"Durante o Caraval há sempre uma pitada de realidade misturada a tudo." (Capítulo 41)

Caraval

Autora: Stephanie Garber
Editora: Novo Conceito
Ano de publicação: 2017
Número de páginas: 400
Narração: 3ª pessoa
Sinopse: Tudo o que você já ouviu sobre Caraval, não se aproxima da realidade. É mais do que um jogo ou uma performance. É o mais perto que você chegará da magia neste mundo... Scarlett nunca saiu da pequena ilha onde ela e sua imrã, Donatella, vivem com seu cruel e poderoso pai, o Governador Dragna. Desde criança, Scarlett sonha em conhecer o Mestre Lenda do Caraval, e por isso chegou a escrever cartas a ele, mas nunca obtivera resposta. Agora, já crescida e temerosa do pai, ela está de casamento marcado com um misterioso conde, e certamente não terá mais chance de encontrar Lenda e sua trupe, mas isso não a impede de escrever uma carta de despedida a ele. Dessa vez, o convite para participar do Caraval finalmente chega à Scarlett. No entanto, aceitá-los está fora de cogitação, Scarlett não pretende desobedecer ao pai. Sendo assim, Donatella, com a ajuda de um misterioso marinheiro, sequestra e leva Scarlett para o espetáculo. Mas, assim que chegam, Donatella desaparece, e Scarlett precisa encontrá-la o mais rápido possível. O Caraval é um jogo elaborado, que precisa de toda a astúcia dos participantes. Será que Scarlett saberá jogar? Ela tem apenas cinco dias para encontrar sua irmã e vencer esta jornada."

A essa altura, já nem sei por onde começar a relatar tudo o que vivi na Ilha de los Sueños, disfarçada de atriz do Caraval. Antes de partir de vez deste mundo para a minha próxima aventura, preciso fazer um último relato sobre o que passei - ou ao menos tentar.
Quando conheci as irmãs Dragna, eu definitivamente não sabia o que estava por vir. Por mais que imaginasse, que os meus anos de experiência e que os conselhos da anciã me dessem qualquer tipo de base para me preparar, eu realmente não estava pronta.
Chegar em Caraval foi um misto de sensações - tudo o que somente a magia pode nos proporcionar. Todas as cores, o ar mágico que pairava sobre cada uma das pessoas... Pude notar todas as emoções de Scarlett ficarem ainda mais afloradas - quando sentia medo, era um medo que a levava ao limite; quando sentia paixão, parecia ser tão avassaladora que o seu próprio corpo não seria capaz de suportar. Confesso que, tendo magia ou não, acho que esse é o efeito que Julian, o marinheiro misterioso, teria sobre mim também. 
"Às vezes ele a fitava como se quisesse ser a sua ruína, mas agora era como se quisesse que ela o arruinasse." (Capítulo 17)

Todas as provações pelas quais vi Scarlett passar para encontrar sua irmã - que era o objetivo principal do jogo - me fizeram ver como grande parte dos nossos afetos exigem um salto de fé. Você dificilmente terá grandes certezas em mãos. O jogo de Lenda nos faz encarar nossos segredos mais profundos. E mesmo que a todo instante os outros nos digam que se trata de um jogo, é difícil não enxergar a realidade em seus quase imperceptíveis momentos.

No início da nossa jornada, no lugar de Scarlett, eu não confiaria em ninguém. Mas com o passar dos testes - e essa é uma dica para você que pretende encarar este jogo -, pude perceber que ela poderia, sim, confiar em algumas pessoas, mesmo que pouco. O mais importante, na verdade, era que ela confiasse cegamente em si mesma. 

"Lembrou-se de pensar que se apaixonar por ele seria como se apaixonar pela escuridão, mas agora imaginava que ele era mais como uma noite estrelada: as constelações estavam sempre ali, constantes, guias magníficos no negrume onipresente." (Capítulo 28)


Diante das pistas e do instinto aguçado de Scarlett, me vi à frente de uma das melhores aventuras, uma das que será mais difícil deixar para trás para encarar uma nova. Criei afeição por ela, pela sua sinestesia - a sua forma de ver cor nas emoções - e sua lealdada à Tella. Quis abraçá-la quando se sentiu totalmente perdida, mas não podia desfazer meu disfarce de atriz do Caraval. Então a observei o máximo que pude. E, observando-a, acompanhando seus passos e suas resoluções diante do jogo, constatei que, às vezes, a magia pode estar entre nós sem nos darmos conta. Parte fundamental da existência dela é acreditarmos que ela, de fato, existe.

Se me perguntassem, eu não saberia dizer onde o faz de conta e a realidade se separam em Caraval. Mas, se me perguntassem, eu não me importaria de voltar ao jogo para tentar descobrir.

Ah, e antes de partir, se eu puder te dar outra dica, quando se deparar com um sol com uma estrela no interior e uma lágrima dentro da estrela, esteja preparado e não se esqueça: é apenas um jogo.

"O Caraval havia restaurado sua fé na magia." (Capítulo 38)


 


 

Deixe um comentário