Para Sir Phillip, com amor

Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
Ano de publicação: 2003 (tradução: 2015)
Número de páginas: 276
Narração: 3ª pessoa
Título original: To Sir Phillip, with love
Sinopse: Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante.
Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder.
Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos.
Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar? Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina.
Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços. Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro.
"Os sonhos dela não passavam disso: sonhos. Ilusões, coisas que criara. Se ele não era quem esperara, a culpa era só dela. Vinha ansiando por algo que nem mesmo existia." (p. 50)
Dando continuidade à jornada que estou correndo com a família Bridgerton, cheguei ao livro 6 com certas expectativas. Eloise é uma das minhas Bridgertons favoritas, entre homens e mulheres. Ainda que ela seja muito intrometida e até um pouco irritante, ela sempre me pareceu muito espirituosa e eu sempre gostei da forma como ela se colocava diante de determinados rótulos e expectativas que queriam direcionar a ela. 
Esse livro é localizado na linha do tempo muito próximo ao anterior, o romance de Colin e Penélope. No caso deste, é muito intenso como tudo acontece tão rápido. Embora Eloise e Phillip tenham trocado cartas por praticamente um ano, é em questão de dias que ela chega à casa dele fugida de toda a família e, tão rápido quanto eles descobrem que não são como imaginavam de acordo com as cartas, os irmãos de Eloise, enlouquecidos, encontram a irmã na casa de Phillip e, também em questão de dias, todos os trâmites para o casamento acontecem.
"Mas, à medida que ele a observava à sua frente e via o rosto dela se transformar com um simples sorriso, percebia que sua razão para ter partido não importava. Só tinha de conseguir fazê-la ficar." (p. 65)
Não vou me deter a falar sobre expectativas, visto que estou decidida a ler toda a série e, sendo assim, tenho boas expectativas para todos os livros. De um modo geral, senti que esse livro foi bastante "confortável", em um sentido até bom da palavra. Os acontecimentos não são tão movimentados como no livro anterior, mas esse traz algumas reflexões, sobretudo voltadas para a decisão de Eloise sobre se casar.
"- Mas foi o que aconteceu - disse ele, fazendo a gentileza de concluir o pesamento dela. - Acho que nem Penelope pensou que se casaria. E, para ser sincero, duvido que Colin também tivesse previsto isso. O amor às vezes chega sem ser notado, sabe?" (p. 150)
As motivações de Phillip para o casamento eram bastante claras. Mesmo que depois tenha surgido o amor dele por Eloise, em primeiro lugar, o seu objetivo era dar uma mãe aos seus filhos gêmeos, que, por sinal, são muito indisciplinados. As motivações de Eloise, no entanto, embora não sejam claras para todo mundo, são escancaradas para ela mesma: depois do casamento de Colin, seu irmão mais velho, e Penelope, sua melhor amiga, Eloise foi inundada por um sentimento de solidão nunca sentido antes. Ela acreditava, e afirma isso diversas vezes para si mesma, que poderia acabar como uma solteirona para o resto da vida depois de uma série de pedidos de casamento recusados, tanto porque não havia encontrado amor verdadeiro naqueles pretendentes, quanto porque achava que ela e Penelope poderiam fazer companhia uma para a outra na solteirice. 
Confesso que essa decisão de Eloise, por esses motivos, me incomoda um pouco. Eu sempre a considerei forte, independente e autoconfiante... Vê-la fazendo escolhas por medo de ser reduzida a uma solteirona me fez vê-la de outra forma e eu ainda não sei se foi totalmente positivo. 
"Violet nunca precisara de nada, e sua verdadeira riqueza residia em sua sabedoria e seu amor, e Eloise percebia agora, enquanto via a mãe virar de novo em direção à porta, que ela era mais do que só sua progenitora... ela era tudo o que Eloise desejava ser." (p. 203)
De fato, é interessante ver a construção da relação dela com as crianças (e, posteriormente, com o próprio Phillip). Gosto de como ela reflete muito sobre o "ser mãe" dessas crianças que ela adotou, essas que adotaram Eloise também, de certo modo. Como eu disse, é um livro mais confortável, mais calmo, embora seja muito reflexivo. Apesar desses incômodos que eu tive, adorei ficar um pouco mais próxima dos pensamentos de Eloise. Ah, e o epílogo desse livro é muito, muito lindo, com direito a quentinho no coração e tudo.

P.S. para quem já leu: Como é que a Julia Quinn não me escreve a reação da Eloise sobre aquela coisa que foi revelada no livro passado? Fiquei o livro inteiro esperando por isso. E essa falta eu não vou perdoar.



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