"Florença é o lugar perfeito para se apaixonar, o que significa que é o pior lugar do mundo para ficar de coração partido." (Capítulo 15)

Uma leitura que deixa nosso coração quentinho e nos faz querer viajar para conhecer os locais explorados na história é um livro que realmente merece um local especial no nosso coração. Foi desse jeito que me fui conquistada e me pus a escrever essa resenha.

Amor & Gelato

Autora: Jenna Evans Welch
Editora: Intrínseca 
Ano de publicação: 2017
Número de páginas: 320
Narração: 1ª pessoa

Sinopse: Um verão na Itália, uma antiga história de amor e um segredo de família.
Depois da morte da mãe, Lina fica com a missão de realizar um último pedido: ir até a Itália conhecer o pai. Do dia para a noite, ela se vê na famosa paisagem da Toscana, morando em uma casa localizada no mesmo terreno de um cemitério memorial de soldados americanos da Segunda Guerra Mundial, com um homem que nunca tinha ouvido falar. Apesar das belezas arquitetônicas, da história da cidade e das comidas maravilhosas, o que Lina mais quer é ir embora correndo dali. 
Mas as coisas começam a mudar quando ela recebe um antigo diário da mãe. Nele, a menina embarca em uma misteriosa história de amor, que pode explicar suas próprias origens. No meio desse turbilhão de emoções, Lina ainda conhece Ren e Thomas, dois meninos lindos que vão mexer ainda mais com seu coração.
Uma trajetória que fará Lina descobrir o amor, a si mesma e também aprender a lidar com a perda. Amor & Gelato é uma deliciosa viagem pelos mais românticos pontos turísticos italianos, com direito a tudo de mais intenso que o lugar tem a oferecer: desde paixões até corações partidos.

No meu primeiro ano de faculdade, fiz duas disciplinas em que tive a oportunidade de conhecer um pouco sobre a língua italiana e sobre a cultura desse país que eu não sabia muito mais do que alguns filmes - como Cartas Para Julieta - tinham me mostrado. E, claro, tinha as imagens dos pontos turísticos mais importantes de Roma na mente, mas não ia muito além disso e da existência do Vaticano lá no meio. Foi quando eu fiz essas disciplinas, e por causa de um dos meus trabalhos avaliativos, que eu descobri sobre a Toscana, especificamente a cidade de Florença. E da mesma forma que me animei com o livro da resenha passada que era ambientado no Brasil e, por isso, era mais familiar, fiquei muito empolgada com essa história, pois além de já ter pesquisado muito sobre a cidade, tinha essa enorme vontade de conhecer. 
"E se minha mãe, minha avó e a psicóloga estivessem erradas? E se eu fosse continuar sofrendo assim pelo resto da vida? E se a cada segundo de cada dia eu sentisse menos o que tinha e mais o que perdera?" (Capítulo 24)
Amor & Gelato começa com a triste notícia de que a nossa protagonista, Lina Emerson, está vivendo um momento bastante difícil, embora seja tão nova. A perda da sua mãe mexeu demais com seu psicológico. É difícil ter qualquer tipo de contato com as coisas deixadas por ela sem sentir o corpo estremecer e as lágrimas surgirem rapidamente. Contudo, antes de partir, sua mãe, Hadley faz um pedido a Lina - não só um pedido, a faz prometer que passará um tempo na Itália, com um amigo de sua mãe, onde a mãe morou e estudou por um período quando era mais jovem. A princípio, Lina não entende o porquê, mas promete, e é só quando sua avó confessa que o tal amigo, Howard, é na verdade o pai de Lina, é que ela embarca para a Itália sem fazer ideia do que viverá no país.
"Eu estava percorrendo a Itália na tentativa de solucionar o mistério do diário, tentando entender tudo o que ela fizera, mas na verdade só estava procurando por ela. E não ia encontrá-la. Nunca mais." (Capítulo 24)
Quando Lina chega, conhece uma amiga em comum dos seus pais, que a entrega um diário que Hadley enviou para a Itália um pouco antes de morrer. É por meio desse diário que Lina descobre a verdade sobre si mesma e o passado de sua mãe, que ela guardou em segredo tão bem e por toda a vida de Lina. Uma das melhores coisas do livro foi a forma como Lina buscou e enfrentou a verdade sobre a sua vida, ainda que fosse difícil e doloroso, porque essa busca a obrigava a encarar as memórias de outras pessoas sobre a sua mãe. O que às vezes parecia que ia doer ainda mais, podia também trazer conforto quando Lina visitava os locais que Hadley visitou e tinha em mãos as descrições de tudo o que ela havia sentido. Era como visitar a Itália ao lado dela. 
E isso é transmitido para nós também. Senti vontade de visitar os locais que elas visitaram, comer as comidas que experimentaram... Provar todos os tipos de gelatos possíveis, porque aparentemente é uma amostra do paraíso na Terra. 
"Eu não ia deixar de sentir saudades dela. Nunca. Dali em diante a vida seria assim, e por mais pesado que isso fosse, seria algo do qual eu jamais me livraria, mas não significava que eu não conseguiria me reerguer." (Capítulo 24)
Outra coisa que amei no livro foi a postura de Lina em relação a Howard. Não consigo imaginar qual seria a minha reação se descobrisse que o meu pai é um homem que eu nunca vi na vida e minha mãe nunca nem havia mencionado o seu nome. Lina poderia ter agido de forma imatura, evasiva, poderia ser o estereótipo da adolescente rebelde - perder a mãe e se mudar, não apenas de cidade, mas de país! Aparentemente estava dando tudo errado. No entanto, embora a situação fosse muito constrangedora, Lina foi muito mais aberta a Howard do que eu mesma esperava. Reconhece os esforços dele e eles criam uma relação forte e de verdade. 
Além disso, devo destacar Lorenzo Ferrara (Ren), o primeiro amigo que Lina faz logo que chega em Florença e uma peça importante na sua jornada. Ao mesmo passo que criamos um carinho pela protagonista, Ren também se torna especial, por ser tão diferente e sempre passar a sensação de saber o que dizer e fazer. Ele é um dos responsáveis pelo quentinho no coração ao ler o livro.
"Saí da casa e fui embora sem olhar para trás. Tive medo de que ele visse o sorriso radiante estampado no meu rosto." (Capítulo 5)
Em Amor & Gelato eu ri com os vários momentos engraçados de Lina e chorei com a sensibilidade de momentos tão puros e intensos, do mesmo jeito que são simples e sinceros, sem precisar apelar para a situação do luto em si. E eu não consegui largar o livro um só segundo, fiquei louca para saber logo tudo o que viria a descobrir junto com Lina. Além disso, amei pesquisar mais sobre a Itália e só fiquei com ainda mais vontade de conhecer. 
Este é um livro para se divertir e que passa voando, porque nos apegamos rapidamente à história. Fiquei até com um certo vazio quando acabou. Se você busca esse quentinho no coração e a leveza de uma história sensível, mas segura para os nossos sentimentos, pode apostar em Amor & Gelato.  
"- Sabe, as pessoas vêm para a Itália por vários motivos, mas, quando ficam aqui, é só por dois. [...] Amor e gelato." (Capítulo 23)

 
 


Hoje, faz cinco anos que eu decidi esquecer você. Não parece ser o tipo de coisa que se tem controle, embora eu quisesse acreditar que sim quando tomei essa decisão. Ainda mais depois de passar tanto tempo nutrindo aquele sentimento por você. Era tão incoerente alimentar algo que não me alimentava da mesma maneira... Se eu me arrependo? Bom, não. É, é a verdade. Depois desse tempo todo, finalmente percebi que não vai me doer admitir que talvez – e só talvez – eu não sinta raiva de todas aquelas declarações de amor. Nem mesmo vergonha.

Aquele momento foi um daqueles divisores de água. Eu posso delimitar a pessoa que eu era antes e depois do instante em que tomei minha decisão. E sem toda aquela baboseira de ser grata pela experiência vivida... Não. Estou falando de mim mesma.

Alguns anos atrás, eu falaria de você. Falaria das coisas que eu gostava em você, dos nossos assuntos preferidos, do que eu queria que fizéssemos no futuro. Falaria do porquê do meu pai aprovar nós dois, falaria sobre a minha mãe nos apoiar e até que a minha irmã adoraria te ter como cunhado, mesmo que eu não soubesse da veracidade de nenhuma dessas coisas. Isso porque eu gostava de sonhar com você. Gostava de imaginar que podia ser real de qualquer forma. Mas não era.

Foi só quando eu percebi – quando eu realmente percebi que você não era para mim, foi que eu virei a página. Sabe quando foi? Quando eu ouvi aquela música, aquela que eu chorava tantas vezes escutando e lembrando de você, e não senti nada. Te escrevi uma penca de cartas que você nunca vai receber. Chorei o que tinha que chorar. Contei para as minhas amigas que tinha te esquecido, para você ver como era um marco e tanto. Tinha uma parte de mim que chegou até a pensar que era só fingimento, que uma hora ou outra eu acabaria caindo por você de novo. Só que eu já não era a mesma pessoa um pouco depois disso.

Quando você me mandou aquela mensagem hoje cedo me desejando um feliz aniversário, passou tanta coisa pela minha cabeça. Fiquei o dia inteiro indo e voltando nas suas palavras. Antigamente, teria sido como abrir uma portinha para novas borboletas ainda mais vorazes atingirem todas as partes do meu estômago. Hoje, só me causou um riso. Um riso um tanto sarcástico, na verdade. Um riso de quem entende que já não é mais sobre você, embora um dia tenha sido.

A sua mensagem nesta data foi um lembrete da minha decisão. Está marcado que, neste dia, além de completar mais um ano de vida, é o dia em que decidi apagar você. Mesmo que você vez ou outra ainda tente voltar... Eu já não sou mais aquela pessoa. Eu não consigo nem fingir ser. Foi por isso que eu ri, porque ironicamente escolhi a data que me acompanhará pelo resto da vida para tomar a decisão de te esquecer. E mesmo que provavelmente eu lembre para sempre dessa escolha, nunca mais me sentirei da mesma maneira. Nunca mais sentirei o mesmo por você.

Eu tenho certo receio de escrever textos com conteúdos desse tipo porque eles não são reais. São baseados em experiências próprias, é verdade, mas estão muito distantes da realidade - hoje tampouco é meu aniversário. Só deixei que a minha imaginação fosse um pouco mais distante para realizar aquela vontadezinha de mostrar que estamos bem a quem um dia nos deixou na pior, mesmo sem intenção. Faz parte, o ser humano não é perfeito. | A imagem é uma foto minha com um trecho da música "te assusta" da Manu Gavassi. Acho que a música é mais sobre um relacionamento complicado, que está tentando se manter, mas eu assumi um outro sentido do trecho para ser coerente com o meu texto.
 

 
"Só queria estar com alguém que me permitisse descobrir quem eu queria ser. Que me visse e me aceitasse do mesmo jeito. Mas aquilo nunca ia acontecer. Porque eu era invisível." (Capítulo 14)

Dos vários e-books que adquiri nestes dias de quarentena, este livro estava guardadinho no Kindle e nos últimos três dias estive envolvida em sua história. Ponderei muito se falaria sobre, por ser um assunto muito delicado. Desde já, alerto que o livro pode ser um gatilho para pessoas sensíveis a automutilação e suicídio. Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que precise, que tenha pensamentos suicidas ou cogite a automutilação, peça ajuda de uma pessoa querida ou entre em contato com serviços de apoio. Sempre terá alguém para te ouvir. Você pode ligar para a ONG CVV (Centro de Valorização da Vida) pelo número 188 ou conversar por chat, pessoalmente ou por e-mail - cvv.org.br/quero-conversar/

Céu Sem Estrelas

Autora: Iris Figueiredo
Editora: Seguinte
Ano de publicação: 2018
Número de páginas: 304
Narração: 1ª pessoa

Sinopse: Um romance sensível e envolvente sobre autoestima, família e saúde mental.
Cecília acabou de completar dezoito anos, mas sua vida está longe de entrar nos trilhos. Depois de perder seu primeiro emprego e de ter uma briga terrível com a mãe, a garota decide ir passar uns tempos na casa da melhor amiga, Iasmin. Lá, se aproxima de Bernardo, o irmão mais velho de Iasmin, e logo os dois começam um relacionamento. Apesar de estar encantado por Cecília, Bernardo esconde seus próprios traumas e ressentimentos, e terá de descobrir se finalmente está pronto para se comprometer. Cecília, por sua vez, precisará lidar com uma série de inseguranças em relação ao corpo - e com a instabilidade de sua própria mente.

Este livro começa com vantagem comigo porque eu adoro livros ambientados no Brasil. Adoro não precisar pesquisar o que é uma universidade Ivy League, nem entender a geografia de estados estadunidenses. A história de Céu Sem Estrelas se passa entre Niterói e São Gonçalo, cidades vizinhas do Rio de Janeiro, e os personagens estudam na Universidade Federal Fluminense. E, embora não more no Rio e não tenha tanta familiaridade, só o fato de entender melhor o ambiente da história já me deixou satisfeita.
Cecília é uma mulher fora dos padrões estéticos. Ela é gorda e tem os cabelos cacheados, o que já é um pacote completo para o processo de construção da autoestima e autoaceitação seja mais difícil do que o de outras pessoas que atendem aos padrões. Desde já, tive uma identificação com ela nesses aspectos e eu garanto como são aspectos complexos para uma garota jovem como ela. Não bastando isso, ainda tem a mãe, que piora e muito as coisas, e as frequentes crises de pânico que Cecília vem vivenciando. O resultado é uma pessoa entrando na fase adulta extremamente insegura, repleta de questões consigo mesma e com as pessoas ao seu redor.
"Eu não me sentia à vontade na minha própria pele." (Capítulo 18)
Do outro lado, Bernardo é o irmão mais velho de Iasmin, a melhor amiga de Cecília, e por quem a nossa protagonista nutre um certo interesse já há algum tempo - de cara, percebemos que, de certa forma, é um interesse recíproco. Bernardo estuda Engenharia Mecânica na UFF, um garoto meio nerd, aparentemente cansado da vida de festas e bebidas que levava um tempo atrás e que ainda fazia parte do cotidiano de alguns dos seus amigos. Bernardo e Iasmin levam uma vida muito tranquila, com certo luxo, uma vez que os pais têm muitas condições, diferente da vida de Cecília. 
"Não existe um céu sem estrelas, Cecília. Mesmo quando estão cobertas pelas nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar." (Capítulo 56)
Quando ela e a mãe têm a pior das brigas até então, ela é expulsa de casa e a família da melhor amiga oferece abrigo a ela, o que permite a aproximação de Cecília e Bernardo. E, embora gostem um do outro, acabam se afastando e Cecília vai morar com a avó, o que ela não queria, a princípio, mas nos permite conhecer um pouco mais da figura materna principal na vida de Cecília. Foi um outro momento em que me senti dentro da história - eu não tenho problemas com minha mãe como a menina tem, mas a minha proximidade com minha avó pode ser lida como a da história. Graças à avó, Cecília tomou gosto pela leitura e até mesmo entrou na faculdade. Também foi por causa dela que Cecília começou a desenhar, outro hobby que acaba se estendendo para a sua vida profissional.
E além da avó, Cecília também tem sua prima e algumas amigas que são, de fato, a sua rede de apoio. Não são dezenas de pessoas, mas o suficiente para que ela pudesse perceber que não está sozinha. Acontece que não é isso o que ela sente. Na verdade, a sensação é o oposto - sente-se sempre sozinha, ou mesmo quando com alguém, a iminência de que será abandonada a qualquer momento. Pode ser um trauma do pai que nunca conheceu, da adolescência que não foi marcada pela popularidade, pelo fracasso da relação com a mãe... Cecília é sucumbida pela solidão, pelo medo do abandono. Um sentimento que toma conta de si, ela não consegue sequer controlá-lo e acaba recorrendo à dor que ela pode controlar quando começa e quando termina, que ela sabe exatamente o que causa e acredita que pode conter.
"A falta de ar, de controle e a pressão no peito eram desoladoras. Eu perdia a noção do tempo e do espaço, não sabia quando aquilo ia parar, se é que ia. Era como me afogar em águas rasas, sem perceber que podia simplesmente colocar os pés no chão." (Capítulo 6)
Diante de tantas instabilidades, achei muito delicada a escolha da autora de não colocar um final em que todas as coisas são resolvidas com rapidez e exatidão, até porque não é bem assim que a vida funciona. Li vários livros entre uma resenha e outra, mas não são todos os que me fazem querer escrever sobre. Céu Sem Estrelas me conquistou pela leveza e, não obstante, pela realidade das coisas. Tudo nesta vida é um processo. É demorado, uma lenta construção de nós mesmos. Mas, no final, faz valer a pena quando percebemos que há pessoas por nós, que a nossa solidão às vezes foi apenas imaginada por nós mesmos e é tudo bem também ser sozinho às vezes. 
"O amor é paciente. Ele é feito de respeito e apoio mútuos. Ainda tenho medo do abandono, mas procuro pensar todos os dias que aqueles que importam estarão sempre comigo. Que uns chegam e outros vão, mas que não posso aceitar menos do que eu mereço." (Epílogo)
Contudo, não esquecer que há outros por nós e, sobretudo, entender a nossa própria força. Além disso, nem tudo tem uma solução perfeita. Nem tudo sai como deveria ser para que fiquemos sempre satisfeitos. 
Eu queria muito que algumas outras questões tivessem sido resolvidas na história. Não sei se tem a ver com esses processos mais difíceis ou se ficou aberto para uma continuação... Mas, ainda assim, eu adorei o livro, poderia fazer um post só com as passagens que destaquei - e espero que vocês gostem também.
Cuidemos de nós e dos nossos! Ainda mais nestes tempos de pandemia, em estamos todos mais sensíveis e vulneráveis. Fiquem bem!

"Descobri que minha força sempre esteve dentro de mim - eu só não dava muita atenção a ela. E, sempre que vejo um fusca azul, lembro que dentro dele cabem pessoas o suficiente para me estender a mão se um dia eu precisar. Isso é força. (Epílogo)
 






Autor(a): Pam Gonçalves
Editora: Página 7
Narração: 1ª Pessoa 
Nº de Páginas: 24 páginas

Sinopse:

Bianca não aguenta mais as brigas de família durante as festas de fim de ano. Por isso, ela decidiu passar o Natal sozinha, ou quase, já que sua gata terrorista a acompanhará na maratona de filmes do Harry Potter. Mas o que a garota não esperava era que o destino iria ensiná-la a ser mais paciente e compreensiva com aqueles que a amam. 
"A verdade é que não tem mais clima. Por isso resolvi fazer uma madrugada de maratona de Harry Potter com brigadeiro, pizza e cerveja. Desisti completamente de tomar vinho como toda garota faz nos filmes americanos porque estamos vivendo sob a bunda do Satanás e a única coisa que vai matar a minha sede nesse calor é uma cerveja bem gelada"
Quem nunca se irritou com o Natal? Família sempre é um berço de caos e brigas e a família de Bianca não fica distante disso. Por isso ela decidiu simplesmente não ir na festa tradicional de fim de ano na casa de sua vô. Ficar em casa com sua gata maratonando os filmes de Harry Potter pareceu muito melhor para a sua saúde mental. Mas só quem já passou um natal sozinha ou mesmo sem um parente presente sabe o quanto é dolorido, mesmo que a gente diga que não. E é essa dor que Bia sente. 
"Agora eu entendo" é um conto pequeninho, mas de muita sensibilidade e sinceridade. Sua proposta é simples e muito fácil para o leitor se identificar, além da escrita fluída da Pam, o que mostra que a gente não precisa de um material super complexo para ter um produto bom. O mais importante é como a história conversa com o leitor e como ela o impacta. 


Então Pam pega a gente pela mão e apresenta Bianca e todos os problemas familiares que existem: os tios que sempre brigam, as piadas chatas, entre tantas outras coisas. E diz para gente que tudo bem, a maioria das famílias são tudo isso mesmo. Não existe perfeição no mundo dos imperfeitos. Quando se trata de família, nós sentimos falta e continuamos amando mesmo aqueles que nos machucam. 
"..., mas entendi que era exatamente isso que eu precisava. Estar comigo. Sempre dependi muito de outras pessoas, da opinião, da presença, do incentivo. Estava na hora de tirar essa força de dentro de mim."
Pam Gonçalves narra sobre dor, felicidade e o mais importante de tudo: como devemos valorizar o tempo com quem amamos. Pois no fim, dar atenção, doar o nosso tempo e demonstrar que nos importamos com o outro é o maior presente que podemos dar para quem amamos.
Só sei que quando cheguei no final estava chorando igual uma idiota e fui dormir um pouco mais esperançosa, depois de ter sido levada a tantos sentimentos. Super recomendo para quem está procurando uma leitura rapidinha e maravilhosa. 
"— Mas eu estraguei muita coisa — ele continuou. — Descobri tarde demais que não tinha controle nenhum sobre a bebida. Quando percebi, as relações já eram frágeis demais entre vocês. Tudo havia se desgastado como papel e eu não conseguia mais recuperar [...]"













As castas de A Seleção X  Desigualdade Social 

Já fazia muito tempo que tinha lido a trilogia criada por Kiera Cass, mas por causa do anúncio do lançamento do filme pela Netflix, as meninas do Instagram @tolendocomapri e @floresepalavras organizaram uma leitura coletiva e eu topei logo de cara. Fora a experiência da releitura e de reviver todos os momentos que eu já havia vivido com os personagens, as castas me chamaram muito atenção, mais do que na primeira vez, exatamente pela proximidade com a nossa realidade. 
"— Mas eu não consigo parar de pensar assim. — Ele olhou para mim e prosseguiu. — Fui criado desse jeito. Desde pequeno sempre ouvi que os Seis "nascem para servir" e "não devem ser notados". A vida inteira me ensinaram a ser invisível." Capítulo 5, A Seleção
No universo da Seleção, Illéa, é divida em 8 castas, a primeira sendo da família real e as outras dos cidadãos do país. Sendo que estas castas delimitam o que você pode fazer e a Oito é a miséria total. 
Mas porque isso me trouxe reflexões sobre a nossa realidade? Pois apesar de não sermos segregados por números, somos separados pela desigualdade social. Acho que uma das diferenças é que ainda temos a possibilidade da ascensão social e mesmo assim somos barrados pelo sistema. 
"O prefeito então falou de minhas qualidades à multidão reunida na praça, deixando passar que eu era muito bonita e inteligente para uma Cinco. Ele não parecia ser má pessoa, mas às vezes até os membros mais simpáticos das classes superiores eram esnobes." Capítulo 7, A Seleção
Um exemplo claro disso é o atual momento que vivemos. A pandemia mostrou muito bem aqueles que tem o privilégio de ficar em casa e os que não tem. Poderíamos falar também sobre o ENEM (inclusive, #adiaENEM) e porque nesse momento é muito óbvio quem são os "Um" ou "Dois" e os que são "Seis", "Sete", "Oito" e não tem como estudar durante esse período, ficando limitados por causa da desigualdade. E eu nem comentei sobre o fator mulheres, comunidade negra, LGBTI+ etc.  
Por isso que acredito que todos nós devemos ter um pouco de America em nós (mesmo que ela tenha me feito sentir muita vergonha alheia em "A Elite") e lutarmos de verdade por uma sociedade mais igualitária. Isso significa se posicionar, ajudar, votar, dar voz as minorias e procurar enxergar o quanto às vezes queremos nos cegar sobre as pessoas marginalizadas e não compreender o que nós, como privilégiados, podemos fazer. A reflexão que fica é: Leia A SELEÇÃO!







Hoje vamos falar sobre a melhor série da vida e que está me mantendo sã nessa bendita quarentena. Ela me prendeu por vários dias (e continua, pois estou direto reassistindo ou comentando sobre) e fez com que por alguns dias eu esquecesse esse caos que estamos passando e me permitisse alguns momentos de pura felicidade. Então, antes mesmo de começar a falar, quero agradecer a essa série incrível por me tirar um pouco dessa confusão que anda acontecendo no mundo e me levar para um lugar tão feliz (e reflexivo). 

Brooklyn 99

Sinopse: 

Jake Peralta é um detetive brilhante e ao mesmo tempo imaturo, que nunca precisou se preocupar em respeitar as regras. Tudo muda quando um capitão exigente assume o comando de seu esquadrão e Jake deve aprender a trabalhar em equipe.

Brooklyn 99 é uma série de comédia policial lançada em 2013 pela FOX e está atualmente na sua 7 temporada pela NBC, pois aconteceu um rolê grande e a FOX cancelou a série depois da 5 temporada e a NBC recuperou ela no outro dia! O sucesso foi tão grande que a série já está até renovada para a sua 8 temporada (pisa demais). Enfim, na série acompanhamos a rotina da delegacia 99 no Brooklyn quando o Capitão Holt assume o cargo de capitão da delegacia e observa o que é necessário mudar em seus detetives para tornar a 99 uma das melhores delegacias de Nova York. A começar por Jake Peralta, um ótimo detetive, mas muito imaturo. 


Apesar de ser uma série de comédia, Brooklyn 99 toca em assuntos muito importantes, como: racismo, adoção, assédio e muitos outros, de uma forma seria e sabendo administrar o tempo de fazer uma piada e passar uma mensagem importante para o seu público. Além disso, os personagens trazem muita diversidade, com dois personagens negros de alta patente, um sendo gay; duas mulheres latinas incríveis e personagens brancos héteros muito desconstruídos. Além claro, de Gina Linetti, a rainha que sabe de tudo. 
O seriado sabe construir relações. Não é algo forçado. Os personagens se conhecem e se permitem conhecer e aprendem a ouvir o outro. Isso fica bem claro no primeiro episódio quando o Capitão Holt explica as dificuldades (de uma maneira bem direta) de ser gay no meio policial e a importância de estar em um cargo alto e o Jake, ao invés de ser a representação do homem branco idiota, sabe escutar e entende a importância de tudo aquilo. 
É muita engraçada e inteligente. Talvez alguém pense: ah, com esse monte de besteira (não são besteiras, viu) essa série deve ser um porre! É claro que não. Como eu disse, a série sabe tocar em assuntos sérios em momentos pontuais e isso sem perder a essência do que são. Talvez seja isso que faz a série ser tão incrível. Os personagens são simplesmente isso que transmitem na tela: engraçados, meio doidos e desconstruídos naturalmente, provando que sim, isso tudo pode ser normal. 
Tem um dos melhores casais que eu já tive o prazer de acompanhar. Isso aqui não é spoiler porque desde o piloto dá pra saber que eles vão ser um casal. E eles são  tão naturais, gente! Antes de tudo são migos e quando o Jake percebe que gosta da Amy ele simplesmente diz e não fica igual um stalkear doido atrás dela. Ambos sabem respeitar o tempo do outro e suas individualidades e é tão absolutamente lindo! Eu sou só o Charles falando: "Oi, gente. Descobri uma nova droga também. Se chama "seu relacionamento" e estou viciado."


Por último, mas não menos importante, a série em todas as suas temporadas tem episódios incríveis de Halloween, envolvendo sempre um assalto mirabolante, que rende muitas risadas e um em especial me fez ficar igual uma manteiga derretida, sorrindo feito boba pra televisão. 
E é isto, pessoal. Se você ainda não assistiu Brooklyn 99, este é o momento! Principalmente se você precisa se distrair e sorrir. Caso tenha assistido e não tenha gostado, o problema é claramente você, viu! 





Kindle

Olá, amados e amadas, hoje vim bater um papo diferente com vocês. Não vamos falar diretamente de livros, mas sim de um aparelhinho incrível que proporciona uma ótima experiência de leitura: o Kindle. 
Primeiro, o que é o Kindle? É um leitor digital da empresa norte-americana Amazon, com o objetivo de proporcionar a experiência mais próxima do papel na tela do dispositivo. Além disso, proporciona a opção de compra dos livros disponíveis na loja virtual. 
Mas você precisa de um Kindle? Sinceramente, não sei. Eu não tinha intenções de fazer a compra, porque lia no celular e no iPad, até que minha mãe insistiu para comprar (e eu não neguei, obviamente) e acabei adquirindo o Kindle da 10ª geração com iluminação embutida. 
Especialmente para mim, que tenho o costume de ler muitos e-books, foi uma ótima primeira experiência. A leitura fluiu muito bem e meus olhos não se cansaram como acontecia em outras telas, o que é muito importante já que podemos passar horas lendo e para quem já tem problemas de visão, é uma ótima alternativa. 
O outro detalhe é exatamente a durabilidade da bateria, ela pode durar até semanas e é ótimo porque a gente não vai precisar interromper uma leitura por precisar carregar. Além disso, ele é super levinho e ergonômico.
Outro ponto importante é que diferente do celular ou mesmo de um tablet, o kindle não vai interferir a leitura com notificações e acabar dispersando o leitor e seu tempo de "vida" é bem grande, o que é bom pois se torna o investimento duradouro e não algo que precise ser trocado de ano em ano. 
Acho que é isto. Um Kindle não é necessariamente necessário para a vida de um leitor, mas ele pode ajudar muito e facilitar a vida de quem consome e-books (além de serem fotogênicos). 

       


Autor(a): Bruna Guerreiro 
Editora: Independente e disponível no Kindle Unlimited
Nº de páginas: 105
Narração: 3ª Pessoa

Sinopse:

Duas presenças constantes. Diárias. Todos os dias, ali, ao alcance da mão. Duas pessoas que fazem parte da paisagem uma da outra. Quase invisíveis. Até que, um dia, os olhos se abrem, as mãos se alcançam...
Cecília e Marcelo moram juntos há três anos. Bom, não juntos, mas no mesmo apartamento. Até que um dia eles se acham nos braços um do outro e só uma coisa é certa: tudo vai mudar. Mas ambos têm muito a perder. Dá para fingir que nada mudou? Será que é isso que eles querem?

Cecília é uma mulher gorda. E porque é importante dizer isso? Não seria a mesma coisa se ela fosse magra? Não. O fato dela ser uma mulher linda e gorda é muito importante na história pois o fato dela não estar dentro de um "padrão de beleza" estabelecido pela sociedade fez com que ela fosse marcada fortemente pela vida em seus relacionamentos.
Marcelo, com quem divide apartamento e um amigo antigo, também sofre com todos esses dizeres que a sociedade quer imprimir em nossas mentes. E mesmo que ele saiba que todos esses preconceitos são errados, eles continuam lá, sabe.
"Então ela riu, de nervoso, como ela sempre fazia na vida, aquela maldição de se fazer de feliz quando sangrava por dentro." Capítulo 4


É lindo ver a construção do Marcelo em perceber como Cecília é um mulherão da porra, como a sua presença em todos os pequenos detalhes da casa que dividem o encantam. E eles tentam fingir. Marcelo já não quer negar as coisas que viveram, mas Cecília sim, ela tá se preservando, pondo seu coração em primeiro lugar, porque sabe o quanto pode doer.
O negócio é que quando a gente gosta de alguém é simplesmente impossível fingir que tá tudo bem. O corpo não mente. Ter coragem para mudar tudo isso também é complicado, viu.
Fazer a leitura desse livro pequeninho foi muito especial. Principalmente porque a gente tá em um momento que todo mundo tá a flor da pele e não existe nada melhor do que se apaixonar por um casal, de torcer por eles e se perder numa boa história. Então, Bruna, obrigada por ter aquietado meu coração por esse período.
"— Eu não tava aguentando a sua ausência. — ele disse, com a mesma voz doce e baixa. — Tentei forjar sua presença com o que tinha." Capítulo 11
Além disso, apesar de eu não ser gorda e nunca ter enfrentado os problemas que mulheres gordas enfrentam, todas as mulheres continuam a ser questionadas pela sociedade, e já tive inúmeras dividas sobre mim e tudo o que ela falou na sua nota final me tocou demais e me fez refletir sobre o quanto somos podadas cotidianeamente.
Então é isso. Este é um livro que você pode ler em uma sentada só e tenho certeza que vai se apaixonar pela história da Cecília e do Marcelo.