E então chega aquele momento em que você para e pensa em si mesmo. Se olha no espelho e observa um ser desconhecido, incapaz de recordar-se do momento em que mudou e ainda mais inapto para decidir se fora bom ou ruim. Vê seus olhos no reflexo do espelho e não os reconhece. Vê que, por trás deles, há uma luz escura, impedindo algo mais claro sobressair. Muitos meses fazem que seus olhos só brilham quando você deixa suas lágrimas rolarem, e que isso só acontece porque você já tem estourado todos os seus limites. Você vive na sua instabilidade de sentimentos, na sua eterna vontade de dar vazão a tudo aquilo que sente, mas, mesmo assim, sente-se presa. Um amor tão sublime, numa profusão de sorrisos apaixonados, que chegara de soslaio, sem pressa e sem fim. Ou até você achar que não teria fim algum. E teve.
         Você volta a se olhar no espelho. Aquela pessoa não é você. Ela carrega bolsas abaixo dos olhos, pálpebras inchadas de noites incontáveis de choros intermináveis. Todo o escárnio que sofrera, mesmo com a proeminência de que não era o certo a se fazer, o certo a se sentir, você insistiu. Você acreditou e se apegou à mais sutil das impressões, e até mesmo às mais hostis - nisso, eu não julgo; por tudo que o mundo tem sofrido, a hostilidade tem sido a mais abundante e cômoda. E aquela sua pessoa no reflexo do espelho tornara-se taciturna, silenciosa e acomodada. Tão acomodada que já nem sabe o que sentir. Já nem quer sentir nada, ou nem reconhece as próprias emoções. 
         Uma reviravolta acontece. Você decide mudar, você decide se ver naquele espelho de outra forma, mas ainda não captara o que dará isso. Na dúvida, troca de espelho. Troca sua lente, se vê com outros olhos, se trata de outra maneira. E mesmo que toda a consternação de antes ainda se faça presente, você já consegue ser de outra maneira. Não apenas sentir, mas viver outra pessoa. Faz de tudo para deixar para trás aquelas coisas ruins que sentia. A saudade ainda está ali, e talvez nunca passe. Mas ela será uma prova de que, em algum momento, você viveu. Você sonhou, você sofreu, chorou e sorriu, tudo isso pelo mesmo motivo. Você amou, e amou muito. Rezou para que tudo desse certo, e se não deu, é que não era para ser. E se não foi, tudo bem. Dentre bilhões e bilhões de pessoas no mundo, não é só aquela que possui a dádiva de lhe fazer feliz. Você aprenderá uma forma de ser um novo você, e, assim, novas pessoas surgirão, novas pessoas gostarão de você e esse ciclo recomeçará.
         O ciclo é contínuo até tornar-se estável, e isso acontecerá quando você finalmente encontrar a pessoa certa. E, desta pessoa, você gostará tanto, que poderão passar juntas por qualquer coisa. Você amará mais seus defeitos do que suas qualidades, e de 10 coisas que você odiar nela, 9 serão feitas só pra te irritar, o que, você verá, só te deixará mais feliz - mas isso já é assunto para uma outra inspiração qualquer.

Nota: Venho com essa foto de um dos filmes mais fofos do universo e com um textinho que achei por aí para pedir muitas desculpas por esse blog parado. Odeio essas notas pedindo perdão por falta de posts e coisas assim, mas eu não podia simplesmente voltar a postar sem nem comentar sobre o sumiço. Esse é um daqueles textos em que esse "você" é só mais um "eu", de fato, perdido por aí. Espero que gostem! xoxo,


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