Seus olhos estavam pesados, quando abriu a porta para ela. Tinha acabado de ler a mensagem e sentia uma forte vontade de abraçá-la e nunca mais largar. Ela já estava com um monte de sacolas em uma mão e o celular na outra, com os óculos tortos. Ele pegou as sacolas de sua mão e ajeitou seus óculos, enquanto puxava-a para si, depositando um beijo na sua testa. Seus olhos se encontram, (tá, ela ainda tava muito puta com ele), e bem, a cara dele não estava as das melhores, parecia que todas as suas alergias decidiram atacar.
Colocou as sacolas em cima da bancada, vendo-a amarrar o cabelo em um coque, colocando água no copo e tirando o remédio da embalagem. Não falaram nada, deixando apenas seus olhos vagarem um sobre o outro. Já tinham discutido demais e sabiam que o silêncio era preciso. Eles seguiam meio que a regra de conseguir dizer tudo virtualmente, mas quando estavam ali, cara a cara, as palavras travavam na garganta, os olhos pesavam, e só pensavam em ficar escondidos no abraço do outro, vendo algum filme.
Se deitaram no sofá e colocaram algum filme para assistir, enquanto ficavam deitados um no abraço do outro. Não falando nada, apenas aceitando as coisas como elas são. Relacionamentos são complicados e às vezes temos que ceder para um lado ou para outro, fechar os olhos e confiar em quem você ama. As coisas vão ser complicadas e não se basearão apenas em beijos e um amor infinito. Haverão problemas, desde manias de cada um, financeiros, o que o tempo trás, o que o tempo leva, e as responsabilidades que pesam nas costas. E nesses raros momentos de paz, muitas vezes o silêncio é a melhor palavra. Amar, além de tudo, é aceitar, aceitar que nem tudo vai dá certo, e amar, amar constantemente, se apaixonando repetidamente pelas mesmas feições e gestos.
Nota: Enfim, trago ''Eles'', um tipo de fim dos textos: Atrás do meu sorriso e Você e suas infinitas doenças. Espero que tenham gostado tanto desse casal quanto eu.