Autor(a): Bruna Guerreiro 
Editora: Clube de Autores
Nº de páginas: 281
Narração: 1ª Pessoa

Sinopse: 

Ventura García Fontain tem vinte e quatro anos, um gato, um cachorro, um peculiar amigo desaparecido, mais talento do que acredita e um segredo que envenenou todos os anos de sua juventude. Sua pequena família, fragmentada por mágoas e desamor, ensinou-a desde muito jovem a proteger seu coração, isolando-se do mundo real, mantendo-se ocupada na faculdade de Literatura e no Museu Português onde trabalha, mas, sobretudo, afastando de si as pessoas reais e sufocando seus sentimentos.
Até que surgem, no quintal de sua casa, dois antigos diários do século 18, inexplicavelmente bem conservados, que irão atirá-la no vórtice de um mistério que precipitará uma série de acontecimentos em sua vida que ela não poderá mais impedir ou sufocar. Quando todas as hipóteses com as quais Ventura mal ousou sonhar começam a se tornar reais, a promessa desesperada de um terceiro diário, que pode trazer respostas à avalanche de perguntas provocadas pelos livros, torna-se sua tábua de salvação e, talvez, uma ponte para começar a percorrer os caminhos do seu destino.
"Não. Tudo o que eu queria era que ele me tocasse. Tudo o que eu queria era que ele me tocasse e que não doesse. Mas doía." Página 53
Meu primeiro contato com a obra da Bruna foi exatamente por causa dela. Lembro que ela me disse que não tinha costume de mandar livros para Instagrams/Blogs literários, mas que tinha gostado muito do nosso trabalho e queria mandar um exemplar pra gente. Não é que ela me mandou mesmo. Quase que eu morro! Afinal, não existe nada melhor do que receber livro de graça. Mas claro que vocês sabem que independente de parceria continuo falando o que penso e não tenho limites.
Ventura é uma jovem de 24 anos, trabalha no Museu Português, faz faculdade de Literatura e vive com um sentimento reprimido dentro de si, além da própria confusão. Vive com seu seu cachorro Wagner e seu gato Nietzsche (um deboche puro) em uma casa bonita de 2 andares que transborda conforto através da descrição do texto.
No meio de tudo isso, surge uma caixa no meio do seu quintal com dois livros encadernados e lindos dentro. Lógico que ela fica super confusa e não entende nada daquilo mas decidi fazer o mais óbvio do que se pode fazer com um livro: ler. A partir deste momento há uma sucessão de acontecimentos e a vida de Ventura muda por completo.
"Sabe o que é passar por uma dor e não poder chorar? Como se um bicho mordesse você, arrancasse fora um pedaço da sua perna, mas você não pode gritar, ou atrairá novamente o monstro? Era eu, ali, na casa da minha mãe, com aquele telefone na mão e o coração sangrando, cumprindo a profecia  que eu mesma tinha feito dez anos atrás. Perdi. Perdi. Ele não é meu porque nunca foi. E eu nem posso chorar." Página 57
Ao longo do livro fiquei procurando e pensando qual seria o tema central da obra, passei por "amor", pensei muito em "tabu", mas parei e fiquei em "descobrimento". A história não é sobre os amores de Ventura e sua luta por eles, ou o enfrentamento de tabus, mas sim de como ao longo de cada página Ventura se descobre como mulher, como ser humano, se desnudando de seus medos e se abrindo para as possibilidades diante dela.
A protagonista da obra é ela, a mulher confusa que trabalha com documentos no Museu Português. A moça que não se valoriza muito, com uma amiga maluca, um colega de trabalhado lindo e uma história de amor que nunca conseguiu escrever.
Alexandre, o agente de toda a confusão que ocorre na mente da personagem principal, também está sofrendo. Ele é intenso, bonito e proibido. Realmente eu consegui sentir toda aquela intensidade e vontade que ambos sentiam, mas ao mesmo passo que é bonito e angustiante, daquele jeito que faz o coração ficar pequenininho, também percebi que a relação dos dois não era saudável, não por ambos serem tóxicos ou algo do tipo, e sim porque a dor praticamente se equipara com o amor quando eles estão juntos, se tornando um enorme paradoxo. É tipo aquela coisa: "A gente se ama, mas não somos bons um para o outro."
"— Eu não sei o que fazer com você, Nana...Não sei quando te seguro, quando te largo, quando te persigo, quando te deixo paz. Porque não sei quando te faço bem e quando te faço mal. Quando você me quer.." Página 92
Já Téo é o cara "perfeito", aquele para apresentar para a mãe. Tímido, nerd e a coisa mais fofa desse mundo. E sim, apesar de toda a história que Ventura tem com Alexandre, o envolvimento dela com Téo não deixa de ser bonito e com muita química. Só que é claro que aquela intensidade vivida com Alexandre não vai existir na relação deles dois. Porém, ambos são saudáveis um para o outro, sem qualquer sensação de dor e angustia.
No plano de fundo temos os livros e o mistério que os rodeiam. Ao longo que esses mistérios vão sendo desvendados acontecem pontos de virada na vida de Ventura, quase como se um estivesse conectado com o outro.
Por fim, poderia contar que essa história foi minha companheira de viagens de ônibus na ida e na volta da faculdade, onde nos espremíamos nos espaços e ficávamos imersos juntos. Vimos carros, ônibus, motos, bicicletas e gente passar. Assistimos aulas juntos e criamos uma pequena história só nesse vai e vem da faculdade.
Ventura ainda está em processo de descobertas de si, se apaixonando, errando, confusa sobre a existência de Deus (até por isso usa deus com "d" minusculo) e fantasmas. Ela assim como eu, está mudando a cada dia. Só espero que não faça muita merda no próximo livro.
Você pode adquirir o livro em formato de e-book na amazon (só clicar), ele também está no Kindle Unlimited e em formato físico no site do Clube de Autores (disponível aqui)

            

                                                               

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