"Mas não tinha previsto como a atração seria forte. Ser viciado em drogas pesadas era assim? Saber que era errado e que estava brincando com o perigo, mas sentir a necessidade implacável de ir em frente?" (p. 101)

Onde mora o amor

Autora: Jill Mansell

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2013 (No Brasil: 2019)

Número de páginas: 367

Narração: 3ª pessoa

Título original: Don't Want to Miss a Thing

Sinopse: Dexter Yates adora sua vida despreocupada. Além de lindo e rico, mora em um apartamento chique de Londres e está sempre acompanhado de belas mulheres. Mas tudo se transforma da noite para o dia quando a irmã morre, deixando a pequena Delphi, de apenas 8 meses.

Sem a menor ideia de como cuidar sozinho de um bebê, ele resolve se afastar da correria da cidade grande e se muda para seu chalé em Briarwood.

Dex não está acostumado ao ambiente intimista do vilarejo, em que todo mundo se conhece e todas as histórias se entrelaçam. Os moradores o recebem de braços abertos, sobretudo sua vizinha de porta, a talentosa quadrinista Molly, que se oferece para ajudar com Delphi. Ela tem um passado amoroso catastrófico e muita cautela, mas nasce entre os dois uma inegável conexão. 

Se Dex vai conseguir se adaptar a essa nova vida e encontrar o amor verdadeiro, terá muito a aprender: sobre Molly, sobre Delphi, sobre os segredos dos outros e, principalmente, sobre si mesmo. 


Esse foi o primeiro dos Romances de Hoje que eu li, mas no blog temos resenha de vários outros: A casa dos novos começos, de Lucy Diamond; A padaria dos finais felizes e A pequena livraria dos sonhos, ambos de Jenny Colgan; e, por fim, da mesma autora do livro aqui resenhado, Desencontros à beira-mar. Todos foram lidos e resenhados pela Isabelle, quem me indicou esse selo de livros da Arqueiro. Fiquei animada, ela tinha me falado muito bem sobre, além de a proposta ser interessante e os livros, bem lindinhos. Durante a quarentena, comprei um de cada autora e Onde mora o amor foi o meu primeiro alvo.

Acho importante resgatar a resenha da Isabelle sobre o outro livro da Jill porque vi algumas semelhanças na sua forma de escrever. Não sei bem na conta de quem isso deveria cair, mas a história que me foi prometida na sinopse não se cumpre no livro. Ok, talvez um pouco, mas se eu tivesse lido a sinopse depois de ter lido o livro, saberia que está faltando alguma coisa. No entanto, como eu li antes, a sensação maior foi de terem me vendido essa história - ou melhor, essas histórias - da maneira errada. Por mais que a sinopse ainda fale por cima de um emaranhado de histórias, acho que caberia facilmente algumas linhas sobre os outros personagens apresentados.

Dito isso, volto a pensar que não ter lido a sinopse antes teria me deixado mais satisfeita com o livro do que de fato fiquei. Dex não é a pessoa que eu esperava - na minha cabeça, ao ler a sinopse, havia se formado o estereótipo de cara mulherengo, chato e metido a galanteador. Mas não me pareceu assim tão difícil que ele abrisse mão de tudo para cuidar da sobrinha. Na verdade, é uma sensação bem comum ao longo do livro: mesmo que as coisas pareçam encaminhar para um fim horrível, conseguem ser facilmente resolvidas, como se tudo fosse mais fácil simplesmente por haver amor

Molly também é uma personagem tão consistente, neutra e conformada que parece que nada é capaz de abalar essa mulher, o que às vezes chega a me irritar um pouco, devo admitir. Ela é muito boa, essencialmente boa, de coração mole e gentil. Tudo parece ser fácil de lidar para ela.

Não quero parecer amarga, mas essa facilidade aparente acaba por me perder em alguns aspectos em que eu quis um pouquinho mais de profundidade. A profusão de histórias não me incomoda. Consegui me envolver com os personagens na mesma medida, embora houvesse um apelo de atenção para os protagonistas, Dex e Molly. Todas os personagens dos outros "núcleos" estão ligados a eles dois e têm suas particularidades; pude me envolver com eles, de certa forma. Mas confesso que em alguns momentos, quando eu estava chegando a me envolver um pouquinho mais, acontecia um corte e passávamos para outro núcleo. Em alguns capítulos, talvez, a história de determinados personagens pudesse se demorar mais, para que pudéssemos ter um pouquinho mais daquilo. 

"Se a história de amor de Stefan e Hope tinha lhe ensinado alguma coisa, era que só se vive uma vez, e às vezes valia a pena correr riscos." (p. 283)

Apesar disso, é inegável que a escrita de Jill é leve, engraçada e envolvente. Mesmo tratando de assuntos mais sérios, ela não abre mão da leveza e tem seus momentos bastante divertidos também. Indicaria para as pessoas, mas não deixaria que lessem a sinopse; faria minha própria sinopse, dando espaço para os outros personagens. E alertaria: é um livro para quem acredita ou quer acreditar na força única do amor, em todos os sentidos. 



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