. O mundo não-mágico é tão encantado por este animal que, em 1663, encontraram o esqueleto de um animal em uma caverna na Alemanha que, na época, atribuíram a um unicórnio. Descobriram, depois, que as ossadas eram possivelmente de um mamute com outros animais, montados por meros humanos de forma equivocadas. Mal sabem eles que os unicórnios jamais se aproximariam de regiões desprovidas de magia. 

Agora, voltarei os meus estudos para o baú e seguirei com a minha viagem. Espero ter atendido ao pedido de Rogéria e que você tenha gostado do recorte da nossa enciclopédia mágica. Até a próxima!

Fonte: Wikipédia (Verbetes de cada animal)



Autor(a): Sarah J. Maas 
Editora: Galera Record 
Nº de páginas: 392
Narração: 3ª Pessoa

Sinopse:  

A magia há muito abandonou Adarlan. Um perverso rei governa, punindo impiedosamente as miniorias rebeldes. Aos 18 anos uma prisioneira está cumprindo sua sentença. Ela é uma assassina, e a melhor de Adarlan. Aprisionada e fraca, ela está quase perdendo s esperanças, a sentença de morte é iminente, mas a jovem recebe uma proposta inesperada: representar o príncipe em uma competição lutando contra os mais habilidosos assassinos e larápios do reino. Mas ela não diz sim apenas para matar, seu foco é obter sua liberdade de volta. Se derrotar os 23 assassinos, ladrões e soldados, será a campeã do rei e estará livre depois de servi-lo por alguns anos. Endovier é uma sentença de morte, e cada duelo em Adarlan será para viver ou morrer. Mas se o preço é ser livre, e ela está disposta a tudo. Seu nome é Celaena Sardothien. O príncipe herdeiro vai provocá-la, o capitão da guarda fará tudo para protegê-la. E uma princesa de terras distantes se tornará algo que Celaena jamais pensou ter novamente: uma amiga. Mas algo maligno habita o castelo - e está ali para matar. Quando os demais competidores começam a morrer, um a um e de maneira terrível, Celaena se vê mais uma vez envolvida em uma batalha pela sobrevivência e inicia uma jornada desesperada para desvendar a origem daquele mal antes que ele destrua o mundo dela. É sua única chance de ser livre. No ritmo dos livros de fantasia de Tolkien, o mundo de Celaena é aquele em que a magia é proibida e o poder é arrebatado pela ganância. A narrativa em terceira pessoa permite uma visão frequente de vários personagens (heróis e vilões), mas sem perder o foco da confiante e conflitante protagonista. Eleito um dos melhores livros do ano pela Amazon e best seller do New York Times, o universo de Trono de Vidro começou a ganhar forma quando Sarah J.Maas pensou: e se Cinderela fosse uma assassina? E se fosse ao baile não para dançar com o príncipe, mas para matá-lo? Assim nasceu Celaena Sardothien, a heróina que conquistou milhares de leitores por todo o mundo.


Estou deixando Adarlan, minha jornada acabou por aqui, por enquanto. Quando pisei nessa terra, sabendo apenas algumas coisas que anciã deixou escapar, não esperava me surpreender tanto. Pois um começo e um fim se traçou aqui. Celeana, a assassina antes enclausurada, veio em busca de sua liberdade, disposta a servir aquele rei que tomara tudo de si e participar de um torneio perigoso. Dorian, o príncipe, tem um coração muito distinto de seu pai e um desejo e vontades convergentes com as ideias sanguinárias do rei de Adarlan. O jovem príncipe terá muito o que apreender, inclusive no amor. Mas enquanto o observava de longe, as mudanças eram perceptíveis, a assassina o mudou. Chaol, o capitão da guarda, tão novo (e gato! Que a anciã não me escute), viveu nesse período curto de tempo o agridoce da vida, provou o doce e o azedo, e para ele, que vivia a vida tão preto no branco, as coisas começam a se colorir de desenfreada, o assustando. A assassina também deixou sua marca nele. O engraçado é que marcou ambos com sua risada, coragem e não como a Celeana, a assassina, temida por todos. 

"Celaena entrava em uma cidade feita de papel e couro. Ela levou a mão ao coração. Para o inferno com rotas de fugas." Capítulo 8

Mas em um castelo de vidro, os sussurros percorrem, mortes acontecem, sentimentos adormecidos despertam. E as paredes transparentes viram sangue jorrar, fazendo os sussurros aumentarem e eu questionar se aquela força chegaria até mim. E por mais feitiços protetivos que tenha feito durante a calada da noite, o medo ainda percorria meu corpo e arrepiava minha espinha. Acredito que essa sensação não tenha sido diferente com Celeana. O medo estava escrito em seus olhos. Afinal, nós temos medo do desconhecido. 

"— Não importa o que aconteça — disse a jovem, baixinho, — quero lhe agradecer.

Chaol virou a cabeça para o lado.

— Pelo quê?

Os olhos de Celaena ardiam, mas ela culpou o vento impiedoso e piscou para afastar a umidade.

— Por fazer com que minha liberdade significasse alguma coisa." Capítulo 47

Apesar de ser um jogo perigoso, e sentado no Trono de Vidro, esteja um rei tirando, a forças realmente despertando por aqui. Sejam sentimentos fortes, como o amor, a liberdade, a dor, ou mesmo a vingança. Talvez quem sabe a magia, a palavra não pronunciada há muito tempo. No fim, temos um ciclo se fechando para mim, pois estou prestes a embarcar em outra jornada, e para Celaena, mas com a certeza de que um novo logo se inicia e ela terá que enfrentar o mal chamado homem e suas políticas corruptas. 

Espero poder ver o resto da história. O que me resta agora é encarar outro rei. Que a anciã me ajude!

                                 

                                                                                      



Quando sai de Edla e atravessei o Vale de Usib com a Letícia, e cada uma mergulhou em um portal espelhado, eu não esperava encontrar Adarlan como encontrei. Tive que me disfarçar, encobrindo completamente minha magia e consegui entrar no castelo de vidro (breguissímo, aliás). A anciã já havia me contado que aqui eu encontraria um rei genocida e que por nenhum segundo minha origem poderia ser descoberta, mas não esperava me deparar com um torneio e nele, com a assassina de Adarlan. Ficou muito claro que as pessoas não sabem a sua verdadeira identidade, mas eu sim. Conheci algumas pessoas de nomes bem difíceis, como Chaol e o príncipe Dorian. Nunca sei se estou falando o nome deles certo ou não. 

Venho acompanhando o torneio de longe, mas estudo cada passo, assim como as mortes que rondam o castelo misteriosamente.

Os dias correm, os campeões vem diminuindo pouco a pouco e eu continuo com uma impressão que algo irá vir para mudar tudo e começar uma nova história (a anciã é fofoqueira e já me contou algumas coisas do futuro de Erilea). 

"Celaena não temia a noite, embora achasse pouco reconfortante as horas escuras. Era apenas o momento em que dormia, o momento em que perseguia e matava, o momento em que as estrelas emergiam com beleza reluzente e a faziam se sentir maravilhosamente pequena e insignificante." Capítulo 24

Sinto romance no ar e a assassina, apesar de enfim ser uma assassina, encanta aqueles por onda passa, e enganam-se alguns que se dizem imunes a ela. Eu só sinceramente não sei se o destino dela está entrelaçado com o guarda turrão ou o príncipe gostosão (na realidade eu sei. Anciã fofoqueiraaa). 

Além disso, o mistério ronda por aqui, envolvendo símbolos antigos e uma magia adormecida. A cada dia que passa, sinto que mais sangue se derramará e que há muitas coisas escondidas, prestes a serem reveladas, e estou ansiosa para conhecer cada uma delas. Só espero que até lá, meu pescoço permaneça a salvo.