Autor(a): Mariana Zapata

Editora: Charme 

Nº de páginas: 480

Narração: 1ª Pessoa

Sinopse: 

Se alguém perguntasse a Jasmine Santos como ela descreveria os últimos anos de sua vida em uma única palavra, ela, definitivamente, usaria uma com quatro letras. Depois de dezessete anos e incontáveis promessas e ossos quebrados, ela sabe que as portas para competir na patinação artística estão começando a se fechar. Mas a oferta mais incrível de sua vida surge por meio de um cara arrogante e idiota que ela passou a última década desejando poder lançar na direção de um ônibus em movimento. Então, Jasmine compreende que precisará reconsiderar tudo. Inclusive Ivan Lukov.

Fazia um tempo que eu não enlouquecia com uma leitura, sabe? Não gritava e surtava com um casal a ponto de me deixar sem sono e xingando para as paredes. E as minhas últimas leituras haviam sido assim: muito boas, mas nada havia realmente mexido comigo e me feito dar pulinhos pela casa. De Lukov, com amor, fez isso. 

A história tem uma premissa simples: Jasmine é uma patinadora maravilhosa, mas não enxerga um futuro bom em sua carreira desde que seu parceiro de patinação a abandonou e agora luta para continuar seguindo seu sonho. Do outro lado temos Ivan, a grande estrela da patinação em dupla, e que agora, precisa de uma parceira nova. E quem seria essa parceira? Jasmine. O problema, claro, é que eles se odeiam. 

Se for comparar a leitura de "De Lukov, com amor" com uma montanha russa de sentimentos, os primeiros que encontramos são a frustração e a decepção. Jasmine deixa bem claro isso quando diz: 

"Preocupar-me em ser um fracasso e uma decepção não eram coisas que se podia consertar. Eles estavam lá. O tempo todo. E se havia uma maneira de trabalhar neles, eu ainda não havia aprendido." Capítulo 3

Ela não é uma personagem boazinha, que sorri para a vida e para todos a sua volta. Ela está cansada, saturada, machucada e quer mandar todo mundo se foder mesmo. Mas ela é dura na queda, forte, e não permite desistir, porque ela a patinação é tudo que tem e é. 

É como se Jasmine fosse uma árvore antiga, de raízes profundas, mas que vem sendo podada durante muito tempo. Parece que ela não consegue crescer, florescer e que quando suas flores começaram a se abrir para sentir o sol, alguém vem e a corta. A chance dela é a agora e ela vai encarar, mesmo que seja com o cara que ela chama de Satã. 

Sobre o Ivan, aí, cara. Enquanto escrevo isso tô igual uma boba sorrindo, porque eu me apaixonei por ele, de verdade. Chego a ficar toda arrepiada! Mas é isso, desde a sua primeira aparição, com seu jeitinho debochado e briguento, eu sabia que ia amar ele, sabia! Se a Jasmine é essa força da natureza, explosiva e sem medo de ser quem ela é, Ivan é um mar calmo, poderoso em sua essência, misterioso, mas um ponto de equilíbrio no meio do furacão. Talvez seja por isso que ambos sejam tão bons juntos. Eles possuem ritmo, sincronia e aprendem a confiar um no outro na marra. Porém, eu realmente acho que o coração de Ivanzinho já batia de um jeito diferente em relação a Jasmine e acho que ele também sabia disso. 

A narrativa é um slown burn, que significa literalmente "chama lenta", ou seja, o casal demora, mais demora, e como demora, pra se pegar. Mas quando se pega, meu amor, não há bombeiro que apague essa chama! Só que essa chama lenta é muito gostosa de acompanhar, porque a autora não tem pressa de desenvolver eles, tanto individualmente como juntos, então vemos como ambos aprendem a ter confiança entre si, como se tornam amigos e se inserem no cotidiano um do outro.  E apesar da Jasmine ter uma família enorme e extremamente carinhosa, é lindo ela se sentir a pessoa favorita de alguém, sentir que alguém confia nela e estar ao seu lado para tudo. 

Voltando para a montanha russa de sentimentos, o momento que me balançou de um lado para o outro e me fez ter um encontro com minhas próprias dores, é a relação machucada de Jasmine com seu pai. "Você pode ter todo o talento do mundo e ainda assim, não valer nada [...]" (Capítulo 11) é essa bendita frase que seu pai disse e a atormenta, mas o que me machucou de verdade foi encontrar a minha dor com a dela, no seguinte trecho:

"Por que era fácil esquecer que o amor era complicado. Que alguém podia te amar e querer o melhor para você e, ao mesmo tempo, parti-la ao meio. Havia algo muito peculiar em amar alguém da maneira errada. Era possível amar demais alguém. Com muita força" Capítulo 17 

Jasmine abre seu coração ao leitor e prova que o amor pode doer muito, principalmente quando você simplesmente não consegue parar de amar aquela pessoa. Eu sinto esse amor que dói desde pequeninha em relação ao meu próprio pai e escrevo tudo isso com lágrimas nos olhos, porque dona Mariana Zapata conseguiu mexer demais comigo e atingiu pontos fortes dentro de mim.

Ainda nesse mesma montanha russa, estamos chegando em seu final, com o coração disparado, os pulmões cansados e a garganta seca de tanto gritar. Depois da adrenalina, vem aquela calmaria e a sensação "ufa, acabou" e aí que encontramos o amor. Após essa longa jornada, com frustrações, decepções, felicidade, raiva e tantas outras coisas, o amor de Ivan e Jasmine fica cristalino. Ambos se amam e não tem como negar isso. Eles demonstram a forma mais pura de amar alguém, que é querendo a felicidade do outro e estando presente. Ambos estão ali, um para o outro, agarrados a uma corda invisível, não deixando que o outro se perca dentro de si.  

"Amor para mim era honestidade. Ser verdadeiro. Conhecer alguém em seu melhor e pior. O amor era um impulso que dizia que alguém acreditava em você quando você não acreditava em si mesmo." Capítulo 18

           

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