Antes de tudo, isso aqui não é sobre ninguém ficar pelado não, viu (apesar de que eu adoraria ler relaxando em uma banheira). 
Gosto de imaginar que quando a gente pega um livro para ler, estamos totalmente vestidos. Ainda não conhecemos aqueles personagens, não sabemos sua motivação e muito menos sua história. Então, é automático que encaremos aquilo com um pouco de desconfiança, lendo aquele ambiente da forma que nós vemos a vida, com nossa moral, preceitos e preconceitos. Ao longo do tempo, podemos ou não, começar a nos despir, ficando ou não, completamente nus diante dos personagens. Mergulhados em quem eles são e deixando a nossa própria história de lado. 
Mas o julgamento permanece intrínseco na gente, e vez ou outra, podemos pegar uma peça de rouba e dizer para o personagem: "Pera, você não fez isso!" ou "O que você tá pensando?". Esse combate obviamente é bom, pois estamos lindando com outras situações, muitas que provavelmente não viveríamos, nos questionando (e isso é sempre o importante) e lendo as situações criticamente. Dessa forma, não necessariamente a gente precisa estar nu e completamente entregue a uma narrativa, a gente pode tá vestido, cutucando, questionando e refletindo. 
Só que esse embate frequente entre leitor e personagem, ao meu ver, não é bom. Afinal, nós precisamos ser conquistados, mesmo que pelo incomodo. Para que depois que cheguemos ao ponto final, vestindo nossas roupas, repensemos que peça queremos tirar definitivamente ou colocar. 
               

                                                                                  

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