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Autor(a): Barbará Sá, Bruna Catarina, Cínthia Zagatto, Jariane Ribeiro, Jéssica Anitelli, Laura Cossete, Vallen Lee
Editora: P.S.: Edições 
Narração: 1ª e 3ª pessoa
Nº de páginas:142

A primeira antalogia da P.S.: Edições é uma coletânea de 7 contos de autoras nacionais, sendo que 2 foram convidadas, uma foi a organizadora e 4 participaram de um concurso promovido pela editora. O tema central do livro é o amor. O sentimento que atravessa décadas, cruzando de 1950 a 2010, representado de diversas maneiras, desde o amor que sofre e encara a realidade de um mundo cruel à aquele fofo e engraçado de quem precisa se libertar um no outro.
Os contos são curtinhos, com personagens cativantes e de todos os tipos, o que o torna super representativo e consegue atingir mulheres brancas, negras, baixas, altas, héteros, bi, lésbicas, mas principalmente aquela mulher que deseja conquistar os seus sonhos, e não falo de amor aqui. Sonho de se descobrirem como são, de liberdade, de luta de causas e de além de tudo se aceitarem.
São histórias diferentes, mas todas falam sobre ser mulher, amor (e suas consequências) e de como temos que batalhar para sermos aceitas independente se estamos nos anos 50 ou em 2020.

1950
A Trapezista de Brilhantina, Valen Lee

Sinopse: A cidade de Diamantes atribuiu a palavra tragédia à definição do circo. Vera Lúcia nunca viu um de perto, mas isso nunca impediu que desejasse voar em um trapézio. Agora que pode acontecer, ela irá até contra a família para não perder a chance.

O conto que abre o livro fala sobre muitas coisas em poucas páginas e ainda consegue transmitir uma mensagem importante para o leitor. No primeiro conto da dupla intitulada Valen Lee, as duas me mostraram confiança e uma harmonia praticamente perfeita (é sério, não fazia ideia de que eram duas autoras).
O propósito de todos os contos era a luta de mulheres pelo o amor. E no primeiro contato com o livro, foi interessante ver como essa luta por amor não está apenas ligada a um relacionamento amoroso, pois apesar de Vera Lúcia encontrar a personificação do amor em um homem, a verdadeira luta dela é pelo sonho de ser trapezista, pelo o que realmente ama.
Foi uma leitura super rapidinha e agradável, mas pelo fato das autoras terem pouco espaço para desenvolver algo tão drámatico, com grandes desdobramentos, fez com que a história terminasse no seu clímax, realmente me impactando, mas que fez com que sentisse falta de algo a mais.
     
     

1960
Encontro ao nascer do sol, Bruta Catarina

Sinopse: Após se casar e ser uma esposa obediente e respeitosa, como a mãe lhe ensinou, Francisca conhece a filha do vizinho, que acaba de voltar da cidade grande. E de repente conversar com ela é muito melhor do que estar na companhia do marido.

É sempre uma satisfação ver mulheres que falam sobre livros tomarem o lugar de protagonistas e escreverem suas próprias histórias. E é um privilégio falar sobre a história escrita pela Bruna. Enfim, Francisca tem um boy lixo dentro de casa (o que apesar de se tratar da década de 60 não se difere de diversas realidades de casais de 2020), e não conhece o amor. Tudo o que ela conhece é o ciúme e o mau humor de seu marido.
Tocar no ponto do machismo é algo que automaticamente a leitura se identifica, afinal, infelizmente, todas as mulheres são vítimas de machismo. E por mais que seja um assunto tão discutido, é algo que a gente sempre precisa está gritando por aí enquanto formos obrigadas a ouvir tantas atrocidades diariamente. Sobre o amor, gosto como as coisas entre as duas personagens é natural. Os sentimentos surgem espontanemente e nem elas sabem explicar direito o que estava acontecendo entre si. Por fim, só senti falta de um pouco mais de espaço para o casal.


1970
Julgando amor, Barbará Sá

Sinopse: Estagiar naquele escritório de advocacia já vai contra seus princípios, e Isabel ainda tem que se esconder do presidente. É culpa de Antônio que seus pais estejam em "viagem" para fora do país. E é melhor que nem descubra que namora o filho dele.

Barbará já é bem conhecida no mundo dos livros (bem digital influencer rica) e creio eu que já tenha alguns contos na Amazon (não tenho certeza). No seu conto da década de 70, temos praticamente um conflito de classes e ideologias. Eu particularmente adoro! E me revolta muito saber que existem pessoas hoje que acham 'ok' toda a opressão que ocorreu nesse período (não sei porque ainda me surpreendo com a humanidade). E aqui temos um problema, porque Isabel gosta do filho rebelde do dono da empresa de advocacia que trabalha e este nem imagina que a "comunista" é estagiaria da sua empresa. Esse foi o primeiro conto que os personagens não se apaixonaram, mas que já estavam apaixonados, e foi legal ver como a autora escreveu sobre um casal que já tinha construído uma história. Gosto muito de conflitos políticos e históricos, e ela soube representar isso bem, só esperava um conflito mais "papoco" nas últimas páginas.


1980
O sol sempre nasce por volta das seis, Jéssica Anitelli 

Sinopse: Poderia ser uma noite como todas as outras para aqueles que enfrentam a ditadura, mas a sede de um jornal da resistência foi descoberta. Amora conseguiu fugir, e agora Dandara precisa encontrá-la antes que seja capturada por um torturador. 

O grande diferencial desse conto pra mim é o fato dele passar durante apenas um período, da noite até o início da manhã. É como se fosse realmente um filme que começa cheio de adrenalina no meio da escuridão e termina com um sopro de esperança ao nascer do sol. É uma mensagem linda e trouxe realmente um clima da correria para a história. Já faz uns dias que li e algumas coisas ficaram gravadas na minha mente exatamente como cenas de um filme. O negócio é que essa uma noite tinha muito potencial para se desenvolver e talvez umas páginas a mais tornassem o arco mais legal ainda.


1990
Rivais?, Laura Cossete 

Sinopse: A melhor aluna e o garoto mais famoso da classe estão concorrendo ao comando do grêmio estudantil, mas algo aconteceu no porão da escola para mudar o foco da disputa. Agora eles estão mais preocupados com uma aposta do que com as eleições. 

Quando acabei de ler "Rivais?" depois de um simulado da autoescola, tava rindo igual uma boba, com aquela sensação gostosa de ter acabado de ler um bom romance. Nesse mesmo momento me perguntei porque nunca lido nada da Laura. Onde cê tinha se escondido, mulher? Ou onde eu estava? Porque você escreve de um jeito tão gostoso e que me traz tanta felicidade que quero gritar pro mundo o quanto é maravilhosa. Na história, ela conseguiu trazer tudo que gosto: muitas referências, de locadora de filme a *NSYNC, rivalidade, uma mocinha decidida e um mocinho descarado (Deus, me desculpa, mas eu amo). Consigo ver o atrevimento dele de longe e quando ela dizia que ele tava sorrindo eu tava sorrindo também! A Laura dá um show sobre como construir personagens em um piscar de olhos e nos conectar com eles na primeira página. Quero dizer que queria mais deles! Se você quiser escrever e mandar pra mim eu leio com todo o prazer, viu.

           

2000
Amor nas alturas, Jariane Ribeiro 

Sinopse: O sonho de Vivi é ter os novos sapatos de salto de All Star, mas nem mesmo com sua altura natural ela tem coragem de ficar de pé na frente de Enrico, o adorável advogado corporativo sem alma que sempre vem cortar o cabelo no salão de sua avó. 

Jariane, mulher, como tu escreve bem! Tô morrendo de amores pela Vivi e o Enrico até agora. Esse aqui foi outro conto que li na autoescola e fiquei igual uma abestada rindo pro tempo. Eu nasci em 2000, então, esse conto me amarrou no momento que ela começou a falar sobre internet discada, o Orkut, o MSN (que saudade de tremer o bate-papo do povo), a Kelly Key (e eu comecei a cantar Baba, baby igual uma doida) e toda a transformação tecnológica que houve nesse período. Além disso, ele tem que um ar jovial e Vivi falando mal do capitalismo que eu amei! Amei! E amei! Enrico ainda mais é um fofo que escreve depoimento no Orkut e quer ser defensor público. Vivi também tem problemas com sua altura (a gata é um poste e lindona), mas ela descobre o que é alguém realmente valorizar ela e mostrar que mulherão da porra que é. Enfim, amei!

           

2010
Trabalhada no amor, Cínthia Zagatto 

Sinopse: Lana precisa aceitar que a loja de cupcakes não é sua. Enfiada no trabalho exaustivo, que vem roubando todo o seu foco, ela esquece mais um encontro com Davi. Em meio a uma tempestade que parou São Paulo, é melhor correr se quiser chegar a tempo.

Cínthia é uma mulher bem sucedida e que foi obrigada a passar quase um ano aguentando meus e-mails pedindo segunda via de boleto. Tenho até vergonha, gente. Também tenho vergonha de ter e-book dela no Kindle e só ter tido o primeiro contato com sua escrita agora, mas foi lindo também. Aqui temos menina Lana vacilando com seu boy e consigo mesma. A gata fica igual um pinto molhado e pensando "Perdi meu boy, pqp" e nessa viagem de metrô e muitas reflexões, ela descobre que não tem que só que lutar pelo amor de Davi, mas por ela. Gostei de tudo, pô. Também fiquei rindo para as paredes igual uma abestada. 

                  

Espero que tenham gostado da resenha e se vocês escrevem, as meninas da P.S.: estão lançando mais um concurso da segunda antalogia delas sobre o dia dos namorados, e você pode participar pagando o preço do livro (que cê recebe independe de ganhar ou não). Pra saber mais é só clicar aqui.
                                                               
                                                                               

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