Os Sete Maridos de Evelyn Hugo

Autora: Taylor Jenkins Reid
Editora: Paralela
Ano de publicação: 2017 (tradução: 2019)
Nº de páginas: 360
Narração: 1ª pessoa
Título original: The Seven Husbands of Evelyn Hugo
Sinopse: Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes – seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido... pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história – ou sua "verdadeira história" –, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso – e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.

"Porque eles são só maridos. A Evelyn Hugo sou eu."
É isso o que acontece quando começamos um livro com muitas expectativas e ele vai nos surpreendendo a cada novo capítulo? É normal sentir que alguma coisa que ele trouxe nos mudou? Foi essa a impressão deixada em mim por esse livro. 
De cara, confesso que não simpatizei muito com ele. Começa com a voz de Monique Grant, uma jornalista que aparenta ter uma vida nada extraordinária. Está tentando subir na carreira e rapidamente é possível perceber como isso é algo importante para ela – pelo que entendemos logo nos primeiros capítulos, ela acabou de se divorciar numa daquelas bifurcações "escolher o marido" x "escolher a carreira". Embora seja convicta pelo caminho da sua carreira, ela ainda sofre um pouco pelo término, ocorrido há poucas semanas. 
"Precisa encontrar um trabalho que faça seu coração bater mais forte, e não um que deixe seu peito apertado."
É logo no começo que Monique é procurada pela assessoria de Evelyn Hugo para realizar uma suposta entrevista. Após anos reclusa, Evelyn há muito tempo não faz tantas aparições públicas e as entrevistas, então, foram extintas. Mas agora, com quase 80 anos, tendo uma das vidas mais conturbadas, polêmicas e – por que não? – bem vividas de Hollywood, ela está organizando um leilão de seus lendários vestidos e todas as revistas estão atiçadas para conseguir o máximo de informação sobre isso.
Quando Monique e Evelyn se conhecem, fica evidente que existe algo por trás do motivo para Evelyn chamá-la, especificando que se não fosse a jornalista em questão, não seria mais ninguém. Mas o motivo não é revelado a princípio e, cá entre nós, não é a busca por ele que faz com que o leitor fique preso a esse livro. O grande e inabalável motivo tem nome, sobrenome, carisma e talento invejáveis: Evelyn Hugo.
A proposta de Evelyn, então, é que Monique escreva uma biografia autorizada da atriz, que só poderá ser publicada após a sua morte. À medida em que Evelyn conta a sua história, falando sobre toda a sua carreira e tudo o que nunca foi contado sobre seus sete maridos, rapidamente descobrimos que a história dela vai muito além disso. 
"O que fica na minha cabeça no fim de semana – da sexta à noite ao domingo de manhã no parque – não é "como meu casamento foi por água abaixo?", e sim "quem diabos foi o grande amor da vida de Evelyn Hugo?""
Quantas mulheres não foram reduzidas a seus relacionamentos amorosos? Quantas mulheres não foram rotuladas de acordo com seus corpos, deixando de lado quem elas realmente eram/são? Evelyn nos faz pensar sobre como a nossa sociedade ainda tem muito o que aprender, mesmo que a história que ela está contando, em grande parte, tenha se passado no século passado. 
Evelyn é uma das personagens mais difíceis de descrever, tal como seu livro. A única coisa que posso afirmar com certeza é que fui muito cativada por ela, assim como Monique se sentiu durante todo o período em que estiveram juntas. Devido aos sentimentos conflitantes, nesse livro todo tipo de sentimento pelas personagens é permitido, sobretudo perceber seus erros. Durante a leitura, nós somos chamados a ponderar suas escolhas e atitudes porque, afinal, é uma história que evoca muito a nossa capacidade de ser empático. Você não precisa achar se é certo ou errado, só precisa entender que houveram motivações e, sobretudo, não há arrependimento em Evelyn por ter sido quem foi e por ter feito o que fez.
"Desconfie de homens que precisam muito provar alguma coisa."
Eu vou indicar esse livro para todo mundo, porque é incrível. O símbolo feminino representado por Evelyn e toda a discussão que o livro pode trazer sobre sexualidade tornam essa história tão necessária! E se você for se aventurar por ela, fique ciente de que são pouquíssimos os homens que prestam nessa história – eu avisei que é bem próxima da realidade... E que ela não é mesmo sobre eles. Além disso, aborda temas tão relevantes que, mais do que nunca, resgatam essa história fictícia para a nossa atual realidade.



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