Autor(a): Lygia Camelo Santiago 
Editora: Freya 
Nº de páginas: 280
Narração: 3ª Pessoa

Sinopse:

Uma coisa era certa para quem conhecesse a senhorita Eris Murray: se ela tivesse opção, não iria para muitas das festas para as quais era convidada, tampouco se casaria. Aos 21 anos de idade, conseguiu evitar o casamento, mas não os bailes. 
Harvey Prescott era um homem de negócios. Seria o par ideal para qualquer boa moça, desde que ela não fosse da nobreza e nem almejasse um marido de muitas posses. Advogado, procurava clientes na classe à qual não pertencia para pagar as próprias contas, que seriam muito menores se seu irmão mais novo não tivesse se envolvido com jogos. 
Eris sempre tinha um caderno à mão, mas seus resmungos sobre o cotidiano não traziam a si como personagem principal, mas as pessoas que faziam parte de seus dias. Seus problemas começaram quando um desses cadernos se perdeu em baile ao qual ela não gostaria de ter ido. Sabia que precisaria agir, e rápido, quando seus textos começaram a ser postados em um periódico sob uma assinatura qualquer! 
A sorte de Harvey mudara - ou pelo menos, melhora um pouco - ao encontrar no chão do salão de baile um caderno de anotações. Jamais teria compartilhado com o mundo as nuances da aristocracia que aqueles textos revelavam se não fosse a lucrativa sugestão do melhor amigo. 
Eris não mediria esforços para resgatar seu caderno, mas Harvey talvez não o entregasse por querer, não sem antes mostrar para a menina rica a vida que cretinos como ele levavam. A proximidade entre os dois se tornaria inevitável, e, para ele, inevitável também seria a paixão que nasceria entre os dois.
"— Você é uma mulher inteligente, não achei que teria que convencê-la de que pode fazer o que quiser. Se os homens não aceitam que escrevamos mais do que fofocas, este é um problema que terão que resolver, porque eu não pretendo parar de escrever o que me apetece." Capítulo 10
Se essa fosse a história da Cinderela, o caderno pequeninho de Eris seria o sapatinho de cristal e o advogado Harvey Prescott seria o principle. Na realidade, aqui temos caminhos inversos. Se essa fosse a história da Cinderela, a plebeia seria Harvey e o príncipe Eris, mas essa obviamente não é a história. E Eris não é um príncipe que ao casar com a plebeia não perde nada, ela é a filha do barão que perde tudo caso se apaixone por alguém que não seja "nobre" . 
Enfim, falando sobre a história em si. Eris, a filha do barão, perde seu caderno de anotações durante uma briga em um baile e este acaba sendo encontrado por Harvey Prescott que acaba publicando as anotações de Eris no jornal de seus amigos, James e Kathy. 
É muito claro que Eris fica pê da vida quando ver seu trabalho publicado sem que ela soubesse (aqui temos quase um plágio na era Vitoriana), então ela arma um belo de um plano para encontrar o dito cujo que está se utilizando de seu trabalho para ganhar dinheiro. O que ela não esperava era que esse "dito cujo" fosse um homem muito do bonito e que o primeiro contato que ela tivesse com ele o encontrasse desnudo de sua camisa (eu sei que ela adorou, na realidade). 
"O amor leva tempo, paciência, e às vezes até um pouco de boa vontade das partes para florescer. [...] Colocavam os dedos nos medos e feridas e, no final, nenhum dos dois tinha intenção de ferir, mas o faziam por não fazer outro modo de superarem suas diferenças" Capítulo 17
Então, uma mulher envolta em sua bolha, acaba a estourando e encontrando um mundo diferente dos grandes bailes e vestidos apertados. Ela conhece as pessoas que precisam trabalhar para sobreviver (pois é, né) e como eles podem ser ótimos amigos e claro, como podem ser apaixonantes também. 
Harvey e Eris são uma fofura, daqueles casais que a gente quer pegar no colo e dizer "vai ficar tudo bem, gente". Mas eles vivem em uma sociedade regada de preconceitos e uma nobre se apaixonar por um trabalhador parece um absurdo, como se as pessoas pudessem escolher por quem se apaixonam. Então, além da autora narrar essa história de amor, ela explícita o outro lado da história, daqueles que não são citados e invisibilizados na era Vitoriana. Se fossemos observar a nossa realidade atual, claramente poderíamos botar nesse lugar de invisibilidade as domésticas, os entregadores de aplicativo, motoristas particulares, etc, que tanto na mídia quanto na sociedade são muitas vezes escondidos. 
E quais seriam as consequências para este amor? Só vocês lendo para descobrir. Além de serem agraciados pelos ótimos textos de Eris. No fim, Os cadernos da filha do barão, deixaram meu coração quentinho e com um sorriso besta no rosto e com muito orgulho da Lygia, que é uma mulher cearense e que tá mostrando para todo mundo aí como nós podemos arrasar na literatura e em qualquer gênero. 
"— De tudo, Eris. Quando você gosta de alguém , você não separa suas melhores características daquelas que não são agradáveis. A sua teimosia, por exemplo, é uma qualidade quando você está lutando pelo o que quer, mas é terrível quando você bota na cabeça que algo não dará certo e começa a lutar para que, de fato, não dê." Capítulo 24

              

                                                                             

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