O dia 28 de junho é tido como o Dia do Orgulho LGBTQIA+ desde 1969, quando uma série de manifestações de membros da comunidade foram realizadas contra a invasão da polícia de Nova York a um bar, "Stonewall Inn", em Manhattan. Numa época em que a expressão da comunidade era duramente reprimida, esse ato é considerado como o evento mais importante que levou ao movimento de luta pelos direitos LGBTQIA+ nos Estados Unidos. E é claro que isso reverbera para todo o mundo ocidental. 
Do meu lugar de mulher cisgênero e heterossexual, não sou isenta de deveres em relação à comunidade. Não acredito no discurso de "dar voz" a integrantes da comunidade; não, acho que essas pessoas já têm voz. O que podemos fazer é ajudar a propagá-la, fazer o que podemos para permitir a amplitude desta luta. Hoje, eu trouxe uma lista com indicações de filmes, séries e livros protagonizados por personagens LGBTQIA+, alguns (a maioria) criados/dirigidos por membros da comunidade, inclusive. Comenta aí se você tiver mais indicações, vamos aumentar essa lista!

Filmes

1. "Você nem imagina" (2020)

"Você nem imagina"
("The half of it") é um filme original da Netflix, que conta a história de Ellie Chu, uma adolescente reservada e tímida que faz as tarefas escolares dos colegas por dinheiro para ajudar em casa. Esse ofício sai um pouco da sua zona de conforto quando um de seus colegas, Paul, pede para Ellie ajudá-lo a escrever uma carta de amor para Aster Flores, por quem ele está interessado. E é aí que o conflito mora: Ellie também está interessada em Aster. É um filme muito sensível, com os sentimentos claros e, mesmo assim, confusos, na medida em que acontecem da mesma forma para todo mundo quando se é adolescente. Esta delicadeza nos permite alcançar sentimentos tão comuns desta fase. Além de que já são tantos filmes adolescentes de escola com o mesmo casal hétero clichê que este filme dá um novo rosto para a categoria.

2. Moonlight: Sob a luz do luar (2016)

Este aqui dispensa elogios. Foi o vencedor do Oscar 2017 de Melhor Filme, dentre outros prêmios e indicações angariados. "Moonlight" retrata a vida de Chiron, perpassando por três momentos distintos da vida de um jovem negro e gay morador de uma comunidade marginalizada de Miami. As três fases abrangem o bullying sofrido na infância, as crises da adolescência e traumas e tentações envolvendo o crime e as drogas na fase adulta. É também um filme muito delicado, mas em um viés diferente do anterior. Tem-se a questão LGBTQIA+ vinculada à racial e eu adoro como a trajetória do personagem é desenhada ao longo do filme. Além disso, acho o filme muito forte e certas cenas me emocionam muito. Atualmente, está disponível na Netflix. 

Séries

3. Sense8 (2015-2018)

Já falei sobre esta série aqui no blog (ignorem quaisquer erros, foi escrito há 5 anos) alguns anos atrás, mas logo vou dizer o motivo para ter trazido aqui nesta lista. "Sense8" foi uma das primeiras séries que vi inteira; antigamente, eu não tinha muita paciência para acompanhar muitos episódios, histórias muito longas... Hoje em dia, já vejo "Grey's Anatomy" (16 temporadas!) sem reclamar. Mas o especial em "Sense8" é que ela me abriu uma porta que eu não sabia nem que existia, muito menos que precisava ser aberta. Foi a primeira vez que tive contato com as diferenças entre gênero e sexualidade. Mediante a personagem Nomi, pude entender que uma mulher trans pode também ser lésbica uma vez que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Para algumas pessoas, esse entendimento pode parecer muito óbvio, mas para a minha cabeça de 15 anos que não tinha esse contato direto com a comunidade foi um momento de grande descoberta. 

4. She-Ra e as Princesas do Poder (2018-2020)

Aqui cabe uma menção honrosa à Thaís, minha amiga que me fez assistir à "She-Ra" mesmo que eu tenha travado um pouco na segunda temporada. Valeu muito a pena ter terminado. A segunda série que eu indico é um desenho animado, uma nova versão do desenho antigo de mesmo nome, do qual eu já ouvi meus pais falarem várias vezes, enquanto versavam sobre os desenhos que marcaram suas infâncias. Conta a história da rebelião de Adora (She-Ra) contra Hordak e a Horda. Adora lidera um grupo de outras princesas mágicas em uma aliança para derrotar seu inimigo. Se isso parece ser bobo e infantil, para logo por aí. "She-Ra" fala sobre amor, amizade e diversidade de uma maneira que eu não vi nada parecido em outro programa. Os personagens são muito identificáveis - não há uma personalidade perfeita, mas, sim, um misto de falhas e virtudes como nós também somos. E eu diria que é uma zona livre de masculinidade tóxica, com personagens femininas muito fortes e inspiradoras, além, é claro, dos personagens LGBTQIA+ (bem como a própria desenvolvedora da série, Noelle Stevenson), que não se restringem a um ou dois personagens gays ou lésbicas - uma diversidade muito maior de sexualidade e gêneros são apresentados no desenho. Queria eu ter tido um desenho desse quando era criança, ou que pudesse fazer o maior número possível de crianças (e adultos também) assistir a essa série. 

Livros

5. Um Milhão de Finais Felizes, de Vitor Martins (2018)

Este livro é a história de Jonas, um jovem que anda meio perdido e sem perspectiva do que fazer da vida e em posse de um caderninho lotado de histórias a serem escritas. Entre o conflito com os pais, que não o aceitam (muito menos a sua sexualidade), e os seus amigos maravilhosos, ele tenta seguir sua vida normalmente até conhecer Arthur, um garoto ruivo que mexe com o coração de Jonas. Li esse livro no começo do ano passado e o que restou dele em mim foi a coisa que mais me marcou ao fim dessa leitura: a sua família não precisa ser necessariamente as pessoas com quem você compartilha o mesmo sangue e sobrenome; muitas vezes, são aqueles que você escolhe, quem te apoia, quem está contigo nos melhores e nos piores momentos. São as pessoas que te amam e te respeitam exatamente como você é. Além de ser de um autor nacional, que me dá ainda mais vontade de indicar o livro.

6. A Arte de Ser Normal, de Lisa Williamson (2015)

Esta indicação, na verdade, é do livro que estou lendo agora, então não tenho como dizer ainda o que achei da história. No entanto, queria trazer uma história diferente, que eu mesma nunca havia tido a experiência de ler. Uma parte da sinopse: "David Piper tinha oito anos quando foi questionado pela professora sobre o que queria ser quando crescesse. Respondeu à pergunta com cuidado. Só percebeu que havia algo de diferente em sua resposta quando os colegas começaram a dizer o que queriam ser [...] Apesar disso, leu em voz alta o que havia escrito: "Quero ser uma menina"." Ou seja, trata-se da história de uma pessoa trans ainda jovem, descobrindo-se nessa transição. Pretendo ler e trazer a resenha no blog depois. 



Queria trazer muitos outros conteúdos para essa lista, como artistas da música, mas preferi não fazer um post muito longo. E se você não consome conteúdos sobre e produzidos pela comunidade LGBTQIA+, espero que essa lista possa ser essa porta de entrada. Mas se você já consome, espero que eu tenha trazido novas dicas para você. Que outros itens nós podemos adicionar? 
Lembremos de respeitar e valorizar todas as pessoas independentemente da data. Nenhuma cultura, crença ou valor justifica o ódio e o desrespeito. Love wins.








Antes de tudo, isso aqui não é sobre ninguém ficar pelado não, viu (apesar de que eu adoraria ler relaxando em uma banheira). 
Gosto de imaginar que quando a gente pega um livro para ler, estamos totalmente vestidos. Ainda não conhecemos aqueles personagens, não sabemos sua motivação e muito menos sua história. Então, é automático que encaremos aquilo com um pouco de desconfiança, lendo aquele ambiente da forma que nós vemos a vida, com nossa moral, preceitos e preconceitos. Ao longo do tempo, podemos ou não, começar a nos despir, ficando ou não, completamente nus diante dos personagens. Mergulhados em quem eles são e deixando a nossa própria história de lado. 
Mas o julgamento permanece intrínseco na gente, e vez ou outra, podemos pegar uma peça de rouba e dizer para o personagem: "Pera, você não fez isso!" ou "O que você tá pensando?". Esse combate obviamente é bom, pois estamos lindando com outras situações, muitas que provavelmente não viveríamos, nos questionando (e isso é sempre o importante) e lendo as situações criticamente. Dessa forma, não necessariamente a gente precisa estar nu e completamente entregue a uma narrativa, a gente pode tá vestido, cutucando, questionando e refletindo. 
Só que esse embate frequente entre leitor e personagem, ao meu ver, não é bom. Afinal, nós precisamos ser conquistados, mesmo que pelo incomodo. Para que depois que cheguemos ao ponto final, vestindo nossas roupas, repensemos que peça queremos tirar definitivamente ou colocar. 
               

                                                                                  


Autor(a): Kiera Cass 
Editora: Seguinte 
Nº de páginas: 344
Narração: 1ª Pessoa

Sinopse: 

Quando o rei Jameson se declara para a Lady Hollis Brite, ela fica radiante. Afinal, a jovem cresceu no castelo de Keresken, competindo com as outras damas da nobreza pela atenção do rei, e agora finalmente poderá provar seu valor. 
Cheia de ideias e opiniões, logo Hollis percebe que, por mais que os sentimentos de Jameson sejam verdadeiros, estar ao seu lado a transformaria num simples enfeite. Tudo fica ainda mais confuso quando ela conhece Silas, um estrangeiro que parece enxergá-la  e aceitá-la  como realmente é. Só que seguir seu coração significaria decepcionar todos à sua volta...
Hollis está distante de uma encruzilhada  qual caminho levará ao seu final feliz?

O maior erro de um leitor (e provavelmente do ser humano) é criar a danada da expectativa. Eu errei aqui. Desde que vi sobre o lançamento do livro, involuntariamente, acabei criando uma expectativa muito grande, já que sou fã do trabalho da Kiera Cass. Mas pra quê? 
A história nos apresenta o universo de Coroa, mas focado no castelo de Keresken, que é onde conhecemos Lady Hollis, sua amiga Delia Grace e o rei Jameson. O recorte da história começa exatamente quando Hollis está se aproximando de Jameson e todos acreditam que ela se tornará a próxima rainha. Mas como a própria sinopse narra, temos a chegada de Silas, vindo de outro reino com a sua família para pedir abrigo ao rei Jameson. 
Sinceramente, se você esperava um triângulo amoroso (como eu esperava), isso não ocorre. Fica muito claro quem Hollis gosta durante a leitura e qual vai ser a sua escolha. 
"— Acho que serei obrigada a concordar com você. A posse mais valiosa que se pode ter é a garantia de um lugar no coração de alguém. É melhor do que qualquer colar, bem melhor do que quaisquer aposentos." Capítulo 15
Apesar da leitura ser fluída, porque a Kiera tem uma escrita muito boa, o problema da obra se fixa na falta de empatia pelos personagens. Eu pelo menos, não consegui me conectar com nenhum deles e dessa forma, o livro continuava trilhando seu caminho e eu me via apática, não me impactando de verdade com o desenrolar da narrativa. 


Então, quando chegamos no final do livro, onde eu deveria sentir um soco na minha cara por tudo o que havia acontecido ou pelo menos ter ficado nervosa, isso não me ocorreu. Só li e fiquei: "Gente, o que é isso?!", porque até para uma narrativa fictícia, parecia irreal. 
"Eu tinha dito que ele não me deiaria queimada. E ainda acreditava nisso. Se eu acabasse em chamas, seria ppr minha própria culpa."
Talvez realmente o grande trunfo do livro seja ele ter pelo menos me deixado curiosa sobre a ambientação política e o que pode acontecer no próximo volume, já que termina como se fosse o primeiro episódio de uma série, depois de fazer uma breve estruturação do que aconteceu no passado, para que a "treta" realmente comece. Nesse sentido, senti que estava lendo um prelúdio de algo muito maior que viria. 
Enfim, eu realmente queria ter gostado do livro e minha decepção foi exatamente essa. No mesmo período eu estava fazendo uma releitura de A Seleção e a diferença é gritante. Enquanto em um eu suspirava e me via eufórica, no outro eu não sentia nada. 


                                                       
 
                                                                                        




Decidimos fazer um post para o Dia dos Namorados, mas com o nosso toquezinho especial de nordestinas que estão sentindo falta do São João e que só poderão matar essa saudade próximo ano. Fizemos uma tag com algumas músicas e livros/personagens que os trechos destacados nos lembraram. No fim do post, também vamos deixar o código para a playlist no Spotify com essa e outras músicas de forró pra quem ama essa época como a gente. Esperamos que gostem!

1. Eu só quero um xodó - Dominguinhos

"Que falta eu sinto de um bem / que falta me faz um xodó"

Pensamos no segundo livro da série "Off-Campus" de Elle Kennedy. "O Erro" já foi resenhado aqui pela Isabelle e conta a história de John Logan, um dos meninos do hóquei da Universidade de Briar. No princípio, Logan vive o conflito de achar que está apaixonado pela namorada do seu melhor amigo. O pontapé inicial da mudança de postura de Logan na sua história é justamente ele perceber - com certa ajuda - que o que ele queria não era um romance com a garota. O que ele queria mesmo era um romance. Queria namorar, ter a experiência romântica com alguém. Ele só queria um xodó para chamar de seu.

2. Esperando na Janela - Gilberto Gil

"E eu não vejo a hora de poder lhe falar / Por isso eu vou na casa dele ai / Falar do meu amor pra ele vai"

Às vezes os sentimentos não estão às claras e é preciso esclarecer algumas coisas para que tudo seja resolvido. É o que acontece no começo de "P.S.: Ainda amo você", a sequência de "Para todos os garotos que já amei", de Jenny Han. É no segundo livro dessa trilogia que Lara Jean finalmente vai até o Peter e conta para ele tudo o que o plano deles, desenvolvido no primeiro livro, causou nos sentimentos dela. Foi por isso que relacionamos a história deles com a música e consigo até imaginar o Peter esperando a LJ (só que não na janela, e sim no campo de lacrosse).

3. Ai Que Saudade D'Ocê - Geraldo Azevedo 

"Faz tempo que eu não te vejo / Quero matar meu desejo / Te mando um monte de beijo / Ai que saudade sem fim"

Pausa para spoilers de Corte de Névoa e Fúria! Já estão avisados, viu? Em Cortes de Asas e Ruína, já resenhado aqui, Feyre e Rhysand começam a narrativa separados, e como esses dois sentem saudades um do outro! Parece até que o Geraldo tava visualizando os dois, porque ambos querem matar seu desejo, mandam um monte de beijo através do fio que eles têm e aí vai. Além de tudo, eles são um casal super apaixonante e meu coração ficou pequeninho de saudade no tempo que eles ficaram longe um do outro.



4. Xote das Meninas - Luiz Gonzaga

"Ela só quer / Só pensa em namorar"

Recorremos a um livro resenhado há muito tempo aqui no blog, precisamente em 2016 - não sei nem se ele ainda é falado por aí. Mas escolhemos o livro "Namorado de Aluguel", de Kasie West. Conta a história de Gia Montgomery, uma adolescente que quer a todo custo provar para as amigas que tem um namorado, que ele existe, ao contrário do que elas acreditam. Acontece que na oportunidade que ela tem de provar isso, o namorado termina com ela e Gia, de tão desesperada, convence um completo estranho a se passar por seu namorado para não sair de mentirosa para as amigas. Era uma fase da adolescência em que Gia só pensava em uma coisa: namorar.

5. Destá - Dorgival Dantas 

"Destá / Eu hei de ver tu bater em minha porta / Destá / É sempre assim, quem ri por último, ri melhor"

O escolhido foi "Como se vingar de um cretino", da Suzanne Enoch. Já tá no título do livro, gente. Dona Georgina quer dá uma boa lição em Tristan, e para isso ela monta uma lista de tudo o que precisa ensinar para ele e vai fazer o bonitão rebolar, até que este esteja de quatro por ela. Mas será que ela riu por último? Enfim, fiquem aí na curiosidade. Mas tenho certeza que Georgina cantaria Dorgival a plenos pulmões enquanto bola o seu plano entre um baile e outro na época de duques e condes. 

Então, é isso! Esperamos que tenham gostado. Que seja um dia muito brega para todo mundo, porque o amor em si é brega e essa é uma das melhores partes dele. Para quem não tem um xodó, que possa sentir um calorzinho no coração por meio dos livros - que é o grande amor da vida de muita gente!

Para acessar a playlist, é só escanear o código acima.




Autor(a): Jo Platt
Editora: Fábrica231
Nº de páginas: 288
Narração: 1ª Pessoa

Sinopse:

Abandonada no altar, Rosalind Shaw resolveu dar a volta por cima e se recuperar deste golpe que abalou sua vida pessoal. 
Ros, por sugestão do amigo Tom, resolve deixar o centro da cidade e começar uma vida nova na pequena St. Albans, onde se torna coproprietária de uma loja de livros usados e antigos. Nesse cenário, trabalhando na companhia de três novos amigos - o introspectivo sócio intelectual Andrew, a atraente e impecável ex-contadora Georgina e Joan, uma solteirona linguaruda -, ela tenta voltar a ser a pessoa que sempre foi: feliz, confiante e divertida. 
Quando tudo parece entrar nos eixos, Ros recebe a visita de seu vizinho Daniel, um tipo barbudo e desgrenhado, que bate à sua porta com um buquê de flores, um sorriso nervoso e novidades agradáveis...
Com um enredo bem delineado, personagens cativantes e boa dose humor, Lendo de cabeça para baixo é garantia de uma leitura deliciosa. 

Desde que vi a capa desse livro, fofíssima, fiquei super curiosa. Ainda mais com esse título super instigante. Então, quando o vi de graça na Amazon não perdi tempo. E ainda fui convidada para minha primeira leitura coletiva com esse livro. Desse modo, uni o útil e o agradável, e comecei a leitura. Inclusive, muito obrigada as meninas, Ana, Alice, Giovana, Maria e Vitória, por terem compartilhado essa leitura comigo.
Ros foi deixada no altar. Entrou de braço dado com o seu pai na cerimônia e descobriu que seu noivo, o Rato (ele não é nomeado por um bom tempo), tinha fugido pela janela. Depois do ocorrido, seus dias se tornaram cinza e um longo período de depressão a abateu. E por isso mesmo, quando li o prólogo e os primeiros capítulos, pensei que o livro poderia ter um teor mais pesado, mas apesar da dor de Ros ser bem explicitada no começo da história, o livro em si não foca nisso. Na narrativa nós não acompanharemos os dias ruins de Ros, mas sim aqueles que ela está superando toda a sua dor com muita risada. 
"A pressão a ser capaz de lidar com ela não era a questão; importa-se era a questão - e eu, literalmente, não podia me importar menos - com nada. Enquanto antes ficava arrasada com um e-mail esquecido, um início tardio ou um nome com erro de ortografia, depois eu me esforçava para lembrar por que quaisquer dessas coisas tinham alguma importância." Capítulo 2
Logo no comecinho conhecemos Daniel, e admito que não da melhor maneira possível, porque ele simplesmente MATOU (foi sem querer? Foi. Mas matou.) com o cortador de grama o porquinho da índia de Ros. O porquinho da índia está na capa mas ele sequer aparece, porque MATARAM ele! Eu, com certeza não levaria isso na boa e fecharia a porta na cara de Daniel como Ros fez. Porém, isso não quer dizer que o Daniel não seja um homem maravilhoso, viu, mesmo com uma barba gigante e feia. 
E por aí somos levadas na vida de Ros e seus amigos, Andrew, Georgina, Joan e mesmo Daniel, vivendo o cotidiano a base de muito vinho e trapalhadas. Pois essa Ros se mete em cada coisa, viu. Cai em arbusto, tenta dá soco em um boy, não consegue e ladeira abaixo. 
"Não deve ser tão dura consigo mesma, não deve perder tempo com o que já passou e desapareceu." Capítulo 8 
Mas fora todas essas trapalhadas e desencontros, "Lendo de cabeça para baixo" fala muito sobre relacionamento em geral, em termo de amizade, de irmãs e amoroso, claro. Também sobre como a vida de todo mundo tem uma dose de tristeza, porque todos os personagens tem pedaços de si meio quebrados, assim como nós. A autora sabe exatamente como equilibrar os momentos difíceis com o bom humor da história, o que torna a leve e reflexiva. 
Por fim, "Lendo de cabeça para baixo", o livro de estreia de Jo Platt, nos leva para a cultura inglesa, tomates cerejas preenchidos com vodka e segundas chances. Afinal, o livro todo é Ros dando uma segunda chance para si e o amor, assim como os outros personagens que também foram marcados pela vida. O que nos ensina algo muito bonito e deixa o coração mais quentinho e uma esperança para tempos melhores (a gente precisa, né).
"Os sentimentos, disse a mim mesma, os próprios e os de todas as outras, deviam ser reconhecidos, avaliados e compreendidos, e não ser algo no qual alguém tropeçava, como uma raiz de árvore inesperada no escuro, ou contra os quais as pessoas se chocavam, como uma parede construída às pressas no meio de uma das pistas da rodovia M4." Capítulo 30