Autor(a): Bruna Guerreiro 
Editora: Independente (e disponível no Kindle Unlimited)
Nº de páginas: 472
Narração: 1ª pessoa 

Sinopse:

Um aniversário. Um nascimento. Uma morte. A vida de Ventura García Fontain será sacudida por três eventos no início de um ano que vai mudar tudo. Para sempre. Acompanhada de perto pela presença amiga de Antônio, cuja origem ela agora conhece e com quem ela firma laços cada vez mais fortes, lado a lado com o amor pacífico de Téo, mas nunca abandonada por sonhos e lembranças de Alexandre, Ventura se verá desafiada mais uma vez por um mistério, que, desta vez, envolve a invulgar família Fontain. Um perigoso jogo de pistas em terreno conhecido, encontrando memórias de infância, desviando de peças familiares que talvez ela não conheça tão bem quanto supunha. Em busca de velhas histórias, lendas e origens, Ventura conhece figuras misteriosas, faz amigos preciosos e vai mais longe do que parecia possível ir na pequena cidade de Fontain. Mas é de mãos dadas com seus maiores medos que Ventura descobrirá suas maiores coragens. E a mulher que um dia julgou que nunca poderia ser feliz, que suportou durante anos as dores e angústias de uma vida em purgatório, conhecerá finalmente o paraíso. Mas, se há um paraíso...é porque há um inferno.

A primeira coisa que eu poderia dizer sobre esse livro é que eu tenho certeza que a Bruna, a autora, queria me matar, porque eu simplesmente não acabava a leitura. Mas aqui estamos! E sim, eu demorei. Precisei ler aos pouquinhos, como se fosse uma diabética que todo dia ia escondida comer um pedacinho de chocolate para que não passasse mal. E eu poderia fazer essa analogia com o próprio livro. 
"Quis não me enternecer mais uma vez com aquele homem, quis não sorrir sozinha, quis ir embora dali, e nada disso. Fiquei ali, encostada no umbral da porta dele, vendo-o sem vê-lo, escutando suas perguntas, seus desejos cantados, suas mágoas, suas notas, sentindo a onda de força masculina que ele emite diretamente para mim, e ele nem sabia que eu estava ali." Capítulo 30
Depois de "Os livros de Ventura", "Uma fonte de Ventura" começa de uma forma diferente. Ventura está namorando, bem no trabalho, mas como sempre, aquela sombra dos sentimentos por Alexandre, o seu primo, que foi criado como irmão pela sua mãe, a ronda. Mas esse ano que começou diferente para ela, se mostra mais diferente ainda quando ela se vê envolvida por três eventos: um aniversário, um nascimento, uma morte. E a presença de Alexandre não é simplesmente uma presença mais, é de carne e osso, e ela precisa decidir esse amor tão intenso, e de uma forma ou outra, doloroso, merece ser enfrentado. E há sim um longo período de felicidade, prazer, mas o inferno chega, e ele queima, arde na pele. E me deixou com o queixo meio tremido, mesmo que eu já sentisse que as chamas estavam perto. Era uma jornada fadada desde o seu começo. 


Como eu disse, Ventura se esgueirou durante a noite, como uma diabética, fugindo de seu purgatório, abriu a geladeira, roubou barras e barras de chocolate, se deliciando com os pequenos momentos de prazer, até que seu corpo finalmente pedisse socorro. 
"Eu queria engarrafá-lo, queria metê-lo por minha veias, tomaria um porre de Alexandre ali mesmo" Capítulo 30
E lógico, a gente ver isso tudo e fala "não faz isso, garota. Faz mal" e mesmo assim ela continua comendo. Causa incômodo, porque a Bruna tá nos cutucando frequentemente, apertando a ferida com vontade, para estancar o sangue e depois larga e deixa-lo jorrar. 
Falar sobre incesto não é um assunto fácil, com certeza, mas acima de tudo, o que temos com essa jornada de Ventura que transpassa Brasil-França, é uma família aos pedaços, praticamente aos farelos. Ninguém tá realmente bem e feliz nesse ambiente. 
E eu, uma leitora que gosta de um amor fácil, daqueles que são calmos, que invadem o coração e nos fazem agir como bobos ao ver o sorriso do outro, sofri com esse amor difícil de lidar, principalmente quando o incômodo batia bem no centro do peito. Porque, sim, ele incômoda e às vezes você acaba confrontando de verdade os personagens e largando o livro por um tempo, porque se torna difícil lidar com eles. Como Bruna irá catar os caquinhos de tudo o que foi destruído durante esse livro, eu não faço a mínima ideia e também não me sinto preparada. É como Codplay disse, gente: "Ninguém disse que séria fácil".  

"— Te amo demais — repeti.
E demais é sempre um exagero. Demais é além do limite. Demais é mais do que eu devia." Capítulo 34
                    

                                                                              

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