"Eu até posso entender a farsa. Às vezes, temos que nos esconder do que os outros veem para ser aquilo que sabemos que somos." (Capítulo 24)

Já estou a caminho do portal espelhado para, então, retornar a Edla, prestes a encontrar a Isabelle para fazermos o relatório final das nossas aventuras e finalmente entregá-lo à anciã. Estou exausta. Mas o balançar estável da carruagem guiada por um dos cavaleiros do Rei Arthur me permite escrever o meu, por ora, último relato.

A farsa de Guinevere

Autora: Kiersten White
Editora: Plataforma 21
Ano de publicação: 2019
Número de páginas: 384
Narração: 3ª pessoa
Título original: The Guinevere Deception

Sinopse: GUINEVERE CHEGOU A CAMELOT para casar-se com um desconhecido: o carismático Rei Arthur. Foi Merlin, o velho feiticeiro, que enviou a princesa para desposar e proteger o monarca dos perigos que assombram as fronteiras da cidade e daqueles que esperam pela queda da idílica Camelot.
No entanto, há um detalhe essencial nesta trama. O nome e a identidade verdadeira de Guinevere são um segredo. Houve uma troca, e ela é apenas uma jovem que desistiu de tudo para proteger o reino.
Para manter o rei a salvo, Guinevere precisará transitar entre uma ultrapassada e uma nova corte. Entre aqueles avessos às mudanças e aqueles que anseiam por uma maneira melhor de se viver. Ela também sabe que, no coração das florestas e na profundeza dos lagos, a magia aguarda pelo momento de reclamar aquelas terras lendárias.
Combates mortais, cavaleiros misteriosos e romances proibidos não são nada comparados ao maior perigo de todos: a garota de longos cabelos negros que cavalga pela escuridão da floresta em diração a Arthur. Afinal, quando toda a sua existência é uma mentira, como sequer confiar em si mesma?

Camelot me surpreendeu desde o primeiro instante. É claro, atende a todas as demandas de uma civilização medieval, com todas aquelas hierarquias entre cavaleiros, povo e Rei. Mas não deixa de ser honrada a devoção daquele povo ao virtuoso Rei Arthur, tão jovem, e que precisa ser tão forte para carregar toda a nação em suas costas.
No entanto, o que mais me surpreendeu nesta aventura foi que mesmo o querido Rei contendo todas as virtudes possíveis, a minha missão estava voltada para Guinevere e a força feminina. E pensem só como foi uma surpresa querida, que me fez amar de verdade tudo o que vivi. 
Não obstante envolta de segredos e dúvidas acerca do seu passado, tantas mentiras que iam de Merlin até ela, Guinevere é uma das mais fortes bruxas com que já me deparei - a anciã ficaria animada em conhecê-la. E não é a magia que a torna assim tão forte, mas sim o seu lado humano. A sua busca por ser justa. A forma como ela abraça o seu destino e o cargo de rainha, mesmo sem ter nascido para ser. Um destino que fora escolhido para ela, mas que é perfeito para a própria escolha que tomou (e mais de uma vez): largar tudo pelo Rei. Fazer de tudo para proteger Arthur e sua, agora estimada, Camelot.

"Lute como uma rainha, não como uma bruxa. E não se esqueça: aconteça o que acontecer, a escolha foi sua." (Capítulo 23)

Ainda que escondida, pude ver de perto a sensibilidade de Guinevere, que a faz ser tão mágica - ainda mais do que a própria magia. Sem falar na aliança de mulheres que a protegeu e salvou tantas vezes durante esta aventura. Aquelas que estavam subjugadas aos quereres dos homens, na verdade, eram a força que os mantinham. E quando estiveram diante da principal batalha, foram elas que salvaram a si mesmas. Não foi fácil, mas provaram-se ainda mais fortes.

"- A meu ver - disse a mulher, sentando-se e soltando um resmungo de cansaço -, odiar e querer destruir tudo aquilo que não se pode possuir é coisa de homens." (Capítulo 18)

A magia aqui, contudo, é algo para se temer e controlar. É preciso ser o maior dos sábios para saber usá-la - não porque necessita de grandes poderes, mas porque exige imensa responsabilidade. 

Mais difícil do que chegar a Camelot, está sendo sair de lá. Queria continuar ao lado de Guinevere e Arthur, descobrir mais sobre o passado de nossa heroína e saber se o Rei consegue alcançar os limites do merecimento de toda a honra e respeito que recebe.

"Arthur é como o Sol. Quando está concentrado em você, tudo é claro e quente. Tudo é possível. Mas o problema de conhecer o calor do Sol é o quanto se sente sua ausência quando ele brilha em outro lugar. E um rei sempre precisa ir brilhar em outro lugar." (Capítulo 21)

Há muito mais por vir. É tudo tão incerto - visto que Merlin é um louco que mal consegue formar uma frase completa que se faça entender -, ao mesmo tempo que é tão empolgante. Crio expectativas para voltar a Camelot, agora que já consigo avistar a entrada para o nosso portal. Espero que todos se sintam convidados a conhecer esta terra e permitam-se serem surpreendidos, como eu fui. 





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