Autor(a): Beth O'Leary 

Editora: Intrínseca

Narração: 1ª pessoa

Nº de páginas: 400

Sinopse:

Eles dividem um apartamento com uma cama só. Ele dorme de dia, ela, à noite. Os dois nunca se encontraram, mas estão prestes a descobrir que, para se sentir em casa, às vezes é preciso jogar as regras pela janela.

Três meses após o término do seu relacionamento, Tiffy finalmente sai do apartamento do ex-namorado. Agora ela precisa para ontem de um lugar barato para morar. Contrariando os amigos, ela topa um acordo bastante inusitado. 

Leon está enrolado em questões financeiras e tem uma ideia pouco convencional para arranjar dinheiro rápido: sublocar seu apartamento, onde fica apenas no período da manhã e da tarde nos dias úteis; já que passa os finais de semanas com a namorada e trabalha como enfermeiro no turno da noite. Só que tem um detalhe importante: o lugar tem apenas uma cama. 

Sem nunca terem se encontrado pessoalmente, Leon e Tiffy fecham um contrato de seis meses e passam a resolver as trivialidades do dia a dis por Post-its espalhados pela casa. Mas será que essa solução aparentemente perfeita resiste a um ex-namorado obsessivo, uma namorada ciumenta, um irmão encrencado, dois empregos exigentes e alguns amigos superprotetores?



Não sei se vocês entendem de crochê, mas do pouco que entendo sei que para se começar uma peça é necessário dar a laçada inicial e fazer a conhecida correntinha. Essa é a base do crochê. O problema é que a correntinha é fácil de fazer mas se não for dado um nó bem feito no final, logo se torna apenas um fio. Por que estou dizendo isso? Bem, Tiffy está tentando construir essa bendita corrente. 


Ela dar o seu primeiro ponto quando decide sair da casa que divide com o ex-namorado, Justin. Não é um movimento fácil, pelo contrário, mas é necessário. É daqui que as coisas vão começar a mudar para ela. Com pouco dinheiro e tendo que pagar para Justin o dinheiro do aluguel dos meses que passou em sua casa, a decisão mais viável é dividir uma cama com um desconhecido. Não bem dividir. O plano é que eles realmente nem se vejam, estando cada um em turnos diferentes na casa. A comunicação de ambos se resumem a bilhetinhos em Post-its, o que poderia ser silencioso e monótono, mas se torna barulhenta e instigante. 


Deixando um pouco a Tiffy e sua correntinha, quero falar sobre Leon. Leon é em enfermeiro de cuidados paliativos e passa a noite e a madrugada em uma casa de repouso trabalhando e precisa muito de dinheiro, por isso a ideia de botar sua cama para "alugar". Só que assim como Tiffy, Leon está passando por um momento complicado, daqueles que decisões bruscas são necessárias. Isso porque seu irmão está preso injustamente. 


Então aqui temos duas pessoas tentando seguir em frente de alguma forma, elas estão lutando para isso. Esse é o primeiro ponto que os amarra. Mas eles são diferentes entre si, é importante frisar. Tiffy é mega colorida, ama um bazar e é super tagarela, já Leon não se importa muito com as cores e nem é de falar muito, é bem mais na dele e tudo bem. Essa inclusive é uma marca que vemos nos bilhetes trocados entre eles. 


"Oi, Leon 


    Não sei. Na verdade, nunca pensei nisso por esse ângulo. Minha reação inicial é: "Sim, ele é bom para mim." Mas não sei. A gente brigava muito, um daqueles casais sobre quem todo mundo gosta de fofocar (a gente já se separou e voltou algumas vezes). É fácil lembrar os momentos felizes - e a gente teve uma porção e foram incríveis -, mas acho que, desde que a gente se separou, só consigo me lembrar disso. Então sei que estar com ele era divertido. Mas será que era bom pra mim? Arg. Não sei.


    Por isso o pão de ló com geleia caseira.


    Bjos, 


    Tify." Página 70


Mas voltando para a correntinha: Tiffy e Leon continuam dando formas a uma simples linha, só que em certos momentos Tiffy trava e desfaz alguns pontos. Isso porque ela está tentando escapar das amarras de um relacionamento abusivo sem ao menos entender que ele a faz mal. Justin frequentemente brinca com seus sentimentos, seu psicológico e a faz duvidar de si mesma, das suas próprias ações e decisões. Então, quando ela está bem, sorrindo e conquistando coisas, já quase solta de sua influência, ele aparece, como um fantasma. É um jogo psicológico e Tiffy está cansada de não entender o que ele quer. Existem momentos que ele a trata bem, diz que a ama, no outro tá com outra mulher, a cobrando por um aluguel. Mas além disso, é que ele a faz duvidar do que ela pensa, do que é melhor para ela. Então ele poda sua autoestima, seus gostos, suas amizades e até mesmo manipula suas decisões, fazendo a acreditar que disse uma coisa quando na realidade disse outra. Por isso que é tão difícil para Tiffy continuar construindo sua correntinha: porque de hora para outra vem uma mão segurando a sua e desfaz todos os pontos construídos com tanto suor. Simplesmente por ele achar que sabe o que é melhor para ela. 


Isso é um relacionamento abusivo. O abusador não precisar gritar, espernear, bater, mas ele machuca tanto e fere seu psicológico que você simplesmente se torna dependente dele, para cuidar e chutar na hora que quiser. 


"Meu pai gosta de dizer que "a vida nunca é simples". É uma de sus frases favoritas


    Na verdade, não concordo. A vida costuma ser simples, mas a gente não nota até que ela se torna absurdamente complicada, tipo quando só se fica feliz por estar bem quando se fica doente, ou quando só se fica feliz com sua gaveta de meias-calças quando se rasga um par e não tem nenhum sobrando." Página 178


Só que entre os post-its engraçadinhos e comidas deixadas um para o outro, Tiffy e Leon criam um laço forte. Ambos se importam verdadeiramente um com o outro. Tiffy se mostra um grande apoio para Leon e toda a situação que ele está passando, dando para ele a pontinha de esperança que tanto precisava. 


Tiffy precisava de alguém que a enxergasse, a valorizasse e fizesse seu sorriso ser mais fácil, que não fosse alguém para apagar o seu brilho e não comemorar suas conquistas. Esse é alguém é Leon. Dessa forma, a relação deles começa na mais pura forma de apoio e empatia. Ambos são gentis um com o outro e era isso que eles precisavam. 


Importante frisar que nessa jornada eles não estavam sozinhos, Gerty, Mo, Richie, Rachel e tantos outros personagens constroem a ponte para que eles se fortalezam individualmente e juntos. 


Quando enfim li a última página e fechei o livro, fiquei muito feliz em ver que a correntinha estava completa e que um nó apertado havia sido feito em seu final. O caminho jamais seria desfeito novamente. 

 


                   




Deixe um comentário