Autor: Ricardo Coiro
Editora: Outro Planeta
Nº de Páginas: 288
Narração: 1ª Pessoa 

Sinopse: 

Este livro não tem príncipes, dragões, nem reinos. Tampouco super heróis. Tem gente como a gente, como você, que sangra, chora e, com sorte, tem orgasmos de acordar a vizinhança; que vive entre o desejo de se entregar e o medo de quebrar o coração de novo. Esta é a história do Leco - um guitarrista gaúcho que gostaria de ter nascido na década de setenta -, da Laila - uma veterinária paulistana recém-traída pelo noivo - e de outros personagens de quem você certamente sentirá saudade depois do último ponto-final. Um retrato divertido, comovente e atual do mais potente sentimento brotando rápido em meio aos caos urbano. 
"Mas o conheço o bastante para acreditar que nunca deixará de ser como eu: há em nós - talvez coisa genética - uma atração inevitável pelo caos, uma espécie de magnetismo que nos deixa de pernas inquietas quando a rotina se instaura e todas as coisas entram nos trilhos." Capítulo 31
E outra vez Isabelle foi enganada. Estou cansada de servir de trouxa até para os livros! Li a sinopse desse livro e fiquei super empolgada pensando que seria uma leitura para aquecer meu coração e me deixar supeerr feliz. "Finais Felizes", tá no título, o que poderia dá errado? Tudo, absolutamente tudo. Sofri largada.
Mas vamos começar do começo mesmo. A leitura quebrou completamente as minhas expectativas, a partir do momento que Leco - o personagem principal - começa a falar muito sobre maconha, cocaína e outras besteiras por aí. Ele realmente tem uma coisa de um homem maloqueiro que só quer saber de tocar o seu som. Foi um impacto grande, porque estou acostumada a ler outros tipos de livros e com uma linguagem de certa forma diferente. A linguagem apresentada nesse livro é totalmente coloquial e regionalizada (o Leco é um gaúcho que fala "Bah" toda hora e que muitas vezes diz umas palavras que eu não faço a menor ideia do que significa), mas não é nada que atrapalhe a leitura e como até em uma técnica de inglês instrumental, o que importa é você entender o contexto todo e não o que cada palavra significa. Além disso, a forma que é escrita é bem suja (pelo menos quando é narrado pelo Leco), e talvez algumas pessoas fiquem meio "méh". Eu acho bem legal, principalmente porque adoro a escrita do Charles Bukowski e ele é o rei desse disso de escrita. Então se prepare para ler peripécias sexuais, referências ao número 2, meleca e a bonita que tem vários nomes mas que por aqui é chamada pela palavra com b (a pussy é o poder, já dizia Valesca Popozuda).
"Ta um minuano de rasgar os beiços. Ainda nem arrancamos e as janelas estão embaçadas. Melhor assim: poucas coisas pinicam tanto quanto a expressão de quem fica." Capítulo 1
Laila é completamente o oposto de Leco. É toda barbiezinha, cuida dos animais, vegetariana, descobriu que tem um par de chifres, e prefere ficar em casa ao invés de toda a badalação das noites de São Paulo. Mas bam! Os dois se conhecem de uma forma bem aleatória e bem típica brasileira (violência no meio, Brasil) e desde então acabam não se largando, com Laila pensando no homem com alma de adolescente (com brinco, cabelão e tudo mais) e que cantou Layla do Eric Clapton para ela e Leco pensando na ruiva bonitona e na "b" dela também.
Até um pouco antes da metade do livro eu estava com raiva da estória e até pensei em desistir. Leco só fazia merda, me dava nos nervos, pois simplesmente não tinha amor a própria vida e Claudinha (amiga de Laia) só falava de macho (e olha que eu falo muito de macho). Porém, eu insisti, e sofri. Os capítulos são bem curtos e as coisas vão acontecendo e acontecendo e você fica "Minha nossa senhora, socorro". Ao passo que Laila e Leco realmente tem uma relação saudável, ela sabe o momento de olhar para si. Leco vive muito de boa, é boa praça, mas uma hora vai acabar morrendo pelo seu próprio desapego e descuido com si mesmo. E dói meu povo. Dói ver como o vício pode ser algo tão filha da puta. E não gente, ninguém muda por outra pessoa. Você não vai conseguir mudar uma pessoa pelo poder do seu amor e coisa e tal. A pessoa tem que mudar por si. É uma escolha única e solitária e nada fácil.
" "E depois Leco? E o futuro?", elas me perguntam, fazem com que eu me sinta um ET por não conseguir pensar muitas casas à frente. Mas eu prefiro ir levando, improvisando de acordo com o ritmo que a vida toca. De que adianta fazer planos pro ano que vem se eu posso bater as botas hoje mesmo, atropelado por um bêbado como eu? O amanhã não passa de uma suspeita que vivemos a confundir com certeza absoluta; e marcar nossos planos numa folha de calendário, por mais que a gente queira concretizá-los, não vai deixar o depois menos incerto." Capítulo 15
Ao chegar na última página do livro, eu realmente percebi que eu tinha me apegado demais com todos ali, mesmo com o cheiro de maconha fictício. Ele mostra uma realidade, com o bom humor brasileiro (citando Jornal Nacional e tudo) e uma boa dose de sotaques.
"Ela Prefere Finais Felizes" é uma boa pedida para quem quer ler algo diferente, duro e de certa forma leve, e nacional! É uma história que conquista, nos faz pensar sobre muitas coisas, e tem uma playlist recheada de rock n'roll.
P.S.: Chegar no final do livro, onde tem "Lista de Músicas" e ler: "Mete com força e com talento", MC Nick, 2018. Foi o AUGE! Nunca ri tanto.

                                       

                                                               

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