Fortaleza, 03/02.  
             Eu acordei cedo e pensar que essa semana será como as outras me frusta bastante. Eu, que adoro ir á aula, estou com muita raiva de todos lá. Tem os meus amigos, que estão distantes, e a vontade que eu tenho é de esticar o braço e trazer todos eles para perto de mim. Tem meu pai e minha mãe que estão nesse vai e vem de casamento, e acho que essa é a única razão de eu ter uma pontinha de vontade de ir para a escola. Eu sinto saudades de uns tempos atrás. Das minhas amizades antigas, e eu choro por isso. Eu não desejo nem um pouco ser essa que as pessoas pensam que eu deva ser, uma garota normal, que faz as mesmas coisas todos os dias; eu quero ser um pouco mais. Queria fazer coisas diferentes.
             Chegar na escola, olhar em volta e não ver nada demais só prova que estou sozinha nisso aqui. Que minhas opiniões, são só minhas e acabou. Não posso contar com meus pais, pois eles têm lá seus problemas. Não posso pensar em procurar meus amigos. Aliás, que amigos? Me apegar a este mero texto é o que me resta fazer. E eu tento procurar algo de bom na vida. E pensar que um dia tudo foi bom pra mim, e que eu podia dizer que a vida é algo mais que isso. Que eu pudesse dizer: Eu sou feliz. Eu não sou feliz, não mais. Eu não sorrio sem ter um motivo muito bom pra isso. Eu não sou simpática, não falo com as pessoas se elas não me chamarem. Tudo está tão parado. Nada me chama mais a atenção. 
             Só me resta uma coisa: Esperar ansiosamente o dia que eu vou poder me render. Pedir socorro, me render á vida. E quando isso acontecer, eu serei uma qualquer no meio de vários 'qualqueres' que estarão ali cumprindo seus papeis na sociedade e me forçando a fazer o mesmo. Serei uma daquelas adultas que não questionam nada, que não fazem nada além de acordar cedo, ir ao trabalho, almoçar, voltar do trabalho, assistir alguma novela que com certeza não narra fatos reais enquanto janto sozinha, e depois dormir. Todos os dias a mesma coisa, por que nessa altura, eu já teria desistido da vida. 
             E essa parte de 'jantar sozinha', já estou acostumada. Antes, eu tinha até uns amigos para me acompanhar. Por uns cinco meses, até um namorado. Só que eu mudei, e fiz pessoas á minha volta mudarem também. E acho que por isso elas foram embora. No momento, estou sentada na calçada do meu colégio fechado. Já são oito horas e cinquenta minutos. Espero pela minha mãe, que com seus problemas, mais uma vez esqueceu de buscar sua filha-que-pouco-importa-se-está-sozinha-ou-não-no-colégio. Bom, melhor eu ir ver se ainda consigo pegar um ônibus e chegar antes de nove e meia em casa. 
Com amor, Antonieta.

Nota: Olá, pessoas. Como vão? Tudo bem? Espero que sim. Este foi mais um diário anônimo, que eu confesso que gostei muito, apesar de ter sido bastante simples.Vocês ainda podem mandar seus diários para o email mydreamsstayhere1@gmail.com. E, por favor, mandem! 

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