"Eu demorei muito a entender que tudo o que eu gosto, de certa forma, faz parte de quem eu sou." (Capítulo 5)

Escrito em algum lugar

 Autor: Vitor Martins

Editora: Agência Página 7

Ano de publicação: 2019

Número de páginas: 80

Narração: 1ª pessoa

Sinopse: O show mais aguardado do ano! Pelo menos para Antônio, um jovem de 26 anos que não sente vergonha nenhuma em virar a madrugada na rua para conseguir comprar um ingresso para o show de retorno da sua boyband favorita. A noite está fria, os fãs são barulhentos e a calçada está longe de ser confortável, mas quando o acaso coloca Gustavo ao seu lado, passar quinze horas em uma fila não parece mais uma ideia tão ruim assim.

"Para ser sincero, eu sempre parto do pressuposto de que ninguém é hétero porque gosto de esperar o melhor das pessoas." (Capítulo 6)

Depois do #AgostoFantástico (do qual ainda estamos nos recuperando), queria uma leitura menos densa, que fosse um respirinho mais aliviado. Foi assim que encontrei os contos da Agência Página 7, indicados pela Isabelle, e acabei lendo "Escrito em algum lugar" em uma noite.

É o segundo texto do Vitor Martins que eu leio e em ambos fiquei com aquele calorzinho no coração, satisfeita por ter algo tão simples transformado em algo maior. Prestes a realizar o sonho de ir ao show da sua boyband favorita, nós somos apresentados ao Antônio, um personagem carismático, divertido, com quem é muito fácil de se identificar. Antônio é fã de uma banda cujo "estereótipo do fandom" compreende meninas de 14-17 anos, histéricas e fanáticas. 

Mesmo com certo receio de parecer deslocado entre aquele público tão específico, Antônio decide encarar a fila que irá pernoitar para conseguir o ingresso para o show de comeback da banda. Depois de um relacionamento tóxico e no auge dos seus 20 e poucos anos, ele conhece o Gustavo, um garoto da sua idade que estava naquela fila pelo mesmo motivo que ele: realizar o sonho de ir a um show do Triple J. 

"A gente passa a adolescência inteira enclausurado no armário e, quando finalmente consegue se assumir, quer viver tudo o que era impossível nos anos de escola." (Capítulo 2)

Desde esse primeiro instante, os dois criam uma ligação diferente do que se vê por aí. E mesmo parecendo pouco tempo - uma madrugada - para desenvolver um afeto real, a construção desse vínculo se dá de uma maneira muito leve, muito fofa. Acabamos indo no embalo. 

É divertido, é real, passa rapidinho e ainda nos deixa felizes. Sem falar na identificação - quem nunca sonhou com o show da sua boyband favorita? Com o comeback da girlband ou da cantora pop que marcou sua adolescência? É difícil não se ver na empolgação de Antônio e vibrar junto com ele, ainda mais quando essa jornada envolve uma paixão que compartilha de seus mesmos gostos. Mais um para a lista dos livros de nossos escritores atuais que eu amei ler. 

"As palavras que saem da minha boca não fazem muito sentido e por mais ridículo que isso seja, eu tenho certeza que estou bobo assim porque acabei de conhecer o primeiro cara que aparentemente tem a minha idade e também é fã de TJ. E por acaso é muito gato. E me pagou um lanche. E gosta de McFish, porque ninguém é perfeito." (Capítulo 3)



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