"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo."

         Meu pai viveu a melhor época da música popular brasileira. Melhor que isso: em Brasília! Assistiu shows em bares do próprio e em carne osso, Renato Russo. Ele diz, sempre que o assunto é rock nacional e heróis do Brasil que assistiu aos shows de pertinho, num bar qualquer da capital do Distrito Federal e lembra que até bilhetinho em guardanapo mandou, pedindo música específica. Sobre o bar, ele só explica que Renato bebia álcool demais, mas ainda assim era o cara. Ele continua a história, pulando para dois anos depois, em um show que Renato já era Legião Urbana, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. 
         Queria eu ter nascido nessa época, ter vivido a melhor época. Do tempo que, quase no fim das censuras, Faroeste Caboclo tocava nas rádios com restrições de algumas palavras. Maldita ditadura! Mas onde foram parar os sonhos? Onde estão aqueles que se divertiam vendo seus heróis, muitos deles que morreram de overdose? Quase sem querer, a presença deles e de suas loucuras começa a sumir, e só restam as cinzas dos melhores anos da música.
         Falo como se tivesse presenciado cada momento, e eu bem que queria. Sonho tanto com uma reprise dessa época. Os anos 80 e 90 estão tão vivos que nem parecem permanecer no século passado. E hoje, só temos os discos gravados, alguns pais ou tios que fizeram parte desses anos e o sentimento de saudade de uma coisa que nunca presenciamos. O sentimento de nostalgia que se contagia daqueles que contam.
         Se eu pudesse voltar no tempo, para algum lugar que eu ainda não havia nascido e meu pai ainda era uma metamorfose ambulante, iria até Brasília, no Frangão, em um dos shows do Renato, e diria... Bom... Não sei o que diria, mas até eu complementar e ter sucesso em minha máquina do tempo, eu saberei o que dizer. 

N/A: Momento corrido, achando um computador do além para digitar esse texto. Loucura, loucura, loucuraaa! Espero que gostem desse texto. Fiz ele ontem á noite (29/Agosto), quando meu pai estava realmente contando essa história então... É verídica. xoxo,

 

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