Autor(a): Jewel E. Ann

Editora: Allbook

Nº de páginas: 369

Narração: 1ª pessoa

Sinopse: 

Flint Hopkins encontra a inquilina perfeita para alugar o espaço sobre seu escritório de advocacia em Minneapolis. Todos os requisitos foram preenchidos na proposta de Ellen. As referências dela são boas. E ela é bonita. 

Até...

Flint descobrir que Ellen Rodgers, musicoterapeuta certificada, toca instrumentos musicais. Bongô, violão, canto - nada de Beethoven que se pudesse controlar com fones de ouvido com cancelamento de ruído. 

O advogado implacável envia um aviso de despejo para a efervescente ruiva que cantarola eternamente, que é sexy demais para o próprio bem. Mas a sorte está ao lado de Ellen, e Harrison, o filho autista de Flint, gosta dela à primeira vista. Um pai solteiro não pode competir com violões - e ratos. Sim, ela tem ratos de estimação. 

Essa mulher...

Ela é irritantemente feliz e tem uma necessidade constante de tocá-lo - ajeitar sua gravata, abotoar sua camisa, invadir seu espaço e bagunçar sua cabeça. 

Mesmo assim...

Ela precisa ir embora. 

O relacionamento de desejo e ódio progride para algo bonito e trágico. Essa sexy comédia romântica explora as coisa que queremos, as coisas que precisamos e as decisões impossíveis que pais e filhos tomam para sobreviver.


"Perfeito para o papel" começa mostrando o lado feio da história, aquele lado que vai criar cicatrizes por todo o livro. Afinal, Flint dirigiu alcoolizado para casa com sua família, e sua esposa acabou morrendo. Não foi necessário uma cena grandiosa, com detalhes realistas, para sentirmos a profundidade daquele acontecimento e da dor que ele causaria. 

É claro que esse fato transforma Flint em outra pessoa. Existe ele antes e depois desse acidente. A sua personalidade muda, seus objetivos e sua própria percepção de si mesmo. Ele não acha que deve ser feliz, não acredita nisso. Depois de muitos anos, Flint conhece alguém que mexerá com sua rotina plastificada. Ellen é bem diferente de Flint. É musicoterapeuta, vive cantarolando e tem 4 ratos com nomes enormes de músicos. É muito claro que essa combinação não daria certo, não é? Principalmente quando Harrison, o filho de Flint, se apega automaticamente a Ellen. 

"Devemos lembrar das pessoas em seus momentos mais bonitos, mas não é o que fazemos. É o sofrimento que deixa uma impressão mais duradoura." Capítulo 2

"Perfeito para o papel" foi amplamente panfletado para mim. Minhas amigas desse mundinho blog falavam "Isabelle, é maravilhoso, vai ler!", e eu então decidi que iria ler. Li e me lasquei. Esse livro é um absurdo de bom, daqueles que você acaba e fica olhando para a parede por uns bons minutos, naquela posição pensativa do Sasuke no Naruto Clássico. 

Isso porque o livro consegue ser uma montanha russa de sentimentos. Uma hora eu estava morrendo de rir e fazendo dancinhas mentalmente e na outra hora estava entrando no pronto socorro com sérios problemas de saúde. Afinal, o livro mescla vários assuntos, como autismo, perdas, traumas, luto, decepções, alcoolismo e ai vai. Você lendo isso talvez pare e pense: Meu Deus, não é muita coisa para um livro só? É, talvez. A questão é que os personagens tem essa bagagem, eles não vivem uma vida plastificada e todas essas nuances que aconteceram ao longo de sua trajetória formam o que eles são e dão certeza de suas ações e escolhas. 

"— É você é o primeiro sopro de oxigênio que entra em meus pulmões em dez anos — cochicha no meu ouvido. " Capítulo 15

Porém, acredito que o mais importante do livro por inteiro, não seja o modo como todos os fatos são dispostos sobre a mesa, mas sobre como a trama nos faz sentir, pelo menos como me fez sentir. Por fim, em uma narrativa que se propõe a falar sobre tantos temas, poderia ficar complicado entender o tema central de tudo, sobre o que a história realmente se trata. Mas para mim ficou muito claro. "Perfeito para o papel" fala sobre segundas chances. Eles estão tentando escrever uma nova página de suas vidas e percebendo que sim, merecem a felicidade que bate em sua porta. 

            

                                                                              

 



"Na maior parte das vezes, a mocinha precisa se salvar sozinha." (Capítulo 1)

Um Casamento Conveniente

Autora: Tessa Dare
Editora: Gutenberg
Ano de publicação: 2017 (versão brasileira: 2019)
Número de páginas: 256
Narração: 3ª pessoa
Título original: The Duchess Deal
Sinopse: Com metade do rosto marcado e desfigurado pela guerra, não foi só a aparência do Duque de Ashbury que sofreu mudanças: a rejeição e o olhar de desprezo das pessoas mutilaram também o seu interior. E, já que precisava viver às sombras da sociedade, ele decide que passará seus dias perambulando por Londres durante a noite para assustar todos que cruzarem seu caminho.
Mas o tempo passa, e em posse de um grande título, o duque sabe que precisará cumprir o dever de conseguir um herdeiro para seu ducado. Para isso, só existe uma regra: encontrar uma mulher que aceite um casamento de conveniência, lhe dê um herdeiro e desapareça de sua vida. 
Quando Emma Gladstone, uma costureira, aparece na casa de Ashbury para exigir o pagamento de uma dívida, ele vê ali uma grande oportunidade de acordo e lhe faz a proposta de casamento. Mas o duque deixa claro que, assim que Emma engravidar, ela deverá partir para o interior e sumir para sempre. 
Ele precisa de um herdeiro. Ela precisa de um bom casamento. Os dois estão dispostos a tudo, desde que não envolva seus corações. Mas será que o amor cabe nas entrelinhas de um contrato?

Querida Isabelle,

Entendi o entusiasmo das pessoas, principalmente você, quando se trata desta cidade. Londres sempre me surpreende - e é uma surpresa, sobretudo, que eu ainda não tenha me acostumado com isso. Desta vez, contudo, foi no sentido bom e ruim. Eu mal cheguei à cidade e presenciei uma tentativa de assalto! A vida no meio urbano é realmente mais agitada e um tanto quanto perigosa. Mas é claro que tem suas partes boas...
O casal que acompanhei enfrentava o maior dos perigos quando se tem medo, a possibilidade à qual todos nós estamos sujeitos: o amor. 
Emma e Ash me receberam muito bem. É certo que isso teve muito mais parte da Emma do que do duque, mas, com o tempo, eu e as outras meninas pudemos perceber que ele só precisava de um sinal de confiança. 
"O homem era cínico, insensível, desdenhoso e grosseiro. E ela iria, com certeza, se casar com ele." (Capítulo 3)
As cicatrizes que mais doem em Ash já não são mais as físicas; com essas ele aprendeu a lidar. As emocionais foram tão profundamente marcadas que ele faz de tudo para esconder-se, acredito eu faça isso buscando esconder de si mesmo a própria dor. 
Mas esse acúmulo de dores faz com que ele se torne alguém amargurado. De tanto repetirem que ele possui uma aparência repulsiva, ele tomou como verdade e se colocou em uma zona onde o amor não consegue se infiltrar. Não quando ele é franco. 
Ver Emma aparecer na vida dele foi como colorir um desenho em preto e branco. Vi aquele homem mudar da água para o vinho! E mesmo que Emma estivesse ali para dizê-lo o quanto é bonito e atraente independentemente do que os outros dizem, acho que o grande trabalho dela foi ajudá-lo a ver o quanto de beleza ele tinha por dentro, permitindo que nós pudéssemos ver também.
"Olhe para mim. Olhe para mim. Porque você é a única que olha. Provavelmente será a única que irá me olhar." (Capítulo 24)
O que, talvez, pouca gente sabe é que a relação que nasceu ali não foi um ponto de virada apenas para a personalidade do duque. A própria Emma pôde e teve que encarar a dura realidade da mágoa, do abandono, do preconceito em si; para ela, que sentiu tantas vezes a dor da rejeição, de tantas maneiras e de tantas fontes diferentes, um amor como o de Ashbury, buscando ser livre de amarras de preconceitos da sociedade, era o que ela mais precisava. Emma ainda me presenteou com a ilustre companhia de seu gato, Calças, com quem tive ótimos momentos. Além dos criados de Ash, que, mesmo que fossem escolhidos a dedo, não seriam tão maravilhosos. 
Querida amiga, foram longas semanas acompanhando casais feito gato e rato, que mais se bicavam do que se beijavam, mas devo confessar que Emma e Ash vieram tomar um lugar especial e cativo no meu coração. Vi nascer e florescer uma relação com muita cumplicidade, proteção, cuidado, carinho, superação e... amor. Sempre amor. Nos momentos finais, é sempre com o amor que contamos. 
Logos nos vemos e reunimos tudo o que foi visto. Chegou a hora de revelar aos nossos leitores cada detalhe, cada mínima coisa que pensaram mesmo que não iríamos reparar. Não vejo a hora de contar tudo! Até breve.
Cordialmente,
Lady Letticia.
"'Que Deus me ajude'. Não. Isso não era necessário, ela decidiu. Não seria Deus quem ajudaria. Ela tinha aprendido essa lição há muito tempo. Na maioria das vezes, uma garota precisa ajudar a si mesma." (Capítulo 31)







Estimados leitores,

O fim do noivado de um certo duque o colocou em uma situação delicada (sabe-se que nobres precisam de herdeiros...) até que seu caminho foi cruzado com o de uma jovem e bela costureira.

É claro que esse encontro não se deu ao acaso. Pode ter um pouco de destino na encomenda de um vestido a uma costureira promissora, a quem não se pode negar a atribuição de uma personalidade forte e uma vida, digamos, difícil. Mas onde o destino se encaixa quando nos deparamos com a dita costureira trajando um vestido de noiva e batendo à porta de um duque extremamente reservado? É impossível ver uma cena dessa e não querer saber o que a justifica. 

Foi assim que nos vimos no meio de um casamento por conveniência, em que um duque, sem esperanças de um eminente casamento e beirando o desespero para garantir um herdeiro, oferece a ascensão social e econômica à nossa jovem costureira. Para a nossa grande alegria, ainda pudemos encontrar um amigo felino pelo caminho.

Quem chega perto do recém-casal, tende a se encantar pelos diálogos inteligentes e pelo amor que vem crescendo entre eles, para além de aparências e preconceitos da sociedade. Não, isso não é o mais importante. O romance que estamos acompanhando é um tapa certeiro no rosto daqueles que não enxergam a pureza de um sentimento como o amor, preferindo destacar as mazelas de pessoas interesseiras e maliciosas. 

Não que seja novidade - alguns jornais estão noticiando isto há semanas -, mas paralelo ao tal casamento, também tem chamando a atenção de toda Londres a ação de um tal de "Monstro de Mayfair". A ele foram atribuídas ações boas - como salvar crianças e mulheres de situações perigosas - e ruins - como agressões, sequestros, sendo até mesmo acusado de assassinato! A verdade sobre esse caso... Vocês saberão em breve. 

Por ora, seremos os olhos e os ouvidos em torno do tal casal misterioso. 

Cordialmente,

Lady Letticia de Sleey.



Autor(a): Lorraine Heath 

Editora: Harlequin Books

Nº de páginas: 304

Narração: 3ª pessoa 

Sinopse:

Mick Trewlove é o filho bastardo do duque de Hedley, mas ninguém sabe disso. Mesmo depois de se tornar um empresário de sucesso, ele ainda busca vingança contra o homem que o abandonou. E qual a melhor forma de fazer isso do que seduzir a noiva do filho legítimo do duque? Lady Aslyn está noiva do conde Kipwick, filho único do duque de Hedley, mas se vê, inesperadamente, apaixonada pelo misterioso bilionário Mick Trewlove. Durante os passeios pelos parques de Londres, ela começa a desconfiar de que algo se esconde por trás do sorriso sedutor, mas não tem certeza. Quando os segredos são revelados, uma reviravolta inesperada surpreende Mick, que terá que escolher entre manter seu plano de vingança ou ser feliz.


Querida Letticia, 

Já estou voltando para casa, foi realmente uma longa temporada, é uma pena que passamos tão pouco tempo juntas em Londres. Mas enquanto não pudemos nos reunir e conversar sobre tudo o que aconteceu, lhe contarei uma história interessante. 

O último caso que cobri foi de Mick Trewlove, um homem sem títulos, de fato, mas dono de uma verdade avassaladora, daquelas que a sociedade não quer ouvir. Na realidade, o fato dele ser um bastardo me fez olhar para um lado da nossa vida que eu nunca tinha parado para refletir. Às vezes ficamos encantadas demais pela luxúria, as peças caras de porcelana ou o ideal de um amor verdadeiro e esquecemos que a maioria das histórias não são contadas e essas, são as feias. 

As pessoas enxergam feiura em Mick, como se ele tivesse um tipo de peste contagiosa, pelo simples fato de seus pais terem tido uma noite juntos, fora do matrimônio. E como sempre, o homem é aquele que não consegue controlar os seus desejos, ele simplesmente não pode, e a mulher, ao se deitar com ele, ou simplesmente ser abusada, é marcada como pária para a vida toda. Por isso, um homem que se forjou da fuligem das chaminés imundas de Londres, quer ser reconhecido. Ele quer ser visto como merecedor e ter acesso a tudo. 

Porém, os segredos da vida sempre tem uma segunda página, e esta se chama Lady Aslyn Hastings, uma dama enclausurada, prometida em matrimônio desde muito pequena com alguém que ela chamava de melhor amigo. Ela não teve amigas, minha cara amiga. Vivia como um passarinho dentro de uma gaiola, e agora, esta foi aberta e ela tem muito medo de voar. Tem medo de bater suas asas e nunca mais voltar. De tudo o que lhe foi mostrado e apontado, não significasse muita coisa no fim do dia. 

O caso é que uma relação que começou pelos meios errados, se tornou absolutamente verdadeira, embebida no desejo, e desejo significa profanação na nossa sociedade, e ela, bem, gera escândalos. Principalmente quando uma mulher escolhe o que quer. Com certeza você já ouviu sobre as coisas que ocorreram por aqui e duvido minha cara amiga, que parearemos de ouvir sobre os Trewlove por um bom tempo. 

Nos vemos em casa? Espero que esteja se divertindo com a Emma e o duque. 

Atenciosamente, 

Lady Isabelle

   

Caro leitor, 

O fim da temporada para mim não poderia está sendo mais interessante.  Já discutimos antes aqui sobre os podridões da sociedade e todas as coisas que são escondidas por trás dos grandes bailes e os títulos. Mas esse caso que vos falo, é um daqueles escândalos que fazem qualquer uma arregalar os olhos e mostra mais uma camada pesada de sujeira sob nossas cabeças. 

O que descobri é que o Duque de Hadley tem um bastardo. O que não é nenhuma novidade, porque ser infiel às suas esposas é de uma normalidade absurda, apesar de um filho fora do casamento ser visto como uma monstruosidade. O duque pegou o bebê recém-nascido em seus braços e o levou embora, o entregando para uma mulher para simplesmente tentar esquecer que um dia aquele bebezinho existiu. Porém, ele existe, e hoje é um homem, e este homem é conhecedor de seu passado. 

A vingança nunca é algo bonito, caros leitores, e enquanto observo as engrenagens dessa começando a girar, já prevejo uma história com momentos bem feios. Será dolorido. Mick, quer aquilo que é seu por direito e ele sabe que para avançar na escadaria da sociedade, ele precisará derrubar alguns pinos, e está disposto para isso. Já presenciou muita feiura na vida e forjou sua vida e riqueza com o próprio suor. Então, meu caro duque, ele não terá medo de batalhas. 

Porém, os caminhos nunca são lineares, e a dama na qual Mick mira sua ponte da vingança, se mostrará muito difícil de resistir, assim como ela a ele. Esperemos, meu caro leitor, esperemos. 

 Atenciosamente, 

Lady Isabelle 

Uma dama fora dos padrões

Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
Ano de publicação: 2016 (versão brasileira: 2018)
Número de páginas: 270
Narração: 3ª pessoa
Título original: Because of Miss Bridgerton
Sinopse: Às vezes você encontra o amor nos lugares mais inesperados...
Esta não é uma dessas vezes.
Todos esperam que Billie Bridgerton se case com um dos irmãos Rokesbys. As duas famílias são vizinhas há séculos e, quando criança, a levada Billie adorava brincar com Edward e Andrew. Qualquer um deles seria um marido perfeito... algum dia.
Às vezes você se apaixona exatamente pela pessoa que acha que deveria...
Ou não. 
Há apenas um irmão Rokesby que Billie não suporta: George. Ele até pode ser o mais velho e herdeiro do condado, mas é arrogante e irritante. Billie tem certeza de que ele também não gosta nem um pouco dela, o que é perfeitamente conveniente.
Mas às vezes o destino tem um senso de humor perverso...
Porque quando Billie e George são obrigados a ficar juntos num lugar inusitado, um novo tipo de centelha começa a surgir. E no momento em que esses adversários da vida inteira finalmente se beijam, descobrem que a pessoa que detestam talvez seja a mesma sem a qual não conseguem viver.

"Ela sussurrou o nome dele. Ele inclinou a cabeça de lado de maneira indagadora, e ela percebeu que não tinha ideia de por que o tinha chamado, só que parecia muito certo estar ali com ele e que, quando ele a olhava daquele jeito, como se a achasse extraordinária, ela se sentia extraordinária." (p. 161)

Querida Isabelle,

As suas saudações foram dadas à senhorita Billie Bridgerton, que agora já posso chamar de nossa amiga, a quem talvez já não possa mais chamar de senhorita, muito menos de Bridgerton - embora, ela tenha me dito, em seu coração sempre será uma Bridgerton.
De fato, as minhas expectativas foram atendidas e tive excelentes dias em Kent. Billie não nos deixou parar um segundo, mesmo com o pé machucado. Logo que cheguei, flagrei um incidente envolvendo uma árvore, um telhado, um gato e Billie tentando bancar a heroína sem nem mesmo gostar do felino. As coisas não saíram como o planejado e quem apareceu para salvá-la foi o nosso - agora muito querido - visconde de Kennard, ou George, para os mais íntimos. 
Eu aprendi muito bem com você a identificar um casal promissor ao menor sinal de amor. Ou melhor, no caso deles, com todos aqueles sinais de ódio e repulsa. Foram assim nos primeiros encontros: sempre esperava pela tensão, pelos diálogos afiados e ácidos, pelos olhares desafiadores. Mas com o tempo, é claro, tudo foi ficando mais leve e toda aquela raiva dando lugar à paixão. Por vezes, eu quis dizer a eles que precisam se permitir. Eu deveria ter sussurrado, enviado um bilhete, ter feito um dos criados dar sinais... Qualquer coisa. No entanto, confesso que era a minha ansiedade falando mais alto e uma parte de mim sabia que eles precisam de um tempo para perceber que o amor estava nascendo ali. E foi lindo, lindo de se ver. Mesmo que às vezes me parecesse que George queria que Billie se mostrasse sendo algo que não era - exprimindo feminilidade, por exemplo -, poderia ser que ele só quisesse ver um lado que ninguém mais via. E não é que conseguiu? Ela também não ficou atrás nesse quesito.
"Ele a queria. A queria como nunca quisera nada. Queria o sorriso dela, e o queria só para si. Ele a queria em seus braços, sob seu corpo... porque de alguma forma sabia que, na cama dele, ela seria misteriosa e feminina." (p. 153)
É claro que não foi uma grande surpresa quando, lá para as tantas, tive que me deslocar novamente para Londres. Decididamente, é aí que tudo acontece. Não sei o porquê de estar resistindo tanto, mas definitivamente terei de aceitar o meu destino agora. Mas vou sentir uma certa saudade de Kent. Foram bons dias, além de que conhecer um pouco mais dos Bridgertons e ser apresentada aos queridos Rokesbys foram momentos fantásticos. Estou ansiosíssima para saber mais deles no futuro. 
Neste momento, no entanto, estou ansiosa para encontrar você e finalizar esta nossa recolha de informações. Agora que estou em Londres, preciso que você me atualize sobre tudo o que eu perdi enquanto estive fora. Quais são as últimas novidades?
Cordialmente,
Lady Letticia






Estimados leitores,

Por mais surpreendente que a vida seja, nada nos prepara para a inusitada atitude desta dama. Nenhum cidadão de Kent estava minimamente esperando, no entanto, que aquele seria o seu herói.
Essa surpresa se dá à relação que esta lady e este lorde levam há anos. Desde antes mesmo de nascerem, suas famílias constroem um laço que nem mesmo as diferenças de ambos poderiam desfazer. E é claro que o que estamos esperando é que essa relação acabe por... Fortalecer ainda mais. Talvez até selar essa união de vez. 
Depois do incidente com o gato na árvore - e da tentativa de salvação da nossa querida dama, a quem o improvável visconde teve que salvar -, as coisas não estavam tão agitadas até que uma das famílias decidiu dar uma festa, convidando grandes nomes da sociedade, todos reunidos em sua casa, com a óbvia expectativa de arranjar casamentos aos jovens disponíveis, querendo eles ou não.
Tem sido dias divertidos, leves, inusitados. Pudemos observar as fagulhas surgindo entre o nosso casal. A recepção organizada por uma das famílias está sendo uma ótima oportunidade para observá-los bem de perto. Quem sabe até conseguir furos de notícias sobre outros possíveis casais...
Teremos mais um romance nascendo de um conflito? É provável que sim. Mas, cá entre nós, esse casal, especialmente, tem sido bastante agradável de acompanhar seus breves momentos. São inteligentes e intensos como gostamos de ver. Estamos atentas para qualquer mínimo sinal que desvie do conflito, do desentendimento, da frustração... E que essas águas fluam em direção ao amor. 
Cordialmente,
Lady Letticia


 


As coisas andam agitadas pela redação, mas fizemos uma seleção especial para o editorial de hoje: romances de época de autoras brasileiras!

Não vamos negar o valor dos muitos romances estrangeiros, amamos muitos deles; no entanto, é inegável que há também muito a ser notado por aqui que, na maioria das vezes, nem nos damos ao mínimo trabalho de valorizar! É uma seleção que servirá para nós mesmas ter mais contato com essas produções, que são por vezes esquecidas.


Lady Audácia
 compõe a série Damas de Aço, sendo o primeiro deles, escritos por Karina Heid, que estudou Comunicação e Psicologia, e é brasileira nascida no Espírito Santo. A obra é ambientada na Alemanha, precisamente no Reino de Württemberg, em 1871. Um duque do tal reino está fugindo, incansavelmente de casamentos, como alguém foge de tiros na guerra, assim como quer manter distância dos bailes e grandes salões. Emma Thiessen é a filha do meio do maior industrial do aço, criada sob rígidos cuidados. Por trás da aparente vulnerabilidade, é inteligente e determinada. O destino coloca os dois personagens um à frente do outro e uma dança - apenas uma dança - parece mexer com os dois a ponto de deixar as estruturas do coração instáveis e confusas. 


Sendo a mais recente obra publicada de Babi A. Sette - paulista formada em Comunicação Social e diversas vezes publicada -, Meia-noite, Evelyn nos apresenta à Evelyn Casey, uma lady que precisa garantir um casamento para não perder tudo o que tem: a sua casa, as terras onde nasceu e, sobretudo, a tutela de sua irmã, Violet. Ela corre esse risco por causa de três homens, dentre eles, Harry Montfort, o libertino e inconsequente filho de seu padrasto. Ele odeia a nobreza e a alta sociedade inglesa, mesmo que carregue o sangue azul em suas próprias veias. Estava satisfeito com a vida que levava nos Estados Unidos quando o seu título de duque é ameaçado e a própria rainha da Inglaterra o convoca, obrigando-o a voltar para sua pátria. Não bastasse a convocação feita por sua monarca, ela também exige que ele se case e, enfim, assuma as suas responsabilidades como o nobre que é. Como um simples cálculo matemático e como tantas vezes vimos por aí, um casamento de aparências parece ser a solução perfeita para os nossos dois jovens, como um mais um é igual a dois. E é claro que o único problema disso tudo seria a paixão, nascendo no coração de pelo menos um deles - e quem sabe até dos dois... 


Em O Refúgio do Marquês, temos um casal muito distinto entre si. O Marquês de Bridington é um homem rude e inapropriado, refugiado no campo há anos, fugindo de seus próprios segredos e mazelas do passado. A Baronesa de Clarington, por outro lado, é uma jovem destemida, cujo passado guarda dores, mas que recebe a missão de reformar a mansão - e talvez até o marquês. Ou, pelo menos, é o que a marquesa viúva esperava... Caroline se depara com um caso perdido, no caso, o próprio marquês. Naquele cenário de impossibilidades, eles se encontram e a paixão nasce furtivamente, algo em que os dois já haviam deixado de acreditar, revelando segredos e receios que ambos escondem. É um romance de Lucy Vargas, jornalista de formação do Rio de Janeiro, autora de romances de época e contemporâneos. Neste, primeiro livro da série Os Preston, ela fala sobre reerguer-se depois de dificuldades do passado e ultrapassar barreiras para vencer as suas próprias dores.


E por fim, mas não menos importante, listamos a obra Um Duque para Chamar de Meu, de autoria de Tatiana Mareto, professora e advogada, do Espírito Santo como a nossa primeira autora da lista. A obra dá início à série Amores em Kent, e conta a história de Elizabeth Collingworth em sua tentativa de fugir de Londres com seus dois filhos pequenos, buscando escapar de uma epidemia que assola a capital inglesa. A outra peça desse romance é o duque de Shaftesbury, que precisa de um casamento, como todo nobre da alta sociedade. E é quando o duque cruza com Elizabeth em uma situação peculiar - a lady desmaiada em seus braços... -, ela parece ser a solução de seus problemas. É o tipo de romance em que a jornada do nosso nobre trará respostas cruciais para sua vida; dentre elas, se existe o casamento por amor quando se tem sangue azul. 

Cá entre nós, leitores, eu mesma não fazia ideia da maioria deles até ter uma conversa com minha amiga, lady Isabelle, sobre isso. Uma de suas colunas, inclusive, foi de uma das obras da autora Lucy Vargas, que listamos aqui. É a nossa chance de saber mais sobre elas e conhecer melhor suas histórias. Enxergamos a oportunidade e a necessidade de valorizar essas autoras, por isso aproveitamos para compartilhar com vocês o que recolhemos. 


 Autor: Laura Lee Guhrke

Editora: Harlequin

Narração: 3ª Pessoa

Nº de páginas: 320

Sinopse:

Está sofrendo a dor de um amor não correspondido? Está confuso com o comportamento inexplicável do sexo oposto? Sente que não há ninguém a quem possa recorrer em busca de compreensão e aconselhamento? Não tema. Lady Truelove o ajudará. 

Henry Cavanaugh, duque de Torquil, anseia por uma vida ordenada e previsível. Mas era impossível com a família que tinha. Apenas a mãe facilitava a sua vida...até ela se apaixonar por um artista e decidir seguir o conselho amoroso de lady Truelove, largado tudo para seguir os desejos do coraçao. Agora Henry vai exigir que a mulher mexeriqueira que deu aquele conselho imprudente o ajude a impedir que o nome da sua família acabe na lama. Irene Deverill é o que a sociedade londrina considera uma ovelha negra: dirige o jornal da família, é uma solteirona e tem orgulho disso! Mas ninguém sabe que ela possui um grande problema nas mãos: o duque de Torquil demanda que ela o ajude a resolver os problemas da sua família. Esse relacionamento forçado fará Irene descobrir que Henry é mais do que um "lírio do campo" e que ele é capaz de despertar nela sentimentos que nunca pensou possuir.  


Querida Letticia,

Soube de suas novidades em Hampshire, fico feliz por tudo está correndo bem, espero que agora em Kent você se divirta muito. Enfim, como disse em minha última carta, continuo em Londres, a temporada aqui parece sem fim. A questão é que uma das histórias mais interessantes que encontrei durante esse período em nada tem a ver com bailes e chás da tarde. 

Você deve lembrar da Lady Truelove e seu jornal o Society Snippets, são nossos concorrentes afinal. Ela se meteu em uma enrascada, na realidade, sua real identidade, Irene, porque depois de aconselhar a duquesa viúva de Torquil a se casar com um pintor italiano, ela causou a ira em seu filho, o duque. Me diverti bastante com tudo isso. Imagina só, um duque engomadinho, discutindo com uma jornalista porque não está feliz com o futuro matrimônio de sua mãe, no mínimo uma graça. 

E então ele teve a brilhante ideia de levar Irene e sua irmã, Clara, para sua casa e serem apresentadas a a sociedade enquanto Irene tenta fazer com que a duquesa não se case, tudo isso por uma jogada abusada de Henry, o duque. 

"— Amamos quem amamos, Henry. O amor não pode se curvar à vontade pessoal." Capítulo 4

Mas parando para observar tudo, estava claro que nossa amiga Irene e o duque não resistiriam um ao outro por muito tempo. Sempre me disseram que o ódio está ligado ao amor, e é o que vemos aqui. Um duque preocupado com as convenções sociais, querendo seguir na linha reta das regras, quando uma tempestade aparece e apaga por completo toda aquela linha. Porque Irene é uma mulher encantadora, orgulhosa de si mesmo e de tudo o que conquistou por conta própria, me identifico muito com ela. Além de nós defendermos o voto feminino. É irônico como todos os homens acham que somos tolas, por queremos um direito que nunca foi tomado deles. 

Aqui também é muito moderno para meus então parâmetros, tem até telefone, o que seria muito útil para nós. Mas permaneço aqui, escrevendo essa carta com um sorriso besta no rosto, pois é lindo ver como o amor pode tomar posse de qualquer corpo, independente de "classe social". A verdade, é que a relação entre amores e duques existe, basta que eles se permitam ser. 

Mande minhas saudações para minha amiga Bille Bridgerton, ok?

Atenciosamente, 

Lady Isabelle 

                                 

                                                                             



Caro leitor, 

É sempre engraçado quando nós, tão distantes, mas ao mesmo tempo tão perto, somos jogadas no covil das cobras da "alta" sociedade. Isso ocorreu com uma colega de profissão minha, Lady Truelove. Digamos que ela deu um conselho para uma certa duquesa viúva e isso irritou muito seu filho, o duque. 

Tudo isso lógico, por causa das conhecidas conversões sociais. A alta sociedade é um saco, meu caro leitor. O amor não deve importar e o casamento tem que ser como uma transação bem sucedida de negócios. A duquesa viúva está indo contra isso e claro, haverá muitos incomodados, inclusive toda a sua família. Mas o que a vida de Lady Truelove mudará com isso? Ela mexeu em um ninho vespeiro e o duque não ia deixar isso barato. Ele obviamente só não esperava que ela chamasse tanto a sua atenção, se assim pudermos dizer. 

Porém, meu caro leitor, o duque, em seu modo engessado e preso aos costumes não estava preparado para a minha amiga de profissão. Ela vai mostrar para ele o que significa ser dona de si e lutar pelos próprios objetivos e direitos. O homem em si, não está pronto para entender uma mulher independente, e temo dizer, que nessa sociedade, muitas mulheres também não. É uma pena que não temos nada a ver com isso e eles podem continuar sem entender enquanto vivemos a nossa vida. 

Eles passarão por muita coisa, isso é um fato. Porém, tenho certeza que veremos uma mudança em breve, não só na percepção do que significa o amor, mas no duque e na minha querida Lady Truelove. 

Atenciosamente, 

Lady Isabelle

                                                                              


 

No editorial do Ladys de Novembro de hoje, listamos 4 dos lordes mais disputados da temporada. Tem para todos os gostos: fofos, turrões, charmosos e todos são encantadores. Mas será que esses lordes tão importantes serão fisgados até o final da temporada? Eu não duvido de nada. 

Simon Basset 


Simon Basset é a novidade da temporada. Lindo, rico, misterioso, charmoso e que não quer se casar. Eles parecem todos iguais, não é? Fogem do casamento e quando veem já estão no altar, suspirando feito loucos por suas damas. As matronas já estão loucas por ele e o então duque parece ter bolado um plano para fugir delas, será que dará certo? Acho que não...Você encontra ele em "O Duque e Eu" da Julia Quinn e no dia 25 de dezembro em "Bridgerton" na Netflix. 

Sebastian St. Vincent 


Sebastian St. Vincent é um libertino, daqueles mais descarados, mas se encontra falido, então, precisa urgentemente se casar. A temporada será uma loucura para ele e uma mulher doce, com problemas de gagueira e cabelos ruivos o fará mudar algumas percpectivas de sua vida. Você o encontra em Pecados no Inverno da Lisa Kleypas. 



Michael Stirling 


Michael Stirling é encantador. Não tem como simplesmente não se apaixonar por ele, seja pelos seus olhos azuis, o sorriso bonito, o jeito engraçado ou simplesmente por ser um homem apaixonado. Por isso, as matronas já podem tirar o cavilho da chuva, pois o conde já tem um amor, mas nada garante que conseguir o coração da bela dama será fácil. Você o encontra em O Conde Apaixonado de Julia Quinn. 



Wulfric Bedwyn 


Wulfric Bedwyn é o chefe da família Bedwyn há um bom tempo. Frio, calculista, daqueles que mete medo em todos que estão a sua volta. Parece ser apenas uma camada grossa de gelo, sendo que a realidade é outra. Descobrir seus mistérios é de um prazer indescritível. Você o encontra em todos os livros dos Bedwyns e sua história em Ligeiramente Perigosos de Mary Balogh. 


                                                                             





Um Sedutor Sem Coração

Autora: Lisa Kleypas
Editora: Arqueiro
Ano de publicação: 2015 (versão brasileira: 2018)
Número de páginas: 351
Narração: 3ª pessoa
Título original: Cold-Hearted Rake
Sinopse: Devon Ravenel, o libertino mais maliciosamente charmoso de Londres, acabou de herdar um condado. Só que a nova posição de poder traz muitas responsabilidades indesejadas - e algumas surpresas. 
A propriedade está afundada em dívidas e as três inocentes irmãs mais novas do antigo conde ainda estão ocupando a casa. Junto com elas vive Kathleen, a bela e jovem viúva, dona de uma inteligência e uma determinação que só se comparam às do próprio Devon.
Assim que o conhece, Kathleen percebe que não deve confiar em um cafajeste como ele. Mas a ardente atração que logo nasce entre os dois é impossível de negar.
Ao perceber que está sucumbindo à sedução habilmente orquestrada por Devon, ela se vê diante de um dilema: será que deve entregar o coração ao homem mais perigoso que já conheceu?

"- Mas e se as regras não servirem? E se fizerem mais mal do que bem? - Só porque o senhor não entende ou não aceita alguma coisa, não significa que falte mérito a isso." (Capítulo 2)

Querida Isabelle,

Logo que recebi sua correspondência, percebi como tem sido uma temporada agitada por Londres. Em Hampshire, no entanto, a tensão começou ainda antes da temporada. Um conde, recém-casado com Lady Kathleen, faleceu montando em um dos cavalos da propriedade. Ele deixou sua jovem esposa e suas três irmãs mais novas no Priorado Eversby, cada uma delas reservando personalidades distintas e autênticas. 

O Priorado pertence à família Ravenel há anos, então imagine só a surpresa quando o herdeiro do condado, Devon Ravenel, anunciou que venderia tudo para dar continuidade à sua vida de libertinagem. Devon é aquele tipo de lorde com o qual já nos deparamos muitas vezes nessa vida: não quer casar, não pretende ter filhos, prefere sua vida amorosa instável e agitada, pois, acima de tudo, não quer ser responsável por ninguém além de si mesmo. 

A surpresa foi maior quando o novo conde decidiu manter o Priorado. Era um desafio e tanto, já que os Ravenels que antecederam Devon não haviam cuidado da propriedade da maneira correta e, a princípio, a única expectativa era de que aquilo resultaria em grandes despesas - é claro que junto do condado, milhares de dívidas foram herdadas.

Mas Devon decidiu mantê-lo ainda assim. E mudou completamente nesse tempo. É claro que continuou carrancudo e teimoso, mas se tornou um homem responsável e digno de seu título. Eu mal consigo acreditar que tudo isso foi por causa de Lady Kathleen. Embora tenham passado um longo tempo como gato e rato, no fim das contas, já não podiam mais esconder o amor que existia entre eles. 

O conde e a jovem viúva fizeram o possível para esconder o relacionamento, mas nem se eu quisesse conseguiria deixar passar. Aliás, não precisaria nem do seu olhar aguçado para o romance: logo todos os criados já sentiam o que estava acontecendo. Sabe como é, alguém vê um coisinha ali, comenta uma coisinha acolá... Houve um acidente de trem envolvendo o conde e até na eminência da morte, ele chamava pelo nome dela! Mas Lady Kathleen seguia preocupada demais com seu status de luto e preocupada com sua reputação diante da sociedade, o que deixava Devon bastante irritado. 

Nessa minha breve viagem a Hampshire, tive o grande prazer de conhecer as irmãs do falecido conde, Helen, Pandora e Cassandra. De todos os problemas, elas pareciam ser grandes alívios naquela propriedade. Às vezes, era até melhor estar com elas do que por perto de Lady Kathleen e Lorde Devon, para evitar ser plateia de sucessivas discussões - eles me deram nos nervos! West Ravenel sabe bem do que estou falando. Além disso, fizemos um intervalo em Londres quando eu já estava perto de deixar os Ravenels para minha próxima história, situação essa em que aproveito para escrever a você. 

Adoraria ficar e acompanhar um pouco mais da família - sempre há algo novo acontecendo por aqui... -, mas a minha próxima parada é em Kent e já não posso perder mais tempo. Fico feliz por saber que você permanecerá em Londres, atenta a cada detalhe. Espero que nos encontremos em breve.

Cordialmente,

Lady Letticia.

P.S.: Em minha visita à Londres, e graças à família Ravenel, tive a oportunidade de conhecer uma grande loja com mais de oitenta departamentos. Você pode encontrar absolutamente tudo lá! Embora o dono não seja flor que se cheire... Os gêmeas Pandora e Cassandra amaram! Pude me divertir bastante com elas nesta ocasião, inclusive. Se sobrar tempo, indico a você uma visitinha. Não duvido de você encontrar alguma Ravenel por lá.

"Tempo é o que eu estou lhe dando. [...] Só há um modo de eu provar que a amarei e serei fiel a você pelo resto da vida: amando e sendo fiel a você pelo resto da vida. Mesmo se você não me quiser. Mesmo se escolher não ficar comigo. Estou lhe dando todo o tempo que me resta." (Capítulo 33)







Estimados leitores,

Um pouco antes do início da temporada, um acidente que levou à morte de um conde recém-casado fez com que um priorado inteiro (ou quase isso) entrasse em status de luto, mesmo que o que se sabia sobre o tal conde não combinasse com os melhores adjetivos. Depois de três dias do casamento, a nova viúva ficara sozinha e responsável pelas irmãs do seu falecido marido. Se já não bastasse a grande lástima, ainda terá de lidar com o herdeiro do condado, além de casas e terras pouco cuidadas e que, à primeira vista, não parecem gerar muitos lucros, longe de ser autossustentável. 

O tal herdeiro, por sua vez, não está nem um pouco interessado em manter a propriedade - isso implicaria em abrir mão da sua vida de liberdade e libertinagem. Logo ele, que nada sabia sobre administração e economia, conhecimento exigido pelo título, se vê obrigado a mudar de vida... Por causa da honra do nome da família? Por que ele vê sucesso no condado? Eu mal consigo acreditar, no entanto, que suas escolhas foram tomadas em nome do... romance. 

É fato, leitores, que já não é tão surpreendente ver de perto uma mudança de comportamento assim. O nosso histórico já conta com muitos libertinos que mudaram completamente suas vidas depois de terem se apaixonado. Contudo, é o alvo desse amor que me preocupa. Eu bem acredito que haveriam várias ladies solteiras na região, ou mesmo em Londres, por quem esse conde poderia se interessar, mas nem sobre isso ele é previsível. 

Falta pouco para descobrir o desfecho dessa paixão e desse priorado, que estava à beira da falência. Talvez não seja preciso sussurrar... Mesmo distante, é possível saber. Até porque os seus leais criados já espalham por aí as novas. Em meio a presentes, estábulos, adestramento de cavalos e até mesmo acidentes de trem, é questão de tempo para a polêmica explodir. 

Cordialmente,

Lady Letticia




 


Estimados leitores,

Aproveito o gancho deixado pela minha querida colega, Lady Isabelle, para construir o nosso editorial de hoje. É de extrema importância partir da definição de romance de época para realizar o nosso trabalho, mas é normal que surjam dúvidas sobre outros tipos de romances semelhantes que acabam confundido essas humildes jornalistas também. 
Por isso, considerei necessário definir os romances clássicos, históricos e de época, para podermos seguir em frente com o nosso ofício sem perigo de escorregar - embora não haja problemas em cometer deslizes. Este jornal é definitivamente livre para receber críticas construtivas e correções necessárias. Sem mais delongas, vamos às definições:

Romance Clássico

Trata-se daquele romance que, no período de produção, eram contemporâneos à época; atravessaram gerações e gerações, séculos, mantendo (e até mesmo aumentando) o seu valor literário. Jane Austen, as irmãs Brontë, o nosso José de Alencar (suas obras como A Viuvinha e Cinco Minutos)... São obras que permanecem relevantes nos dias de hoje, inseridas na contemporaneidade de suas épocas (séculos XVIII e XIX, por exemplo).

Romance Histórico

Nesse tipo de romance, a ficção é ambientada no passado, marcado pela influência de eventos históricos em seu enredo. Essa influência interfere diretamente na construção dos personagens e da própria narrativa, como também no desenvolvimento dos conflitos. Como exemplo, tem-se Guerra e Paz, de Tolstói, O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, e até mesmo Iracema, de José de Alencar. 
Aqui, vale destacar que é necessário distinguir romance histórico da ficção histórica. A segunda determina e estabelece os fatos históricos, apresentando o romance como "coadjuvante" ao fato relatado, enquanto o primeiro, como dito antes, ambienta-se utilizando o período como pano de fundo da história. 

Mas e o Romance de Época?

Como a Lady Isabelle nos apresentou anteriormente, o romance de época preocupa-se em "retratar uma realidade vivida durante o período", podendo usar os fatos históricos, mas o foco mesmo é o desenrolar do romance. Sendo assim, o romance de época não é produzido "na época", mas ambientado nela, apresentando aspectos culturais, sociais e permitindo que nós, seus leitores, possamos acessar essas características. 

É importante, para nós, delimitar essas diferenças para dar continuidade ao nosso ofício. O editorial será de grande ajuda para essas meras jornalistas, inclusive, como um material de fácil acesso sempre que for possível. Espero ter ajudado, caro leitor. Até breve!

Atenciosamente,

Lady Letticia.



 Autor(a): Lucy Vargas

Editora: Bertrand Brasil

Nº de páginas: 349

Narração: 3ª Pessoa

Sinopse:

Um romance sensual e arrebatador repleto de intrigas, morte e desejo. Tristan Thorne, o Conde de Wintry, não é um homem para brincadeiras. Com uma vida de segredos, amado e odiado na sociedade, ele não é o parceiro ideal para uma dama. Dorothy Miller não sabe o que há por trás de suas motivações, apenas que ele é bastante intenso. Os jornais dizem que ele bebe demais, joga demais e ama escandalosamente. E até mata. Como uma dama determinada a ser dona do próprio destino como Dorothy Miller acaba em um acordo com um homem como Lorde Wintry? Você teria coragem de guardar um segredo com o maior terror dos salões londrinos? Lembre-se: Nunca faça acordos com ele, pois o conde sempre volta para cobrar. 


Querida Letticia, 


A temporada em Londres vem sendo uma grata surpresa. Desde que cheguei aqui e fui convidada para alguns bailes, recepções e aqueles chás que amamos, uma pulguinha surgiu atrás de minha orelha. Você, minha cara amiga, bem conhece a fama do Conde de Wintry, ela não tem nada de limpa, mas eu sinceramente não esperava que ele fosse começar um caso com lady Dorothy Miller. Um olhar menos atento de certo não perceberia a chama que existe entre os dois, mas eu sim. 

Pelo que soube, eles se encontram em uma casa que carinhosamente chamam de Henrietta Cavendish, em falar nisso, as pessoas acham que Henrietta é aquela por qual Thorne está apaixonado. Eles são espertos, isso é certo. Mas o caso entre os dois não me surpreendeu mais do que a descoberta de que o Conde trabalha para a Coroa. Tinha achado que já tinha visto de tudo, minha cara amiga.

"Dessa vez havia saído dos trilhos, pois ele havia se apaixonado por ela. Não foi impulso, podia mentir e inventar desculpas para os outros, mas devia a verdade a si mesmo." Pág 209

Enfim, o fato de Thorne ser um agente da coroa me levou a desdobramentos violentos e enxerguei sangue em páginas que não achei que enxergaria e uma vingança pessoal que me revelou a podridão de muitos lordes honrados. 

Sobre o amor, desde o princípio ficou claro que lady Dorothy e o Conde Wintry sentiam demais, estava escrito em seus olhos e no ciúme de punhos cerrados do conde, quando lady Dorothy dançava com outros cavalheiros. Apesar de toda a sociedade nunca os imaginar como amantes e apontar em Tristan os mais horrendos adjetivos, esta claro para mim que eles são um casal, daqueles que nós sorrimos juntos em ver a verdade descrita em seus rostos. 

As coisas de toda forma não foram fáceis para eles, principalmente porque a sociedade e seu nariz de Pinóquio adora apontar limites e defeitos. Mas tenho certeza que Dorothy não se arrepende de ter se tornando a dona de seus desejos. Acho que todas deveríamos ser assim. Talvez ambos tenham ficado com um pé atrás quando o amor se impôs sobre seus corpos, mas aí já era tarde demais. 

Agora quero saber de você, como anda em Hampshire? Soube que chegou um novo duque por aí. 


Atenciosamente, 

Lady Isabelle Marchel

              


 

Caro leitor, 

Já é conhecido por toda Londres a fama de um conde sem qualquer escrúpulos. Mas como em uma sociedade que se cega para os pecados dos homens, nada o acontece. Ele é aceito em bailes, festas, e nas temporadas nos campos feitas estrategicamente para unir casais. Porém, acredito eu que ninguém esperava o próximo movimento dele. Afinal, o seu novo caso não é com uma atriz ou uma dançarina, e sim com uma dama, que segundo a sociedade, deveria estar pronta para fisgar um lorde e converter a relação em matrimônio. 

Ambos obviamente estão escondendo o caso de todos, afinal, seria um grande escândalo, mesmo que nesta sociedade hipócrita não faltem casos e descasos. Mas eles são ingênuos, meu caro leitor. Pois por maior máscara que ponha em suas faces, não há como esconder completamente os sentimentos. Ele, um conde meio amargurado com sua família, se mostra cada dia mais apaixonado. E ela, bem, nós mulheres sempre estamos de olho no nosso coração, e ela sabe que o seu bate de uma forma diferente quando o vê, e também sabe que estar pondo seus sentimentos em risco. 

Claro que isto não me surpreendeu, principalmente para mim que amo ver casais apaixonados e já presenciei o amor surgindo algumas vezes. O que de fato me surpreendeu foi descobrir a podridão que se esconde por trás dos ternos alinhados e cartolas. Encontrei violência, abusos, bebarrões e morte. Isso mesmo, morte. E é isto, meu caro leitor, que deveria fazer você gritar e sussurrar por entre os bailes. Existem muitas coisas erradas acontecendo e todos fingem que não. Mas uma hora, as coisas mudam, e será uma delicia de presenciar. 

Sobre o nosso casal ingênuo, logo vocês saberão quem são. Eles não conseguirão se controlar por muito tempo. Já consigo escutar os sinos de casamento. 

Atenciosamente, 

Lady Isabelle

                                                                         



Já ficou claro, caro leitor, que somos amantes de romances de época, mas nem todos ainda entendem realmente do que se trata o gênero. Então, hoje, no primeiro editorial do Ladys de Novembro, discutiremos um pouco sobre o gênero e como chegamos até ele. 

O que é?

O romance de época é um subgênero do romance histórico. Ele não se preocupa com datas e eventos históricos importantes, mas sim em retratar uma realidade vivida durante um período. 
Mas temos uma definição mais concreta, vinda diretamente das terrar de Ler é o melhor prazer:

O Romance de Época, além de não se importar com datas e nem fazer referências a fatos históricos importantes, ele se preocupa em mostrar como vivia e se comportava um povo em determinado tempo.
A maioria deles destaca a vida da sociedade londrina no período vitoriano, valorizando costumes como: moda, etiqueta social, passeios de charretes ou no campo, jantares, festas, teatros. A fragilidade da mulher, o casamento por conveniência, as amantes, a diferença entre as classes sociais, o valor de um título nobre, as intimidades sexuais entre os protagonistas são fatores importantes e estão sempre presentes nesses romances. - Romance Histórico ou Romance de Época - Ler é o melhor prazer

Retrato da Rainha Vitória. Franz Xaver Winterhalter/Royal Collection 

Em 99% dos casos (dados vindos diretamente da nossa cabeça e experiência), os romances de época se passam na Inglaterra, às vezes na Escócia, no período do reinado da rainha Vitória, que durou de 1837-1901. Mas existem histórias que se passam antes desse período, como Os Roskebys, e por isso, a Era Vitoriana não é uma questão absoluta.

Discussões

E algumas discussões são bem comuns dentro do gênero, como: moda, etiqueta social, a forma como as mulheres eram tratadas, casamentos por conveniência entre tantos outros assuntos. Porém, a questão do feminino é muito importante e é bom frisar que em qualquer época, violência continua sendo violência e mulheres eram atingidas por isso não é só na ficção, mas na realidade. 

E por isso, meu caro leitor, quando algum lorde ou lady cochichar no seu ouvido sobre romance de época, você informe que naquela obra é possível ter acesso a conhecimento de história, de costumes, de interações sociais e de várias facetas de uma época distante.

É por meio desses livros que conhecemos não só a beleza dos grandes bailes, mas a feiura de uma sociedade que é refletida ainda nos dias de hoje.