Autor(a): Camila Marciano
Editora: Disponível no Kindle Unlimited e físico direto com a autora
Nº de Páginas: 577
Narração: 1ª Pessoa

Sinopse:

Você consegue dizer o ponto exato em que o amor acaba? Consegue dizer quando as contas, a rotina e os filhos afogam o amor? Consegue dizer quando acaba o tesão? 
Eu nunca soube. 
Isso aqui não é uma história de dois adolescentes que se batem mas no fundo se amam. Eu sou um pai de dois filhos, sou casado. 
Esta aqui é sobre reconquistar a mesma mulher que você já meteu uma aliança no dedo, mas deixou escapá-la por entre eles. Ela se foi e você nem viu. Esta vai para todos os cabaços que como eu, esqueceram-se que o amor não é um posto, é exercício. É um jogo de tentativa e erro com algumas regras pré-estabelecidas. 
Aqui, o amor é outra coisa. 
Não é à toa - Que os contos de fadas terminam no casamento e a ideia de "casamento perfeito" vem estampado num comercial de margarina.
"A gente não limpa o peito com dias de silêncio. A gente limpa o coração com minutos de conversa." Capítulo 34 "Meio-Dia"
Esse foi o segundo livro sobre casamento que li no ano, mas com uma pegada completamente diferente. Já havia visto o livro no Wattpad e conheci melhor a autora ao saber que ela faria parte das autoras da Série Deusas no Clube P.S.:, então depois de ver algumas contas de Instagram falando e ler direitinho sobre o que era o livro, decidi começar a leitura. E que livro maravilhoso! Tava só começando a ler e já chorava horrores. 
Enfim, a história começa quando Fernanda ou só Fê, sai de casa, deixando Dio (ou Rodrigo) e os dois filhos, Lipe e Guto. Durante esses sete dias, Dio pensa em tudo. Em como ele deixou o casamento esfriar e tudo se tornar automático. Em como foi consumido pelo trabalho, não ajudando em nada em casa e nem com os filhos. Em como conseguiu apagar quem Fernanda era. Então, após se xingar e se martirizar por um bom tempo, ele decide fazer diferente, decide reconquistar aquela mulher que está escorrendo por entre seus dedos nos próximos 6 meses.
 "Por que você deixou a mãe ir embora, papai? - Foi a única coisa que Lipe falou, chorando um pouquinho também, limpando os olhos na manga do uniforme.
Por que, meu filho? Porque seu pai cagou feio, porque seu pai é um babaca. Porque seu pai é um egoísta, um arrogante. Porque seu pai achou que daria certo engaiolar um pássaro selvagem. Porque ele achou que fosse o certo da história, ele achou que ser o patrocinador dos filhos fosse o suficiente." Capítulo 1 "Seis meses"
O nosso "eu" leitor está muito muito acostumado a ver a construção de uma história e não o temido "depois", então é lógico que quando nos deparamos com histórias do tipo surge uma certa surpresa. O felizes para sempre não existe. Sempre haverá dificuldade, dias ruins, assim como haverá dias bons. E é isso que vemos nesse livro. Um casal que se conheceu com seus 20 e poucos, vivia no fogo da paixão e nas expectativas altas para o futuro. Opostos que se atraíram e descobririam serem únicos nas suas diferenças. Uma Fê cheia de atitude, filha da capital. Um Dio ainda quase menino, filho do campo, mineirinho com sotaque forte. E os dois se moldaram, se moldaram como casal, cedendo aqui e ali, trocando alianças e deixando o tempo passar. Mas o tempo passa e ele pode ser muito cruel. A rotina chega, os filhos também e cada vez Fernanda se sentia mais de escanteio, sendo aquela mulher que nunca pensou que seria.
"Para casar tem que ser com aquela que vai te pentelhar a vida toda. Tem que ser aquela a conversa não tem fim, nem piadas, nem as risadas. Tem que ser aquela que você sonha em um dia poder voltar para casa depois de um dia de serviço e esquecer que trabalhou, esquecer que é segunda-feira, esquecer que está chovendo. Seu coração está em casa, você voltou para o seu lar e tudo está bem - é com essas que a gente casa." Capítulo 1 "Seis meses"
Primeiro que para mim é sempre meio pesado ler sobre quando um casal está prestes a desmoronar, quando as vidas parecem entrelaçadas apenas por um fiozinho prestes a se romper. Foi com esse desespero que comecei a ler a história. Chorei junto com Dio quando este finalmente se tocou que estava perdendo a mulher da vida dele. Chorei mais ainda quando ele percebeu que o beijo e todas as transas haviam sido automáticas, praticamente sem sentimento nenhum, como se do outro lado do colchão estivesse um desconhecido.
Me apaixonei por uma São Paulo e uma Minas Gerais que nunca conheci. Com cada particularidade que cada uma carrega consigo e as histórias que cada canto conta. Guto e Lipe são as crianças mais sensacionais que eu já tive o prazer de "conhecer", de tão fofas, inteligentes que são. E o mais importante: elas estão presentes em praticamente cada página. E isso é importante por quê? Pois alguns livros tratam os filhos como meros detalhes e estes mal aparecem, quando na realidade a gente sabe que não é assim. Quando se tem criança em casa, praticamente não se tem tempo pra si. Enfim, eles são tão maravilhosos que só poderia ser ficção mesmo, porque não vi uma birra sequer.
Existem outros vários personagens, como Ana e Bia, um casal maravilhoso e o que mais mexeu comigo: Seu Alcides e Dona Teresa. O pai e a mãe de Dio são a coisa mais fofa e que me trouxe uma infinidade de reflexões sobre muitas coisas e que com certeza vou levar comigo pro resto da vida.
"Quando você tem um problema de verdade, coisa que dói na alma, qualquer coisa menor perde a importância. Só isso dói, só isso importa. Nos primeiros dias as pessoas ainda te perguntam se você precisa de alguma coisa, se você quer conversar, se está querendo um ombro amigo.  No décimo segundo dia elas já cansaram de você e da sua vida. Estão tocando a vida delas o melhor que podem, mesmo que eu, mais uma vez, não embarque no bonde com elas." Capítulo 32 "Os Homens, os Mendigos, os Loucos"
Para finalizar, quero dizer que esse livro não deixa de ser uma declaração de amor de Dio para Fê. Sobre como o amor é um exercício diário e que nunca pode ser a nossa zona de conforto. Acho que às vezes as pessoas se prendem muito ao primeiro coríntios que diz que "o amor tudo suporta" e esquece os versos anteriores que dizem: "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha/ Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor./ O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade./Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Acho que é isso. Sempre é importante lembrar que dentro de um casal existem duas pessoas e estas são diferentes e tem necessidades opostas, o que significa que de forma alguma podemos fechar os olhos para a dor do outro e sempre temos que está atentos aos sinais presentes em uma relação. 

              

                                                            

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