Há muito tempo eu não fazia postagens sobre filmes, mas este me instigou a escrever sobre. Eu assisti a muitos filmes neste final de semana, mas Copenhagen talvez tenha sido o que mais me deixou intrigada, gerando em mim uma série de questionamentos, além de críticas positivas e negativas sobre o longa. 


Sinopse: Depois de semanas viajando pela Europa, o imaturo William (que tem 28 anos) encontra00se em uma encruzilhada em Copenhagen, que para ele não é qualquer cidade europeia: é o local de nascimento de seu pai. Quando conhece a jovem dinamarquesa Effy, juntos embarcam na aventura em busca do avô de William. A mistura de frescor e sabedoria de Effy provocam em William um desafio como nenhuma outra garota provocou. Enquanto a atração está em ascensão e William começa a realmente se conectar com alguém pela primeira vez na vida, ele deve assimilar os desafios deste suposto relacionamento com as descobertas chocantes sobre o passado sórdido de sua família.


Primeiramente, eu preciso dizer o quanto o cenário do filme me atraiu para assisti-lo até o fim. Depois de assistir Sense8, em tudo que eu assisto, seja série ou filme, eu fico reparando nas paisagens, no cenário dos lugares em que os personagens estão passando. E a Dinamarca entrou para a minha "Lista de lugares que eu preciso visitar antes de morrer" depois de assistir a esse filme, principalmente porque uma das maneiras que Effy encontra para ajudar William a encontrar seu avô é visitando os lugares que fizeram seu pai sorrir quando morava na Dinamarca, e eles vão a todos esses lugares de bicicleta! Seria meu sonho?
Agora vem a questão que fez com que as dúvidas saltassem em minha mente: o enredo do filme seria como qualquer outro sobre aventuras viajantes se Effy não tivesse a metade da idade de William. Mas a questão maior (e que em quase todas as críticas isso é apontado) é: há ou não há a romantização da pedofilia?



Eu pesquisei muito. Li muito boa parte das críticas e comentários a respeito (o que não são muitos, também), e alguns me fizeram abrir um pouco mais a mente. Em alguns casos, as pessoas simplesmente abominam o filme. "É simplesmente ridículo um cara de 28 anos agir como um adolescente usando uma garota (que de fato é adolescente!) como parte do seu processo de amadurecimento", dizia um deles. Mas em diversos outros comentários, a crítica não se prende à pedofilia. Não tem nada a ver com isso.
A abordagem é delicada. Falar sobre este assunto em um filme como este me faz imaginar como foi ter criado uma história assim. E me faz questionar se eles - o(s) criador(es) - se basearam em alguma história real ou se foi só uma viagem muito louca da cabeça dele(s). Li um comentário que dizia não concordar com o acontecimento da romantização da pedofilia. E eu concluí que concordo com isso. 
Para mim, após pensar por horas no objetivo do filme, ele quis mostrar um homem de 28 anos que, tradicionalmente, já deveria ter uma vida formada, mas é totalmente carente de maturidade. Em diversas vezes eu o achei, na verdade, bem babaca. Só que em determinado momento, ele encontra uma garota e é com ela que ele tem a sua primeira conexão real, diferente dos casos que já teve durante toda a vida. Só que a menina tem 14 anos e ela é maravilhosa. Mais madura do que muitos adultos que conheço e é exatamente por isso (e por fumar e beber) que ele nem percebe a jovialidade dela. Talvez se tivessem colocado a sua idade um pouco maior, talvez 16 ou 17, não teria chocado tanto quanto simplesmente catorze. 


Mas é interessante que mesmo que ambos sintam claramente atração um pelo outro, e que Effy invista bastante em algo a mais entre os dois, William não permite que nada além de beijos aconteça. Não concordo com a relação de meninas com caras com o dobro de sua idade. Mas especificamente neste filme, é mais interessante ainda o fato de que se não fosse dito, eu jamais suspeitaria da tamanha diferença de idade. William não aparenta e nem age como alguém de 28 anos, muito menos Effy como uma menina de 14. E eu acho que é isso que a história quer mostrar. Essas divergências são o que tornam tudo muito intrigante. 
Effy é uma garota fantástica. Para William, tenho certeza que ele desejou mil vezes (ou mais) que ela fosse mais velha ou ele fosse mais novo. Ela estava muito ligada àquilo, tanto que se dispôs a ajudá-lo na busca pela família. 
"Ao falarem romantização da pedofilia é porque, no fundo, parece que a ideia do filme é que a gente queira que eles sejam um casal mesmo. Mas temos na cabeça que isso não é o certo, assim como o William, no fim das contas. E foi essa a conclusão ideal para o filme... A humanização de uma situação difícil.", li em ouro comentário (um dos meus favoritos).


Apesar de tudo isso, de diversas leituras que clarearam a minha mente, algumas coisas ainda deixaram questionamentos. Por que tirar o foco da procura de William pela família? Por que colocar uma menina tão nova? Por que tornar isso uma questão polêmica? Porquês que talvez nunca tenham resposta. As teorias não saciam minhas dúvidas. 
Mas algumas coisas quase me satisfazem. O interesse de Effy por William pode ser justificado pela ausência de uma figura paterna; o de William por Effy, pela ausência de um exemplo real de maturidade. 
Eu me sinto culpada por ter achado coisas maravilhosas a respeito do filme. Eu sorri em situações que algumas pessoas poderiam sentir repulsa. Eu levei para um lado totalmente diferente de pessoas que realmente acreditam que ocorreu romantização da pedofilia no filme. Mas eu prefiro crer que não. Prefiro ver a parte bonita (e não me refiro apenas às paisagens da capital da Dinamarca), que me fez achar tudo muito louco e refletir por horas sobre esse filme.



Eu quero te contar uma história. É no norte do país, onde os dois oceanos se encontram. Eu fui lá uma vez com a minha mãe. Ela estava triste porque seu namorado a deixou. E eu estava triste porque eu tive uma briga com minha melhor amiga. Então, ela me levou ao fim da praia e, em seguida, ela me apontou para a direita, onde o Mar Báltico fica. Portanto, é muito lindo e muito azul o mar. As correntes viajam para o oeste e ela apontou para a esquerda, o mar do norte. Também é um mar azul muito lindo, mas as correntes viajam pro leste. E então ela apontou para o meio, e ela disse que é a relação perfeita. Pode olhar para a esquerda, e pode olhar para a direita, e ambos os mares estão lá, e eles podem se encontrar no meio, mas eles nunca se perderão um do outro." - Effy.
por ter sido fofo, mesmo que estranho e aparentemente errado.


16 Comentários

  1. Amei seu blog e posso dizer que para uma menina que tem 16 anos, vc eh mt madura. Impressionante suas postagens, e olha q eu nem conseguir ler td... Parabéns! Passarei a seguir seu Blog, tudo isso por causa desse lindo filme copenhagen... Descordo completamente das criticas referentes a esse filme...Eu sou prova disso; conheci meu marido quando tinha 14 anos, faltavam apenas 1 mês para meu aniver. Já meu marido tinha 20 anos, aprendemos o que é o amor juntos. Hj estamos a 11 anos juntos, 1 ano de casada e mt feliz. O mundo precisa disso, de amor puro, de mais pureza...

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    1. Não consigo pôr em palavras o quão agradecida eu fico com isso! Fico ainda mais feliz por você e por seu marido, pois o mundo realmente precisa disso... Amor, respeito, reciprocidade. E menos julgamentos, pois amor não tem idade. Seja muito bem-vinda!

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  2. Não consigo enxergar criticas negativas a respeito do filme. É simplesmente encantador, a maneira como as coisas acontecem e como o protagonista se desenvolve no decorrer do filme. Encontrei por acaso, quando estava vasculhando a netflix, e fiquei super satisfeita, e pensei por que não ter a continuação?
    Quanto ao assunto pedofilia, a maneira como é retratado filme foi algo que me pôs a refletir a até o momento, não acho que seja o caso... OBS: O cenário do filme é simplesmente espetacular, tenho que conhecer um dia... Parabéns pelo blog!

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    1. Uma continuação! Não havia pensado nisso, mas seria incrível!
      Eu também fiquei refletindo bastante e, no fim, também não acho que seja. E quanto ao cenário, sim! Eu já era curiosa a respeito da Dinamarca, depois do filme, entrou pra lista de lugares que preciso ir antes de morrer.
      Volte sempre! <3

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  3. Eu achei magnífico o filme! Vi alguns vídeos do diretor comentando sobre a escolha de uma personagem tão nova mas ao mesmo tempo tão inteligente em comparação com as meninas que foram também apresentadas no filme. Ela é mais madura do que o próprio William em relação ao social. Concordo com as críticas dos outros sites que intitulam um filme como um encorajamento à pedofilia, porém vimos que a Effy é uma pessoa mais do que madura e que outra forma de amor fora apresentada no filme da qual o diretor cita de que o sexo não é importante para que um relacionamento funcione ou que o amor não exista sem o sexo.

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    1. simmm! Você disse exatamente tudo o que eu queria. Effy é maravilhosa. E muito rara. Eu amei a abordagem do diretor, apesar de ter ficado tão intrigada. Não sabia que haviam vídeos dele falando sobre isso... Irei procurar.
      Obrigada pela visita e volte sempre! <3

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  4. Posso dizer que no final notamos que existe um projeto de pedofilo: o padrasto dela.
    Com relação ao will eu acho que ele foi tão sensível com ela, mesmo antes de saber a idade real ele flertava mais já era diferente do que com as outras, e quantas vezes ele duvidou dela realmente querendo que a verdade fosse outra.
    O discurso do amigo dele foi totalmente desnecessário afinal ele nem sabia o que estava acontecendo (odiei o cara).
    A metáfora do oceano e o ponto de encontro é a definição deles: nunca realmente podendo se ter, mais ao mesmo tempo ligados para sempre com uma experiência que mudou a vida de ambos.

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    1. Há muito eu vi o filme, não me recordo muito do padrasto. Mas, sim, o Will foi um amor e eu vejo que nele a criação foi bem prestativa, tomaram bastante cuidado no processo de formação da sensibilidade dele. O amigo é um idiota, percebe-se durante todo o filme. E a metáfora do fim foi o que me mais me marcou do filme inteiro. Gostei da sua colocação sobre ser a definição deles, bem observado.
      Obrigada pela visita! Volte sempre. <3

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  5. Acabei de assitir ao filme e fiquei encantada! Fui pesquisar críticas sobre e o seu texto descreve minuciosamente o meu olhar sobre o filme..Incrível o final!

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  6. Acabei de assitir ao filme e fiquei encantada! Fui pesquisar críticas sobre e o seu texto descreve minuciosamente o meu olhar sobre o filme..Incrível o final!

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  7. Também fiquei intrigada com a questão da idade (por que 14, e não 17?) e fui pesquisar: acontece que, no reino da Dinamarca, a idade para sexo consensual é 15, e não 18 anos como na maioria dos outros países. Por isso a Effy ficava repetindo que não havia problema, pois logo teria 15 anos. Enfim, só uma informação extra!

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    1. Informação muito interessante, aliás! Obrigada pelo acréscimo. Volte sempre ❤

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    2. Interessante. Obrigada por trazer essa informação. Também fiquei com a mesma pergunta no ar... E ainda que ela pudesse ter sexo consensual com ele no reino da Dinamarca não mudou nada pra ele, pois ele não era de lá. Ele é americano e estava lá apenas como turista. Na cultura dele mesmo ela tendo 15 anos não poderiam ficar juntos. Olha que interessante. Os criadores do filme realmente tiveram o cuidado de fechar todas as possibilidades para que eles ficassem juntos.
      No entanto, em outros países o romance deles seria até natural, como em países onde as meninas se casam com dez anos de idade e contra a própria vontade delas. Tudo é relativo. Para aquela realidade não poderia acontecer Will e Effy. Mas levaram o que viveram juntos. Isso não tem números ou cultura que possa determinar. Gosto de pensar que num futuro próximo eles ficaram juntos sim. Com ela mais velha e ele mais maduro. E não vejo isso como romantização da pedofilia. Claro que o mundo é regido por regras. Mas a Effy era muito madura e muito consciente do que fazia. A única coisa que a impedia de ficar com ele era a idade mesmo. Mas isso também passa. O tempo passa. A vida passa. A gente muda. Essa foi uma das mensagens do filme. Eu amei. Amei o post aqui do blog também. Parabéns pela maturidade e pela forma que expôs sua opinião sem ofender as opiniões diferentes da sua e permitindo-se refletir também sobre elas.

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  8. eu com 14 anos tambem me encantei com um rapaz de trinta e quatro ele nao era bonito mais era inteligente tinha um ar de liberdade ,hoje no meus trinta vejo que nao era amor ele era a fuga de pais separados e problematicos,o heroi que me deu liberdade ele ficou comigo por 3 anos me obrigava a tomara pilula para nao engravidar,deixava ir em todas festas tinha tudo o que queria mais vejo que ee nunca me amou eu era a (ANITA) que cansou de brincar depois devolveu onde encontrou com uma historia estou velho para vc ,tem que viver nao posso fazer isso com vc mais, hoje nao sofro mais ficou no passado esse filme me fez voltar la no meus 14 anos eu so pensava nele respirava ele nunca mais me senti daquele jeito acho que nao se trata de pedofilia amor acontece so quem e mais velho tem mais malicia ou nao leva na mesma intensidade de uma jovem

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    1. Eu também acredito que o amor pode acontecer em qualquer momento da vida, a questão levantada foi apenas acerca da estranheza causada pelo próprio protagonista em se relacionar com a menina mais nova, apesar da maturidade dela. E é interessante a justificativa sobre a "fuga", porque eu vejo dessa forma a relação dos dois do filme, válvulas de escape um para o outro.

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