Talvez, com pouquíssima sombra de dúvida, você que vive e respira na internet já ouviu falar no excelentíssimo canal do YouTube JoutJout Prazer. A dona do canal, Júlia, é uma mulher fantástica que eu conheci através de uma amiga e tem me inspirado bastante em diversos assuntos devido ao seu jeito de pensar e principalmente a forma com que ela expõe sua opinião. Por motivo de querer, JoutJout nunca mostrou o rosto do seu namorado, Caio, de quem sempre ouvíamos a voz no fundo dos vídeos. Acontece que em um vídeo anterior, Caio apareceu de alguma forma e começara uma discussão - que eu achei bem desnecessária - sobre a cor da pele de Caio. Algumas pessoas apontando-o como negro, outras defendendo-o por não ser negro, mas, sim, pardo; outras exalando o preconceito, dizendo até que JoutJout não mostrava-o em vídeo por ele ser negro. E eis a sua resposta:



A discussão que aconteceu após o vídeo fora o que me deixou ainda mais espantada. Eu me fiz a mesma pergunta que ele: o que determina o fato dele ser negro ou não? Quer dizer, a vida inteira eu me considerei parda. Nasci branca, mas com o tempo, com a exposição ao sol, ganhei cor, e me considerava parda tal qual Caio. Mas e se alguém achar que sou negra por algum motivo? E se eu nem mesma me considerar mais de cor alguma? 
Foi então que eu descobri o porquê de ter ocorrido tal discussão; mesmo que já estejamos no décimo sexto ano do século XXI, o Brasil ainda é um país racista. O que ainda é assustador porque se você sai na rua, obviamente você não vai encontrar uma maioria de brancos, negros, ruivos, albinos ou qualquer tipo. Você vai encontrar uma mistura de raças, de cores, de jeitos. Canso de repetir que somos um povo miscigenado e por incrível que pareça ainda somos muito racistas. E sabe qual é o problema maior? O colorismo brasileiro. O problema não é ele ser negro, pardo, whatever. O problema é querer rotulá-lo como alguma coisa. Mas quem se importa?


Hoje em dia, as pessoas confundem liberdade de expressão com libertinagem, assim como sinceridade é confundida com falta de educação. Você não precisa ir muito longe para entender: em qualquer blog de moda, procure por uma postagem mostrando uma roupa ou um acessório para corpo, muito provavelmente haverá um comentário do tipo: "linda a sua bolsa, mas se você emagrecesse um pouco, ficaria ainda mais linda". Opa? Desculpa? Entende o que quero dizer? A blogueira está vendendo o produto, não o seu corpo. Outro exemplo que pode ser utilizado são os comentários mais absurdos que existem nas fotos das mulheres que assumem seus cachos, black power, cabelão solto e com atitude. Coisas do tipo: "você é bonita, mas penteia esse cabelo".



O mundo precisa entender de vez que algumas pessoas, graças a Deus, já possuem identidade própria e não ligam pro que os outros acham. Algumas pessoas já amam seus próprios corpos sem precisar da aprovação de ninguém; usam seus cabelos da forma que querem, as roupas que quiserem usar, independente do que a mídia e os meios de informação dizem ser o mais bonito, o ideal.
Por fim, voltando ao foco do vídeo, que diferença faz ele ser negro ou não? Que diferença faz rotular qualquer pessoa de qualquer coisa? De uma forma arrogante, eu diria que a diferença é que o olhar muda. A pessoa racista, incapaz de entender que cor não define caráter, pensa que todo negro é ladrão e todo branco é mocinho; acha que negro só quer vagabundagem e branco foi feito pra estudar, ser bem sucedido. Essa é a verdade, querendo ou não, na forma bruta mesmo.
Sinceramente, do fundo do meu coração, eu ingenuamente achava que as pessoas já tinham superado essa coisa de encaixar todo mundo em um padrão. A evolução faz parte de todos nós, e a padronização não se encaixa nela.



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